Pressão x equilíbrio: veja como São Paulo e Corinthians ficaram no empate

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GloboEsporte.com

Alexandre Lozetti

Propostas distintas de Osorio e Tite levaram a um grande jogo no Morumbi. Fabuloso foi destaque com bolas na trave e gol, e Timão resistiu no final com um a menos.

São Paulo e Corinthians empolgaram os torcedores no Morumbi. O empate de 1 a 1 teve todos os ingredientes de um grande clássico. Com propostas distintas – a tricolor mais ofensiva, dominante, e a alvinegra mais comedida e equilibrada – e bem executadas, as equipes comandadas por Juan Carlos Osorio e Tite disputaram intensamente a partida do primeiro ao último minuto. Aliás, o minuto final reservou a maior polêmica da tarde de domingo:

foi pênalti?

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48 minutos do segundo tempo. Falta para o São Paulo. Ganso levanta, Lucão é travado no chute, Wesley enche o pé no rebote e Uendel, de manchete, no melhor estilo Escadinha, espalma. Os tricolores, desesperados, pedem pênalti. Pressionam o assistente, mas o árbitro Leandro Vuaden dá apenas escanteio. Logo depois da cobrança, ele encerra a partida.

pressão

Os primeiros minutos já demonstraram como o São Paulo tentaria sufocar o Corinthians: obrigar a defesa a rifar a bola para recuperar rapidamente e ter a posse por mais tempo (a equipe terminou com 57% contra 43% do rival). No vídeo acima, as linhas adiantadas obrigam Cássio a dar um chutão. Em poucos segundos, Rogério Ceni, o outro goleiro, já tem a bola dominada.

campinho São Paulo clássico Corinthians (Foto: Arte: GloboEsporte.com)

As linhas adiantadas do São Paulo foram destacadas até por Renato Augusto depois do jogo. Num 3-5-2, com Michel Bastos mais centralizado e Ganso deslocado para o lado direito, uma variação do 3-4-3 (veja acima), Osorio colocou seus zagueiros bem à frente, quase no meio-campo. Aliás, ser zagueiro do técnico colombiano significa tabelar, lançar, desarmar lá na frente. Um risco que é calculado e nem sempre tem o final feliz…

Timão na frente

campinho Corinthians clássico São Paulo (Foto: Arte: GloboEsporte.com)

Acima, o retrato do posicionamento dos jogadores quando Malcom recebeu a bola pelo lado esquerdo do ataque do Corinthians. O São Paulo tinha superioridade numérica em seu campo (seis a quatro) e a marcação estava encaixada. Nenhum alvinegro estava livre. Até que Uendel arrancou do campo de defesa. Passou entre Bruno e Hudson e recebeu a bola, um belo passe do atacante, que conseguiu colocá-la entre seus marcadores…

campinho Corinthians clássico São Paulo (Foto: Arte: GloboEsporte.com)

A arrancada de Uendel (o campinho acima retrata o momento em que ele recebe a bola) e o passe de Malcom desmontaram a marcação são-paulina. Hudson demorou a começar a correr, ficou para trás. Lucão, Ganso e Bruno passaram a ser um trio que simplesmente não acompanhava ninguém. Uendel ganhou de Toloi no mano a mano e Luciano correu para dentro da área. Como Luiz Eduardo saiu na cobertura, o atacante, substituto de Vagner Love, ficou absolutamente livre para abrir o placar. Veja o gol no vídeo abaixo.

Trave x tricolor

Centurión, de cabeça, e duas vezes Luis Fabiano com o pé direito, acertaram a trave de Cássio. O São Paulo caminhava para mais uma tarde de bom futebol e má pontaria. Dessa vez, mais falta de sorte do que incompetência. Nem dá para dizer que o argentino, de costas no lance, e o Fabuloso, em duas bombas, fizeram errado. Destaque, na trilogia da trave, para bons passes de Carlinhos, Bruno e Paulo Henrique Ganso. Assista acima aos três lances que levaram os tricolores ao desespero no Morumbi e em frente à televisão.

contra-ataque

A vantagem no placar e o posicionamento adiantado das linhas são-paulinas deixaram no ar a sensação de que o Timão faria o segundo ainda no primeiro tempo. Houve espaço, houve um cenário desenhado para isso, mas faltou ímpeto e capricho. A armação desse contra-ataque, por exemplo, logo depois de Luis Fabiano acertar a trave, foi bela, mas depois do meio-campo os jogadores não se aproximaram. Foram momentos de alto risco no Morumbi.

ufa!

Valeu o esforço! Luis Fabiano encontrou Centurión e o argentino finalizou. Cássio espalmou de maneira esquisita. As mãos moles amorteceram a bola para que o Fabuloso chegasse e completasse sem goleiro. Dessa vez, nada de trave e o empate no placar.

caaaaalma…

Veja a imagem acima e imagine o que aconteceu… Luis Fabiano e Gil se estranharam logo depois de o atacante levar a bola com a mão. Leandro Vuaden deu falta, e aí, são-paulino e corintiano trocaram aqueles olhares profundos, intensos… Assista!

defesaça

A defesa do jogo: Renato Augusto, recuperado de uma inflamação no nervo ciático, arranca da esquerda para o meio e bate com força. Rogério Ceni voa e manda para escanteio. Grande jogada do meia corintiano e lindo movimento do goleiro tricolor.

4 anos depois…

Que história! Aos 13 minutos do segundo tempo, Juan Carlos Osorio coloca, durante o clássico contra o Corinthians, Breno em campo. Mais de quatro anos depois de sua última partida, o jogador volta a trabalhar depois de ter ficado preso na Alemanha por incendiar sua própria casa. A ovação da torcida foi emocionante. E a reação tática surpreendente. Breno entrou no lugar de Hudson e ocupou também seu setor, foi volante. O trio de zagueiros continuou formado por Rafael Toloi, Lucão e Luiz Eduardo. Breno demorou a se encontrar em campo, irritou-se com um erro de passe, mas depois, mais calmo, até conseguiu boa arrancada em contra-ataque.

vermelho

Felipe jamais havia sido expulso na carreira (segundo ele próprio), mas sempre há uma primeira vez. O zagueiro saiu para interromper arrancada de Centurión, fez falta e levou cartão vermelho. Ele já tinha amarelo, fruto de uma trombada com Luiz Eduardo na etapa inicial. O São Paulo, cansado, pouco se aproveitou da vantagem nos minutos finais do clássico.