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Marcelo Prado
Presidente fala sobre turbulento momento político e faz vários ataques em entrevista concedida no Panamá, onde clube anunciará ações de marketing com Copa Airlines.
O presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, resolveu ir para o ataque. Em entrevista coletiva realizada na Cidade do Panamá, onde o clube e a Copa Airlines (patrocinadora de mídias digitais) anunciarão novos projetos de marketing, o mandatário tricolor falou sobre o turbulento momento político do clube.
Aidar atirou pesado. Bateu no ex-CEO, Alex Bourgeois (demitido na quinta-feira), no empresário Abilio Diniz e no presidente do Conselho Deliberativo do Clube, Carlos Augusto de Barros e Silva.
No papo que durou aproximadamente 25 minutos, o dirigente disse que Bourgeois “saiu por incompetência” e também por ter “se intrometido em áreas que não deveria”. Para Abílio, uma resposta firme depois de uma carta aberta enviada pelo empresário, na qual ele oferece ajuda financeira ao clube. Para Leco, muita ironia.
Sobre a saída de Bourgeois, Aidar comentou:
– Desde a segunda feira que antecedeu a demissão dele começaram a chegar notícias negativas sobre o comportamento dele: reuniões com empresários de futebol, reuniões com atletas, levando pessoas à presença do Abilio, como se escondendo de mim essas coisas. Na terça que antecedeu sua demissão, ele me manda uma mensagem dizendo que estava em reunião com bancos e que, por isso, não viria ao São Paulo. Disse que tudo bem, mas depois descobri que ele estava em reuniões políticas do clube (o CEO foi ao escritório de Carlos Augusto de Barros e Silva). Naquele momento, perdi a confiança nele – afirmou o dirigente.
Aidar explicou como se deu a demissão de Bourgeois e negou a versão apresentada pelo ex-CEO, que disse ter sido ameaçado de agressão pelo jornalista Olivério Júnior, que estava presente na reunião.
– A partir do instante em que perdi a confiança, me reuni com os vice-presidentes na presença dele e com a assessoria de imprensa da presidência do São Paulo. Estavam o Marco Antonio Sabino, que é o assessor de imprensa, e um jornalista que trabalha para o Sabino, e não para o São Paulo, que é o Olivério Júnior. Nessas reuniões, ficou bastante claro que ele havia mentido – disse Aidar.
– Ele (Bourgeois) foi desmascarado pelo próprio Olivério, que disse “você mentiu, você estava em tal lugar, almoçou com empresário tal, você saiu dali com um amigo meu”. Foi muito grave, foi um bate-boca, obviamente ninguém ameaçou ninguém, é mentira dele – completou.
O presidente não parou por aí e ironizou o plano de gestão de Alex Bourgeois (clique aqui e veja no site da revista Época):
– O que o Alex queria era criar um Conselho Administrativo acima da presidência. Eu seria o presidente desse Conselho, mas não teria poder de decisão. Não existe isso. Eu fui eleito presidente do São Paulo, o regime é presidencialista. O estatuto diz isso, não vou delegar isso a ninguém. Para chegar onde cheguei, é preciso primeiro ser conselheiro, não palpiteiro, não pitaqueiro. Segundo, tem de ganhar uma eleição, ser eleito legitimamente pelo Conselho. Eu fui eleito. Vou exercer esse mandato até o final dentro de um regime presidencialista.
O mandatário tricolor afirmou sentir uma “frustração enorme” com o trabalho feito por Bourgeois.
– Alex entrou num campo para o qual ele não foi contratado. Alex foi contratado para fazer o que se chama de back office, ou seja, cuidar da gestão. Ele reuniu uma série de informações, reuniu contratos, portanto não é verdadeira a afirmação dele, ele mente quando diz que não teve informações. Ele tinha todas as informações. Todos os contratos, todos os negócios do São Paulo foram abertos para ele, sem sombra de dúvida. Só que ele enveredou para um caminho político, levado não sei por quê, talvez deslumbrado com a receptividade e as costas-quentes que ele tinha do Abilio, e acabou enveredando para um caminho que não me agradou – disparou Aidar.
O CEO chegou ao São Paulo por indicação de Abílio Diniz, que também não escapou da boca nervosa de Carlos Miguel Aidar.
O dirigente criticou o empresário pelo fato dele ter tornado pública uma carta enviada ao presidente do São Paulo, na qual pede mais transparência para a sua administração e se oferece para pagar uma auditoria para examinar os últimos dois balanços e as contas atuais do clube.
– A carta é para mim, pois é, mas todo mundo leu, menos eu, porque não tive tempo. Eu já contratei duas… Quer dizer, ele está um pouco atrasado. Ele não conhece a vida interna do São Paulo. Acho muito gozado ele mandar uma carta para mim e divulgar para todo mundo antes de eu tomar conhecimento. Se eu for mandar uma carta para você eu mando para você, não para seus colegas – disse Aidar.
– É ótimo que ele queira pagar a auditoria, mas é preferível pagar a que o São Paulo já contratou, que é do mesmo nível. É bom que pela primeira vez ele está oferecendo dinheiro ao São Paulo, ainda que sob a forma de pagar a auditoria. Eu vou pensar nisso, ainda não decidi – completou o presidente do Tricolor.
Depois, quando questionado se esperava dinheiro de Abilio para melhorar a situação financeira do São Paulo, Aidar atacou de novo:
– Quando o FIDC (Fundo Investimento de Direitos Creditórios) for aprovado, ele será uma das primeiras pessoas a ser procurada para investir. Mas não adianta querer investir dinheiro e mandar no clube.
Para fechar, o dirigente ironizou Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, atual presidente do Conselho Deliberativo do Tricolor que, em entrevista a um blog do portal UOL, disse que o São Paulo corria risco de não ter dinheiro para pagar os salários do mês que vem.
– O que me parece que o Leco fez, na verdade, foi repercutir uma coisa que o Alex havia dito. O São Paulo tem dinheiro. É verdade, tivemos atrasos no passado, mas isso acabou. O grande problema do Leco, do Roberto Natel, esses dois principalmente, é que no dia que o Juvenal apontou pra mim e disse “Carlos Miguel é o candidato”, os dois ficaram frustrados – disse Aidar.
– Os dois se prostraram ao longo de oito anos como possíveis sucessores. Eles esperavam ser candidatos ao fim dos cinco anos de Juvenal, quando houve a manobra que vocês bem conhecem. Ficou mais três, e quando chega no fim dos oito anos, que todos eles esperavam, o dedo é apontado para mim. Deu uma frustração. Eu ainda acomodei o Leco na presidência do Conselho. Fui eu que chamei o Leco para ser presidente do Conselho, quase como um prêmio de consolação – completou o dirigente.
Lamento como as informações do SPFC estão sendo divulgadas na imprensa. Acredito que a melhor forma era analisar o trabalho do EX-CEO, e como ele não estava agradando, deveria realmente rescindir o contrato e emitir uma carta agradecendo pelo trabalho e ponto final. Também assinaria um Termo de Sigilo entre as partes, para evitar que qualquer informação fosse divulgada, incluindo multas severas caso isso acontecesse.
Por outro lado, o nosso ex-CEO, perde toda a razão a partir do momento que ele divulga informações do seu ex-cliente. Eu jamais contrataria um profissional que divulgasse as informações que ele teve acesso de forma privilegiada. Lamentável a postura de ambas as partes. E neste caso os dois saem perdendo, muito.