Com multa de R$ 30 milhões, ex-joia do São Paulo busca segunda chance

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GloboEsporte.com

Diogo Venturelli e Emilio Botta

Meia-atacante Mirray, de 21 anos, chegou a ser apontado como o novo Oscar do Morumbi, mas grave lesão e fracasso na Copa SP de 2013 frearam ascensão.

Carregar o peso de ser uma promessa das categorias de base de um grande clube do futebol brasileiro é uma das dificuldades de muitos jogadores que acabam não vingando no time profissional.

O meia-atacante Mirray chegou a ser apontado no São Paulo como um dos mais promissores jogadores criados no CT de Cotia – a comparação quase natural, até pela semelhança física, sempre foi com Oscar, também formado nas categorias de base do Tricolor. Alguns percalços, porém, travaram a ascensão do jogador, que tem multa rescisória estipulada em R$ 30 milhões.

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Mirray tem contrato com o São Paulo até fevereiro de 2016, diz ter recusado uma proposta de renovação, mas afirma que ainda sonha brilhar no Tricolor

Hoje, aos 21 anos, o “vilão” da eliminação do São Paulo na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2013 vê no empréstimo ao São Bento a possibilidade de conquistar uma segunda chance no Morumbi.

Mirray está emprestado ao São Bento até o fim da Copa Paulista, competição que reúne clubes do estado que não disputam nenhuma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro.

Antes de seguir para o time de Sorocaba, ouviu da direção são-paulina uma proposta de renovação, que acabou sendo recusada. Com contrato com o São Paulo até fevereiro de 2016, ele não descarta uma renovação, mas deixa o futuro em aberto.

Mosaico Mirray São Paulo (Foto: Reprodução / Instagram )
Mirray usa o Instagram para mostrar fotos com a namorada e amigos no Tricolor (Fotos: Reprodução)

– Meu vínculo com o São Paulo vai até 25 de fevereiro. Meu pensamento sempre foi jogar no São Paulo, é voltar e conquistar tudo aquilo que tenho para conquistar. Não é à toa que tenho 10 anos de casa. O São Paulo queria fazer uma prorrogação do meu contrato. Por enquanto, não houve um acordo. Meus empresários me liberaram para o São Bento, mas depois vamos voltar a conversar com o São Paulo. Não tenho pensado muito nisso, o foco é o São Bento. O São Paulo ficou para depois. Quando voltar, a gente vê como fica – diz Mirray, que afirma estar recuperado de uma ruptura num dos ligamentos do joelho esquerdo, ano passado.

Principal estrela do elenco são-paulino na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2013, Mirray acabou sendo o personagem da eliminação para o Goiás nas quartas de final daquela competição. Além de perder um gol embaixo da trave, desperdiçou um pênalti. Daquele time, apenas Rodrigo Caio, Lucas Evangelista e João Schmidt chegaram a vestir a camisa do time profissional.

– Serviu de amadurecimento. Acabei aprendendo nas dores, mas aprendi a me preparar mais. Não falo de errar o pênalti, fui infeliz de o goleiro ter pegado o pênalti e ter causado nosso eliminação. Aquele lance marcou minha carreira, minha vida. Foi muito difícil no começo, ver as pessoas e crianças pequenas me zoarem, mas acontece. Assim como quando fiz coisas boas, acabei reconhecido – diz Mirray.

Da mesma geração de Lucas e Ademilson, o meia chegou a ouvir comparações com Paulo Henrique Ganso, Kaká e Oscar.

– São grandes jogadores que admiro muito, principalmente o Kaká, pela pessoa, pela conduta e excelente atleta que ele é dentro e fora de campo. Eu me espelho muito nele. O Ganso todo mundo sabe que é um gênio. Pretendo conquistar um pouquinho do que eles conquistaram. O Oscar é gênio. Estive com ele quando cheguei na base. Ele acabou sendo profissional muito cedo, é um fenômeno. Espero conseguir chegar perto do que ele, Lucas, Kaká e Ganso conquistaram.

Confira abaixo alguns dos principais tópicos da entrevista com Mirray:

O peso de ser uma promessa

– Fico feliz por ter essa responsabilidade. Apesar de ter apenas 21 anos, lido com isso (responsabilidade) há muito tempo e, com o auxílio dos meus pais, da minha família, eles vão me dando todo o suporte para isso não subir na minha cabeça, para me manter firme, conquistar objetivos e tudo aquilo que eu tenho para conquistar.

Multa rescisória de R$ 30 milhões

– Eu me senti bem valorizado. Um clube como o São Paulo, de grande expressão mundial, então fiquei muito feliz. A gente trabalha para isso, que de R$ 30 milhões passe para R$ 50 milhões, e cada vez mais.

Carreira

Mirray, meia-atacante do São Bento (Foto: Emilio Botta)
Mirray fica São Bento até o fim da Copa Paulista (Foto: Emilio Botta)

– Tenho 11 anos de São Paulo. No começo deste ano, fui para o Nacional e comecei a trilhar minha trajetória. Foi uma boa experiência.

Agora, vim para o São Bento. Espero conquistar título aqui e seguir meu caminho. Meu desejo é voltar para um clube de expressão no Brasil, tanto o São Paulo como algum outro. Conquistar tudo no Brasil e, mais para frente, pensar na Europa e dar uma situação melhor para a minha família.

Família

– Eu sempre tive os pés no chão. Meus pais sempre pegam no meu pé e falam para eu jogar futebol. Não falo que me deslumbrei, mas deveria ter me concentrado mais e me preparado para a partida da Copa São Paulo [de 2012].

Pressão no São Paulo

– Não é o São Paulo, não conheço outros clubes grandes. Todos os dias você tem que estar provando que é um craque e que pode ser um grande jogador. No São Paulo, a cobrança é muito forte. Você tem que esperar o seu momento e estar focado. Trabalhar como estou no São Bento para poder voltar.

Fama de corintiano

– É chato, mas coisa de criança. Hoje, depois de 10 anos de clube, você pega um amor pelo clube. Sou são-paulino, quer dizer, sou São Bento, mas a gente acaba pegando um amor pela camisa.

Características

– Eu falo que sou mais um meia organizador, que gosta de deixar o atacante na cara do gol. Sou muito cobrado para fazer gol, penso apenas em servir o companheiro, mas sou mais “cadenciador” que ajuda o time.

São Bento

– A vitrine é muito boa. A cidade e o time são muito bons, e não vejo como um recomeço mas, sim, uma continuidade do meu futebol. Quero dar seguimento a minha carreira.

Como se escreve?

– O Mirray originalmente é com “i”, mas gosto com “y”. No cartório, quando foram me registrar, falaram que ia ficar difícil para eu escrever e não deixaram, mas eu prefiro com “y”.