UOL
Guilherme Palenzuela e Pedro Lopes
A diretoria do São Paulo reconhece a dívida com o Orlando City pelo contrato de empréstimo de Kaká, avaliada em R$ 1,7 milhão e que, segundo o próprio clube do Morumbi, chega a valor próximo de R$ 3 milhões após correção. O São Paulo, no entanto, questiona a multa de R$ 12,1 citada pelo clube norte-americano em ação publicada na quarta-feira (22) na Justiça e vê valor máximo de R$ 3 milhões, num total de R$ 6 milhões somado à dívida. Personagem do caso até aqui, Paulo Henrique Ganso tem apenas até segunda-feira (27) para se transferir. Depois disso, será impossível.
A ação do Orlando City cobra do São Paulo o pagamento de R$ 1,7 milhão pela diferença média de renda de bilheteria no Morumbi entre os períodos pós-Kaká e pré-Kaká, valor acordado em contrato a ser repassado do clube brasileiro ao clube norte-americano. O Orlando anexou ao processo uma troca de e-mails entre seu CEO, Alexandre Leitão, e a diretoria são-paulina na qual o valor é aceito, mas alega não ter recebido os boletins oficiais de arrecadação de cada jogo.
No contrato de empréstimo de Kaká, assinado pela diretoria do São Paulo em julho de 2014, está escrito que o clube paulista tem de realizar prestação de contas sobre a renda de bilheteria e fazer o pagamento da diferença em janeiro de 2015. A prestação foi feita em fevereiro de 2015. O contrato também diz que a ausência da prestação de contas com “documentos idôneos” acarreta multa de US$ 10 mil por dia a partir da data inicial do contrato. No cálculo do Orlando, a multa hoje seria de R$ 12,1 milhões.
O São Paulo admite que o pagamento de R$ 1,7 milhão não foi feito. Entende que hoje, corrigido, o valor chega a R$ 3 milhões. Entende também, porém, que no Código Civil brasileiro há uma regra que impede que o valor da multa de um contrato seja maior que o valor do próprio contrato. Por isso, o São Paulo avalia que, uma vez que o valor corrigido a ser pago é R$ 3 milhões, a multa – se validada pela Justiça – é de no máximo R$ 3 milhões. Para o clube paulista, então, o valor máximo que o Orlando City pode conseguir com o processo é R$ 6 milhões.
Por isso o São Paulo não aceitou a proposta do Orlando City por Ganso. Como publicado pelo UOL Esporte na terça-feira (21), o clube norte-americano fez uma oferta de R$ 19 milhões pelo meio-campista composta por R$ 5 milhões em dinheiro e o perdão da dívida alegada em R$ 13,9 milhões – composta por R$ 1,7 milhão em dívida e R$ 12,1 milhões em multa.
E o São Paulo ainda contesta a multa. O clube usa a troca de e-mails com o CEO do Orlando City, Alexandre Leitão, como prova de que houve acordo por um valor e que apenas o pagamento, e não a prestação de contas, está atrasado.
Não está descartado o negócio envolvendo Paulo Henrique Ganso para sanar o débito, apesar de o São Paulo ter recusado a primeira oferta. Há, porém, um problema de falta de tempo para que a transferência se concretize. Segundo quem participa da negociação, o Orlando City tem apenas até segunda-feira (27) para inscrever jogadores para a disputa da Major League Soccer (MLS), a liga nacional dos Estados Unidos. É improvável que entre esta quinta-feira (23) e segunda-feira (27) os clubes cheguem a um acordo em meio ao processo judicial.
Como publicou o Blog do Perrone nesta quarta-feira (22), o contrato oferecido a Ganso quase triplica os salários recebidos no São Paulo e é acima dos padrões do futebol brasileiro. O jogador por enquanto não pressiona a diretoria, mas tem interesse em se transferir ao Orlando City.