Plano de reforma reduz poder de presidente e transforma SP em empresa.

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UOL

Guilherme Palenzuela e Ricardo Perrone

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  • Matt May/Tampa Bay Rowdies/Divulgação

    Carlos Miguel Aidar seria presidente do conselho de administração, fora do dia a diaCarlos Miguel Aidar seria presidente do conselho de administração, fora do dia a dia

O plano de reforma de gestão que está em discussão no São Paulo e sobre o qual o empresário Abilio Diniz discursou no conselho deliberativo do clube na última terça-feira transforma o São Paulo em uma empresa, com um conselho de administração e executivos remunerados em cada departamento. Neste momento a ideia que prevalece é de que o presidente do clube, atualmente Carlos Miguel Aidar, passaria a presidir o conselho de administração, órgão que delegaria a execução do dia a dia do clube aos profissionais remunerados.

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O plano é de governança corporativa e é uma das promessas de campanha de Aidar, que lidera a reforma da gestão. Neste modelo, presidente, vice-presidentes e diretores estatutários se afastam da execução das tarefas. O conselho de administração toma as decisões estratégicas do clube – de orçamento a diretrizes – e repassa a execução ao CEO, cargo criado em junho e ocupado por Alexandre Bourgeois, executivo contratado por Aidar após  indicação do próprio Abilio Diniz. O CEO, então distribui o trabalho de rotina aos profissionais remunerados de cada área – o plano inicial fala em ter quatro executivos em cada departamento.

A ideia original do conselho de administração era que fosse formado por nove pessoas: seis conselheiros do clube, dois são-paulinos ilustres e o presidente do conselho deliberativo, cargo hoje ocupado pelo ex-vice-presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O presidente do clube presidiria este conselho de administração dividindo discussões e decisões com seus pares, mas ainda com o poder da caneta.

O plano de profissionalização teve aceitação praticamente unânime no conselho deliberativo do São Paulo quando explicado por Abilio Diniz, a convite de Aidar e de Leco. Para que seja colocado em prática, primeiro ainda teria de passar pelo conselho deliberativo mais uma vez porque será necessário modificar o estatuto do clube para alterar as atribuições dos cargos estatutários como os de vice-presidentes de departamentos, que deixarão de participar das funções executivas.

A implementação de governança corporativa no São Paulo é vista como fundamental por membros da diretoria e pelo próprio Abilio Diniz para que o São Paulo consiga superar a crise financeira que vive e especificamente para que possa criar um fundo de investimento cujo objetivo é liquidar a dívida bancária do clube. Uma vez que implemente a governança corporativa, o São Paulo ganha um certificado de credibilidade e abre caminho para negociar com bancos e captar recursos em curto prazo, além de transparecer segurança para investidores.

O São Paulo passa por momento financeiro delicado, com uma dívida total avaliada em R$ 277 milhões entre empréstimos bancários, débitos trabalhistas, passivo fiscal e pagamentos atrasados a fornecedores e prestadores de serviço.

Os obstáculos neste momento para a implementação da governança corporativa estão na resistência dos dirigentes estatutários, não-remunerados, que perderão poder de execução e decisão em seus departamentos após a contratação de profissionais. É nesta frente que o presidente Carlos Miguel Aidar terá de trabalhar para que consiga fazer o São Paulo passar a funcionar como uma empresa.