GloboEsporte.com
Marcelo Hazan e Marcelo Prado
Colombiano toma decisões corajosas, como vetar volta de Lugano e pedir contratação de Valdivia, e conquista diretoria e torcida com resultados em campo.
Juan Carlos Osorio estreou pelo São Paulo com uma vitória por 2 a 0 sobre o Grêmio, numa noite de sábado, 6 de junho, no Morumbi. E neste sábado, no mesmo horário e no mesmo estádio, o colombiano tem a chance de levar o Tricolor à terceira colocação no Brasileiro nesta última rodada do primeiro turno, contra o Goiás.
(Foto: Marcos Ribolli)
Aos poucos, os resultados vão mostrando que a diretoria acertou em apostar no gringo. Mas é fora de campo que o treinador tem chamado a atenção da torcida. Esqueça a história das canetas e dos bilhetinhos para os jogadores. Osorio já provou, em pouco mais de três meses, que não é um técnico “folclórico”. O colombiano é corajoso. “Cascudo”.
As duas últimas atitudes de grande repercussão mostram isso muito bem. Contrariando todas as expectativas, Osorio vetou a volta do uruguaio Diego Lugano ao Morumbi – ídolo da torcida, o zagueiro acabou fechando com o Cerro Porteño, do Paraguai, e se disse impressionado com a postura do colombiano.
Não contente em barrar o retorno do queridinho da torcida, Osorio resolveu pedir a contratação do ídolo de um dos maiores rivais: Valdivia, do Palmeiras. O assunto caiu como uma bomba no noticiário durante a semana. E o que poderia ser tabu para qualquer treinador brasileiro, o colombiano tirou de letra e comentou numa boa, sem se demonstrar incomodado.
Abaixo, o GloboEsporte.com lista algumas das atitudes de Osorio que têm surpreendido até quem trabalha no clube:
rodízio
Desde o dia em que foi apresentado, Osorio deixou claro que isso aconteceria no Tricolor. Alguns jogadores não gostaram. Exemplos: Michel Bastos reclamou quando foi substituído contra o Fluminense; Paulo Henrique Ganso não cumprimentou o técnico ao ser sacado no jogo diante do Coritiba.
Mas o tempo mostrou que, mudando as peças, o São Paulo se tornou um time mais forte fisicamente, já que os atletas estão sempre descansados. Basta ver que, diante do Figueirense, foram seis alterações em relação ao time que havia feito um grande jogo diante do Corinthians e, mesmo assim, a equipe foi consistente e venceu com tranquilidade.
nada de interferência da diretoria
No dia seguinte ao jogo contra o Coritiba, quando Paulo Henrique Ganso foi substituído e reclamou, o vice-presidente de futebol do clube, Ataíde Gil Guerreiro, procurou Osorio, perguntando se era necessário alguma intervenção da diretoria para resolver o assunto. O colombiano imediatamente respondeu que não. Ele não deu bola para a insatisfação do camisa 10 e nem o procurou para conversar. Dali para frente, os episódios de insatisfação cessaram. Osorio ganhou o respeito do grupo.
críticas aos dirigentes
Quando foi contratado pelo São Paulo, Osorio recebeu a notícia de que o clube poderia vender um ou dois atletas. Mas a situação foi muito pior. Poucos dias após chegar, ele percebeu que a situação financeira era caótica. Como consequência disso, sete atletas saíram. No dia em que Souza foi vendido, o técnico chegou até a criticar a diretoria tricolor.
– Entendo a posição do clube de vender jogadores para resolver a situação econômica. Mas não concordo. Prefiro ganhar pouco dinheiro, mas ter chances de ganhar o título. Não me garantiram que não vai sair nenhum outro. Mas tampouco me disseram que iam sair três da mesma posição. Somente falaram que tinham propostas por vários, mas não disseram que iam vender. Não me enganaram, mas não me disseram que havia a necessidade de vender cinco jogadores – disse o colombiano, na época.
veto a lugano
O uruguaio é idolatrado pela torcida que, de maneira constante, pede o retorno do jogador. Essa possibilidade virou realidade no mês passado, quando o empresário do atleta, Juan Figer, teve uma conversa com o presidente Carlos Miguel Aidar. Questionado sobre o assunto, o colombiano foi firme e afirmou que não queria a volta do defensor. Para surpresa de muitos, afirmou que a prioridade era contratar um zagueiro canhoto para que pudesse montar o time no esquema de três zagueiros. Foi o que aconteceu. Luiz Eduardo veio do São Caetano e logo se tornou titular, enquanto Lugano acertou com o Cerro Porteño.
contratação de valdivia
Quando surgiu a possibilidade de o meia palmeirense ser contratado, o presidente Carlos Miguel Aidar foi duramente criticado por membros do Conselho Consultivo do clube. Mas a negociação seguiu adiante após Ataíde Gil Guerreiro consultar Osorio, que não só aprovou a vinda do chileno como avisou que seria possível montar um esquema tático onde ele e Paulo Henrique Ganso atuariam juntos. Mas as críticas internas foram mais fortes, e o São Paulo acabou desistindo do jogador, o que foi lamentado pelo técnico em sua entrevista coletiva mais recente.
metodologia única
Osorio mudou muita coisa no São Paulo. A metodologia de treinos é totalmente diferente. O colombiano aproveita cada trabalho para estudar de que maneira cada jogador pode render melhor. Ele costuma dizer que cada atleta tem condição de render bem em pelo menos duas posições. Quando os jogos são realizados apenas aos domingos, os atletas ganham folga sempre às terças, dias em que, segundo o técnico, o desgaste é maior. Na coletiva que concedeu na quinta-feira, o volante Wesley disse que os treinos de Osorio são sempre motivantes, o que faz muito bem para o grupo.
breno no time
Juan Carlos Osorio tem papel fundamental no renascimento de Breno no São Paulo. Sabendo da história do jogador, o colombiano sempre tinha papos reservados com o atleta. Quando o beque melhorou sua condição física e começou a fazer o mesmo trabalho dos companheiros, o colombiano já pensava em como usar o jogador. E logo veio a ideia de escalá-lo como volante, fazendo a proteção da zaga. A estreia foi logo uma tremenda fogueira, já que ele entrou no segundo tempo do clássico contra o Corinthians. Foi tão bem que virou titular diante do Figueirense.
jogo ofensivo
Quem vê o São Paulo jogando hoje, vê um time sempre buscando o ataque. Mesmo que, para isso, fique exposto. Na entrevista coletiva concedida após o clássico contra o Corinthians, Osorio explicou o que quer da equipe.
– Corremos riscos, mas é uma decisão pessoal, com a qual trabalhamos no dia a dia. Creio que o futebol brasileiro é admirado em todo o mundo, mas vocês pensam que deve mudar. Uma coisa que pode e deve mudar é dar melhor espetáculo, atacar mais, ir para frente.
E os fans da anta suprema, os muricetes choram…..