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Marcelo Prado
Com muitos desfalques, equipe de Osorio não marcou pressão nem conseguiu jogar com velocidade no ataque. Catarinenses mereceram o triunfo por 2 a 1 em casa.
Para qualquer treinador, montar um time com dez desfalques é difícil. Se essas ausências formarem a espinha dorsal da equipe, como no caso do São Paulo, a situação se torna muito mais complicada. Sem poder contar com Rogério Ceni, Ganso, Michel Bastos e Luis Fabiano, ente outros, e com Pato, Bruno e Thiago Mendes no banco no começo da partida (opção acertada, já que o time terá Vasco e Palmeiras pela frente), o Tricolor não conseguiu se acertar e, dentro da montanha russa que o caracteriza na temporada, perdeu para o Avaí por 2 a 1.
Em nenhum instante da partida na Ressacada a equipe comandada por Juan Carlos Osorio mostrou um grande futebol. Com sete atletas oriundos da base de Cotia, o colombiano viu seu time começar a partida em ritmo lento, sendo totalmente dominado por um rival que, apesar da falta de qualidade técnica, mostrava muita disposição. Com o veterano Marquinhos retornando de lesão no joelho, autor do primeiro gol, o Avaí ganhou qualidade no trato da bola, coisa que faltou ao São Paulo, que terminou a 27ª rodada na quinta posição, fora do G-4.
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Quando conseguiu o empate, com Breno, ainda na etapa inicial, a situação melhorou um pouco. Mas, no segundo tempo, a apatia voltou a tomar conta dos são-paulinos, que só olhavam o Avaí jogar. De tanto tentar, os donos da casa chegaram ao segundo gol com Anderson Lopes e depois souberam administrar a vantagem. Nem mesmo as entradas de Thiago Mendes, Pato e Bruno mudaram a situação.
Analisando os números da partida, percebe-se que o Avaí mereceu o resultado. O São Paulo teve muito mais posse de bola (58% a 42%), tocou muito mais na bola (336 passes contra 143 passes do adversário), mas não teve objetividade. Os catarinenses tiveram mais chances reais de gol (6 x 2), desarmaram muito mais (30 x 17) e roubaram mais vezes a bola (19 x 8).
Pouca coisa positiva serviu de observação a Osorio para os próximos jogos. A principal delas é que Breno cada vez mais mostra estar recuperado dos problemas que atrapalharam sua carreira por tanto tempo. Novamente como volante, foi um dos mais regulares e, de pé esquerdo, foi às redes, o que não acontecia desde 15 de setembro de 2007. Lyanco foi regular na lateral-direita e Carlinhos, novamente como ponta direita, buscou o jogo o tempo todo.
COMO COMEÇOU
Com tantas ausências, Osorio foi obrigado a apostar num time com pouca experiência e revelado no CT de Cotia. A equipe começou no 4-3-3, com Lyanco improvisado na lateral-direita, um meio-campo de pouca velocidade e muito controle de bola (Breno, João Schmidt e Wesley) e um atacante formado por três peças de rapidez: Carlinhos (aberto pela direita), João Paulo (como referência) e Rogério (aberto pela esquerda). O time começou bem e, com sete minutos, já havia exigido duas finalizações do goleiro Vagner.
Pênalti?
No primeiro ataque do Avaí na partida, Romário desceu pela esquerda e foi desarmado na bola por Lyanco dentro da área. Erradamente, o juiz Jailson Macedo Freitas marcou pênalti para o time da casa, para desespero dos são-paulinos. Imediatamente, ele foi alertado do erro por um dos seus auxiliares e voltou atrás. As câmeras da TV Globo mostram o momento em que ele pede desculpas aos jogadores do time paulista.
POUCA FORÇA OFENSIVA
O começo da partida mostrou um São Paulo até que organizado na parte defensiva (muito que ajudado pela falta de qualidade do Avaí). O problema é que o time tinha a posse de bola e não sabia o que fazer. Trocava muitos passes para chegar ao ataque. Quando atacava, não conseguia escapar da marcação adversária. A foto acima mostra três atacantes tentando criar algo diante de sete marcadores do Avaí. A equipe sentia muito a falta de aproximação de Wesley e João Schmidt.
