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Guilherme Palenzuela
Durante 53 horas, entre terça-feira (11) e quinta-feira (13) desta semana, o São Paulo viveu publicamente sob a possibilidade de contratar o meia chileno Jorge Valdivia, cujo contrato com o rival Palmeiras se encerra na próxima segunda-feira (17). A hipótese afetou o clube do Morumbi de diferentes formas: começou como segredo até para a diretoria, causou furor entre o elenco e terminou com rejeição e pressão de dirigentes e conselheiros.
O São Paulo anunciou no fim da tarde de quinta-feira a desistência do negócio. Valdivia não pisou no Morumbi, mas causou imensa agitação do momento em que a possibilidade foi levantada até o anúncio do fracasso nas tratativas.
Terça-feira (11/8), às 15h:
O elenco do São Paulo deixa o CT da Barra Funda após treino pela manhã em direção ao Aeroporto de Congonhas para embarcar para Florianópolis, onde jogaria contra o Figueirense pelo Brasileirão. Duas horas antes, às 13h, o programa Donos da Bola, da TV Band, levantou a possibilidade da contratação de Valdivia ao afirmar que o chileno conversava com o clube do Morumbi. Os jogadores se agitam e passam a questionar membros do clube para buscar informações se, de fato, a negociação estava acontecendo.
Terça-feira (11/8), às 19h:
Enquanto o elenco já está em Florianópolis, membros da diretoria – à exceção do presidente Carlos Miguel Aidar e do vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, questionam a possibilidade e iniciam movimento de rejeição. Até então, a grande maioria da diretoria tratava a hipótese como boato e não conseguia contato com Gil Guerreiro – em Foz do Iguaçú, para compromissos pessoais, e com Aidar.
A história de Valdivia no Palmeiras em imagens12 fotos
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Explosão e provocações aos rivaisEm 2008, Valdivia caiu de vez nas graças da torcida do Palmeiras. Além do bom futebol, o meia ganhou notoriedade por provocar os rivais: contra o Corinthians, no Paulista de 2008, criou o “chororô”, imitando choro para tirar sarro do alvinegro. Diego Padgurschi /Folhapress
Quarta-feira (12/8), à 0h:
Membros da diretoria mais próximos a Aidar tomam conhecimento da negociação com Valdivia e de duas reuniões de Ataíde Gil Guerreiro com o jogador. Ainda sem contato com Aidar e Gil Guerreiro, que tentam manter o segredo, outros dirigentes iniciam intenso movimento boca a boca no Morumbi para mostrar rejeição à ideia pela identificação do jogador com o rival Palmeiras e até por episódios polêmicos envolvendo o meia e o goleiro são-paulino Rogério Ceni.
Quarta-feira (12/8) às 15h:
Enquanto o Al Wahda, que há um mês anunciara a contratação de Valdivia, afirma que o meia tem de se apresentar nos Emirados Árabes no dia 19, o São Paulo estipula salário de R$ 350 mil mensais para o chileno em caso de acordo. Entre o elenco, em Florianólis, horas antes do jogo, a conversa é franca. O tema já é tratado como possibilidade real e os dois ex-palmeirenses do grupo, Alan Kardec e Wesley, dão referências positivas sobre o trabalho com Valdivia – o que causou até surpresa de alguns. Segundo quem esteve com o grupo, nenhum jogador se opôs publicamente à contratação do chileno – nem Rogério Ceni.
Quinta-feira (13/8) às 10h:
Depois de Juan Carlos Osorio falar abertamente pela primeira vez sobre a possível chegada de Valdivia, a pressão de membros da diretoria aumenta. Muitos enviam mensagens a Carlos Miguel Aidar e demonstram total oposição à ideia. Ao mesmo tempo, o São Paulo passa analisar o documento assinado entre Valdivia e o Al Wahda para saber se de fato há possibilidade de romper o acordo e contratar o meio-campista sem indenizar financeiramente o clube árabe – o São Paulo percebe se tratar de um pré-contrato e vê pouca chance.
Quinta-feira (13/8), às 15h:
Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar dão por encerrada a negociação com Valdivia e articulam o método de anúncio, que aconteceria cerca duas horas mais tarde. Sem enxergar alternativas de romper o acordo do jogador com o Al Wahda e muito pressionado internamente no clube, o presidente não leva a tentativa adiante.
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