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Yan Resende
Já no final da carreira, atacante supera desconfiança dos torcedores do São Paulo, despede-se com gol e é ovacionado pelo Morumbi lotado na conquista da Libertadores.
Luizão tinha uma carreira consagrada, mas deixou o gramado chorando como se fosse o primeiro título conquistado. O São Paulo já vencia o Atlético-PR por 3 a 0, o tricampeonato da Libertadores estava garantido. Ao acenar para as arquibancadas, foi ovacionado por quem estava no Morumbi.
– A primeira coisa que vem na minha cabeça é o Morumbi lotado, eu fazendo o gol, saindo chorando e o time inteiro vindo abraçar… Aquela torcida louca, né? – recorda o atacante.
Era 14 de julho de 2005, exatamente dez anos atrás. Após o empate em 1 a 1 no primeiro jogo, o Tricolor não tomou conhecimento do adversário diante de sua torcida. Amoroso e Fabão haviam deixado o São Paulo em vantagem, mas Luizão queria deixar sua marca.
O técnico Paulo Autuori pensava em mexer na equipe, mas ouviu do jogador o pedido para permanecer por mais alguns minutos em campo. Aos 25 da segunda etapa, o atacante mostrou o oportunismo de praxe para completar o cruzamento de Amoroso e colocar nas redes.
– Você pode ver que antes de sair, eu pedi ao Paulo para ficar mais um pouco. Eu fico em campo e faço o gol. Aí você sente o carinho do time, todos vêm me abraçar, foi emocionante.
Luizão não segurou as lágrimas na comemoração. Já acertado com o japonês Nagoya Grampus, o atleta realizava sua última partida com o São Paulo. Talvez por isso tenha vivido o dia mais emocionante da carreira.
Questionado pelo repórter Abel Neto na saída de campo, afirmou que aquele era o título mais importante de sua vida. Dez anos depois, explica melhor o que passou em sua cabeça.
– Me expressei mal na hora. Na verdade, foi o título mais emocionante. Não tem como ser mais importante do que ser campeão do mundo com a seleção brasileira (na Copa de 2002). Foi um título muito emocionante – esclarece o atleta.
Luizão ficou pouco tempo no São Paulo, mas o suficiente para conquistar o carinho da torcida. O cenário, aliás, era desfavorável. Com 29 anos na ocasião, o atacante tinha boas passagens pelos rivais Palmeiras e Corinthians.
– Na minha idade, chegar por lá já quase no final de carreira, e em tão pouco tempo conquistar a torcida, é difícil, né? – relembra com carinho.
– O que mais fica na cabeça é justamente o carinho com a torcida. Passei seis meses por lá que pareceram dois ou três anos – destaca o atacante.
Na vitoriosa campanha, o São Paulo foi comandado por Emerson Leão nos quatro primeiros jogos. O técnico, porém, recebeu uma proposta do futebol japonês. Milton Cruz foi interino na quinta partida, até que Paulo Autuori assumiu e arrancou para o título.
– Cada um tem a sua parte de ajuda na conquista. O Leão deixou a gente, o Paulo completou, e a gente conseguiu o título – resume Luizão, sem comparar o trabalho dos dois treinadores depois de dez anos.
Questionado sobre o diferencial daquela equipe, o atacante não tem dúvidas: a experiência de um time formado por Rogério Ceni, Lugano e Amoroso, além da união de um grupo ciente do feito que era encaminhado.
– O diferencial foi a experiência que os jogadores tinham e a amizade daquele grupo. Nunca houve uma briga durante o tempo que fiquei lá, nada disso. Aquele grupo era muito unido.
CONFIRA A FICHA DA FINALÍSSIMA DA LIBERTADORES-2015:
SÃO PAULO 4×0 ATLÉTICO-PR
Morumbi (São Paulo), 14 de julho de 2005
SÃO PAULO – Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Alex; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior (Fábio Santos, 40’/2ºT); Amoroso (Diego Tardelli, 33’/2T) e Luizão (Souza, 27’/2T). Técnico: Paulo Autuori
ATLÉTICO-PR – Diego; Jancarlos, Danilo, Durval e Marcão (Rodrigo, 15’/2T); Cocito, André Rocha (Alan Bahia, 37’/2T), Fabrício e Evandro; Lima (Fernandinho, 15’/2T) e Aloísio. Técnico: Antônio Lopes
GOLS – Amoroso 16’/1T, Fabão 7’/2T, Luizão 25’/2T e Diego Tardelli 45’/2T
CARTÕES AMARELOS – Lugano, Fabão e Danilo; Evandro, Cocito e André Rocha
JUIZ – Horacio Elizondo (Argentina)
PÚBLICO/RENDA – 71.986 pagantes/R$ 3.026.395,00
*Colaborou sob supervisão de Mateus Benato
Se não fosse o Leão, o Luizão teria ficado mais tempo
Lembro dos seus gols decisivos, deixou saudade, goleador e não ficava em impedimento.
Obrigado pelo ano de 2005 Luizão, até hoje eu assisto no youtube essa conquista.