GOLAÇO DE MARQUINHOS
Aos 17 minutos, ocorre o lance que começaria a mudar a história da partida. Marquinhos, voltando de lesão no joelho, avança pelo meio e diminui a velocidade de sua passada, claramente esperando pelo contato adversário para cavar uma falta. Breno cometeu a infração e, na cobrança, o camisa 10 aproveitou posicionamento equivocado do goleiro Renan Ribeiro e, com muita categoria, colocou no canto esquerdo do defensor, que saltou e não alcançou a bola. Festa nas arquibancadas da Ressacada e no banco de reservas para o veterano, que havia acabado de marcar seu segundo gol na temporada.
AVAÍ COM LIBERDADE
Além da pouca força ofensiva, o que também chamava a atenção na atuação do São Paulo era a frágil marcação. Osorio sempre pede aos jogadores que façam marcação pressão desde a saída de bola do adversário. Em pelo menos três lances, o Avaí sai com tranquilidade de seu campo até criar a jogada de perigo no ataque.
QUASE O EMPATE
O São Paulo não esboçou reação após ver o marcador ser aberto em Florianópolis. Com muita lentidão na transição do meio para o ataque, a equipe só conseguiu articular uma grande jogada ofensiva 15 minutos após Marquinhos marcar. Ela surgiu com Carlinhos, que recebeu na direita, invadiu a área na diagonal e bateu de pé esquerdo, à esquerda de Vagner, com perigo.
BRENO MARCA!
Como o futebol não é lógico, mesmo sem ser brilhante, o São Paulo chega ao empate. Como João Schmidt e Wesley pouco acrescentavam ao ataque, coube ao Breno subir ao ataque, papel que é pedido pelo técnico Juan Carlos Osorio aos volantes. Ele inicia a jogada, aciona Rogério na esquerda, aproveita o cruzamento e, de pé esquerdo, bate por baixo das pernas do goleiro do Avaí. Festa muito grande dos companheiros para o camisa 33 que, a cada jogo que passa, mostra que está recuperado para ter uma rotina como jogador de futebol. O curioso nesse lance é que o lateral-direito Auro, que estava no banco de reservas, invadiu o gramado para comemorar com o companheiro e acabou levando cartão amarelo.
NO TRAVESSÃO
Com o gol marcado no final do primeiro tempo, o São Paulo ganhou novo fôlego em campo para sonhar com a vitória e retornar ao G-4 do Campeonato Brasileiro. Mas quem ditou o ritmo na etapa complementar foi o Avaí. Com uma substituição (Tinga na vaga de Rudinei), a equipe comandada por Gilson Kleina iniciou o segundo tempo em cima do rival. Aos sete minutos, não marcou o segundo gol por muito pouco. Após cobrança ensaiada de Marquinhos, Eduardo Neto, de pé esquerdo, acertou o travessão de Renan Ribeiro.
SUBSTITUIÇÕES
Insatisfeito com o rendimento da equipe, Osorio fez duas alterações em apenas seis minutos. Primeiro, ele sacou o apagado João Schmidt para colocar Thiago Mendes. Depois, Alexandre Pato entrou na vaga de João Paulo. O São Paulo manteve sua postura tática da etapa inicial (4-3-3), mas esperava-se que, com a entrada de dois titulares, o time cresceria de rendimento. Não foi o que aconteceu. Perto do final, Bruno ainda entrou na vaga de Lyanco. Veja acima o time que terminou a partida.
segundo GOL DO AVAÍ
Melhor em campo, o gol do Avaí parecia questão de tempo. E veio aos 26 minutos em jogada iniciada por Marquinhos, o melhor jogador da partida. Ele achou Léo Gamalho na área. O atacante dominou e ajeitou para Anderson Lopes, que cortou a marcação de Rodrigo Caio e disparou um belo chute de pé esquerdo, diagonal, no canto esquerdo de Renan Ribeiro. Vantagem mais do que justa no marcador.
DEFESA DE RENAN RIBEIRO
Enganou-se quem esperava ver um São Paulo em cima atrás do gol de empate. A equipe acusou o golpe e não criou mais nada até o final da partida. Já o Avaí só não marcou o terceiro gol aos 41 porque Renan Ribeiro fez brilhante defesa em chute de Pablo, que havia feito grande jogada individual, arrancando desde o campo ofensivo para finalizar na meta rival.
Jogadores sem alma, sem sangue nas veias, ganhar ou perder é indiferente bando de inuteis. Saudades do Roberto Dias, Chicão, Forlam, Oscar, Paraná…..esses jogavam por amor ao Tricolor.