São-paulino sonha em dar gol ao filho e se tornar “Rei do Mineirão”

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Gazeta Esportiva – Tossiro Neto

Reinaldo e Mineirão são nomes que combinam muito bem. Nas décadas de 1970 e 1980, José Reinaldo de Lima ganhou o apelido de Rei do estádio belo-horizontino ao balançar a rede mais de 150 vezes, a maioria delas pelo Atlético-MG. Reinaldo Manoel da Silva, atual lateral esquerdo do São Paulo, está longe de ser um artilheiro, mas até hoje é lembrado pelo único gol que marcou por lá, em 2013. O único até aqui.

Às 19h30 (de Brasília) desta quarta-feira, ele volta ao principal palco do futebol mineiro para decidir contra o Cruzeiro a classificação para as quartas de final da Copa Libertadores. Por ter vencido o jogo de ida por 1 a 0, no Morumbi, o São Paulo pode até empatar. O discurso do elenco, porém, é de ir em busca de mais gols. E Reinaldo, de volta ao time titular sob comando do técnico Milton Cruz, candidata-se a ser um dos responsáveis.

“Quando coloca a cabeça no travesseiro, a gente fica pensando no que vai fazer, no que não pode dar errado, no que tem que dar certo. Fica pensando em fazer gol, em dar a vitória ao time. Sonho sempre em fazer gol. Vou dar meu melhor nesta partida também para que eu consiga fazer e para que a gente saia com a classificação”, diz o jogador de 25 anos, que, até por ter poucos gols na carreira – com a camisa do São Paulo, foram apenas três –, não tem uma comemoração padrão. O outro Reinaldo, que foi o maior artilheiro do Mineirão, levantava o braço, com o punho cerrado, em gesto simbólico contra a ditadura política.

A comemoração para um eventual gol nesta quarta-feira já está planejada, entretanto. Depois de ter anunciado a gravidez da esposa colocando a bola embaixo do uniforme, quando marcou contra o Penapolense, em fevereiro, ele espera homenagear o filho Davi, já nascido, há pouco mais de uma semana. “Vou fazer um balancinho”, conta o são-paulino, lembrando a famosa comemoração de Bebeto, na Copa do Mundo de 1994, quando simulou ninar um bebê na beira do campo. “Estou muito ansioso para fazer esse gol. Se fizer, vai ser dessa maneira”.

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Djalma Vassão/Gazeta Press

Reinaldo contou com apoio de Wesley pelo lado esquerdo e fez boa partida na vitória por 1 a 0, no Morumbi

Se fizer mesmo, Reinaldo poderá emprestar o apelido do xará e ídolo atleticano. Ao menos pela importância dos gols. Há dois anos, ele definiu a vitória por 2 a 0 sobre o então líder Cruzeiro (que mais tarde seria campeão), em um momento muito delicado para o São Paulo, que lutava contra o rebaixamento à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. “Não sei se vão me chamar de Rei do Mineirão também, mas vão poder falar que minha estrela brilha lá. Depois daquele meu gol de cabeça, embalamos e conseguimos sair daquela fase ruim”, lembra.Metade do apelido, pelo menos, já está garantida. No dia a dia, o lateral tem seu nome encurtado pelos companheiros durante os treinamentos no CT da Barra Funda. “No Sport, alguns já me chamavam de Rei, não todos. Mas, aqui no São Paulo, sempre me chamam assim. É um jeito carinhoso, a abreviação do meu nome. Mostra que nosso ambiente é muito bom”, conta. Para completar, falta agora comprovar que se dá bem, de fato, no Mineirão.

Gazeta Esportiva: Como tem sido a experiência de se tornar pai?
Reinaldo: Uma experiência muito boa, divina. Venho curtindo ele, juntamente com essa boa fase que a gente está passando no São Paulo. Daqui para frente, só coisas boas.

Mudou muito sua rotina?
Um pouco. Mas mais a da minha esposa, porque ele só mama e dorme. Está sendo tranquilo para mim. Para ela, está muito puxado, porque ele acorda de três em três horas para mamar. Afora isso, ele é bem calminho, não chora muito. Só quando está com fome.

Reprodução/Instagram

Se fizer novo gol no estádio belo-horizontino, lateral são-paulino homenageará o filho recém-nascido

E quanto ao jogo? Acredita que será mais difícil do que foi no Morumbi?
Com certeza, vai ser mais difícil. Estamos cientes da pressão que será, mas estaremos ligados. Temos que ficar ligados não só no começo, quando eles virão para cima. Tem que ser do começo até o fim. Estamos marcando bem e chegando na frente. Tenho certeza de que Ganso, Pato, Luis Fabiano, Michel Bastos vão conseguir fazer os gols.No primeiro jogo, o Milton Cruz colocou o Wesley pelo lado esquerdo para dificultar o trabalho do Mayke. O quanto essa decisão te ajudou?
A gente sabia que o lado do direito do Cruzeiro é forte. Sem o Michel Bastos (que estava com dengue e foi desfalque), o Milton optou por mudar o Centurión de lado e botar o Wesley na esquerda. Conseguimos marcar bem o lado direito do Cruzeiro e fazer várias jogadas.

O Mayke é um jogador difícil de marcar?
O Mayke é um jogador rápido. Não só ele, o Marquinhos também joga por aquele setor e é rápido. Temos que tomar bastante cuidado. Se dermos brecha, eles vão fazer as jogadas por ali, vão cruzar para o Leandro Damião, que cabeceia muito bem. Conseguimos fazer isso no Morumbi. Espero repetir essa dobradinha com o Wesley, trocando de posição, para não tomar bola nas costas.

Você vai ter liberdade para atacar como no Morumbi? O que o Milton Cruz te fala?
Ele fala para tomar cuidado na marcação, porque temos jogadores de qualidade na frente. Mas que, se tivermos brecha, podemos apoiar, dar opção. É automático, o time está bem entrosado. Quando o Bruno vai (ao ataque), eu fico. Quando vou, o Bruno fica. Isso é muito importante.

Dá para vencer de novo?
O jeito é ter humildade, ir com os pés no chão, respeitando o Cruzeiro, que tem uma equipe muito forte. Mas o São Paulo também é um grande clube, tem uma grande camisa e uma grande história. Temos condições de chegar lá e sair com a classificação.