De palpiteiro a peça-chave: entenda o papel de Abílio Diniz no São Paulo

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GloboEsporte.com

Alexandre Lozetti e Marcelo Prado

 

Empresário deixa posto de consultor, pressiona por mudanças, e vice garante nova gestão já em agosto, com plano que mescla ideias do empresário, CEO e instituto.

Abilio Diniz (Foto: Agência Estado)

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Abilio Diniz: cada vez mais forte no São Paulo
(Foto: Agência Estado)

Abílio Diniz, 78 anos, é um dos empresários mais bem-sucedidos do Brasil. Responsável por transformar o Grupo Pão de Açúcar no maior do ramo varejista do país, ele agora ocupa a cadeira de presidente do Conselho de Administração da BRF – empresa dona das marcas Sadia e Perdigão –, além de ter adquirido 10% das operações da unidade brasileira do Carrefour, onde também tem vaga no Conselho.

É esse homem que tem atuado de maneira direta na tentativa de transformação política do São Paulo Futebol Clube.

Torcedor fanático da equipe, Abílio sempre teve trânsito com dirigentes. Telefonava para Juvenal Juvêncio, falava com Milton Cruz, Muricy Ramalho, sugeria nomes para treinar a equipe em momentos de dificuldade.

Ele faz parte do Conselho Consultivo, um grupo de são-paulinos ilustres que, na prática, nunca havia feito muito além de dar palpites.

A preocupação com a alarmante situação financeira do São Paulo, entretanto, tornou Abílio um homem mais ativo na diretoria. Convidado pelo presidente Carlos Miguel Aidar e pelo homem que comanda o Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, ele participou da última reunião de conselheiros, na qual apresentou um plano de gestão e foi aplaudido de pé tanto pela situação quanto pela oposição.

A sensação de poder ajudar a tirar o time do coração do buraco mexeu com Abílio. Em meio a todos os seus negócios, tem arrumado tempo para se informar do que acontece no Tricolor. O empresário deve retornar na sexta-feira da China. De lá, tenta monitorar as transformações que espera ver no clube. Em sua visão, um tanto quanto radical, será impossível chegar a setembro se as mudanças de gestão não forem implementadas.

LEIA MAIS: Plano para profissionalizar gestão do São Paulo já está nas mãos de Aidar

Desde que foi eleito, Carlos Miguel Aidar afirma publicamente sua intenção de profissionalizar a gestão do São Paulo. Contratou o Instituto Áquila para fazer um diagnóstico e sugerir mudanças na administração do clube. Mais recentemente, há pouco mais de um mês, levou para o Morumbi o CEO Alexandre Bourgeois, indicado por Abílio. Juntos, o Áquila e o CEO estão na fase final da elaboração desse plano de gestão.

Aidar está disposto a mudar. É o que jura, por exemplo, o vice-presidente do São Paulo, Júlio Casares, eleito porta-voz do momento. A versão atual é de que, ainda neste mês, passará a valer esse modelo elaborado em conjunto, mas também com inserções sugeridas por Abílio.

– Nesse processo não existe situação e oposição. Existe a “são-paulinidade”, o São Paulo tem que estar acima de tudo. O modelo será para o bem do clube, então nenhum diretor pode ficar com vaidade de achar que será rebaixado. Todos que trabalham para o clube são importantes – afirmou Casares.

Nesse processo não existe
situação e oposição. Existe a
“são-paulinidade”, o São Paulo tem que estar acima de tudo. O modelo será para o bem do clube, então nenhum diretor pode ficar com vaidade de achar que será rebaixado. Todos que trabalham para o clube são importantes
Julio Casares, vice-presidente do São Paulo

Se dependesse do empresário, o Tricolor adotaria uma espécie de parlamentarismo, com um comitê de nove pessoas (seis conselheiros, o presidente do Conselho e outros dois torcedores ilustres – Abílio seria um deles) acima de Aidar. Isso não deve vingar.

Os mais ávidos por mudanças temem que nada seja feito e, com isso, o São Paulo continue em dificuldade financeira, sem crédito no mercado e sem atrair o interesse de investidores.

A dívida atual está estimada pelo próprio presidente em R$ 273 milhões.

Abílio sugere uma reunião extraordinária do Conselho (a próxima está marcada para o fim de setembro) a fim de discutir e pressionar por mudanças.

Aidar busca a melhor maneira de realizar seu desejo de profissionalizar o clube e equilibrar a distribuição de poder de decisão entre os profissionais remunerados (um do setor financeiro já trabalha no clube próximo ao CEO) e os vice-presidentes e diretores, que, certamente, terão menos importância do que atualmente.

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