Análise: neutralizado pelo alto, Verdão se salva ao dificultar Tricolor por baixo

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GloboEsporte.com

Tossiro Neto

Principal característica do São Paulo é trocar passes. Ia tudo bem até os 47 minutos do segundo tempo, quando o Palmeiras pressionou e evitou a derrota no Morumbi.

O São Paulo iniciou a rodada deste fim de semana como o segundo time que mais troca passes no Campeonato Brasileiro. O Palmeiras, como a equipe que mais levanta bola na área e faz gol de cabeça. Tivesse o clássico no Morumbi terminado antes dos 47 minutos, o Tricolor sairia exitoso, tendo neutralizado a principal arma rival e vencido. No fim das contas, porém, justamente um erro de passe de Rogério Ceni na saída de jogo pôs tudo (a vaga no G-4, pelo menos) a perder. O Verdão chegou ao empate por 1 a 1 e permaneceu entre os quatro melhores.

Pouquíssimo exigido, Rogério Ceni errou apenas um passe no clássico. Um passe decisivo, no entanto, que resultou no gol do Palmeiras aos 47 minutos da etapa final no Morumbi

Ao todo, os jogadores treinados por Juan Carlos Osorio trocaram 275 passes, 66 a mais do que os palmeirenses, que não foram superiores nem mesmo em sua principal arma – ambos levantaram dez bolas cada para a área. Mas um erro no fim foi decisivo. Pouco exigido em toda a partida, Rogério Ceni cobrou tiro de meta curto nos acréscimos da etapa final, recebeu de volta de Lucão e, pressionado por Alecsandro, entregou a bola no pé de Robinho. Da meia direita, o palmeirense encobriu o goleiro são-paulino e empatou.

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Dois minutos antes, o Palmeiras tinha cabeceado pela segunda e última vez, com Jackson, para fora. Até então, o único cabeceio havia sido ainda aos 29 minutos do segundo tempo, quando Robinho recebeu cruzamento de Andrei Girotto e colocou a bola no travessão, em uma rara oportunidade dos visitantes, que foram dominados antes do intervalo e terminaram a primeira metade do Choque-Rei com apenas duas finalizações a gol.

O São Paulo, ao contrário, fez um grande primeiro tempo e exigiu muito de Fernando Prass. O goleiro protagonizou lance polêmico, a propósito. Ao tentar se antecipar a um lançamento longo para o atacante Rogério, ele perdeu o tempo de bola e gerou reclamação por supostamente tê-la tocado fora da área. Pelo ângulo da imagem, o lance é, no mínimo, duvidoso.

Rogério Ceni lamenta, e Robinho comemora (Foto: Marcos Ribolli)Rodrigo Caio e Rogério Ceni lamentam, enquanto palmeirenses comemoram o empate ao fundo (Foto: Marcos Ribolli)

Mas foi depois do intervalo que os gols surgiram. O técnico Marcelo Oliveira tentou corrigir o meio de campo do Palmeiras, que não incomodava a saída de bola adversária e dava muito espaço até na defesa, colocando Lucas no setor. A lateral direita ficou a cargo do garoto João Pedro, que substituiu Andrei Girotto. O Verdão melhorou, ficou mais veloz. Porém, foi vazado logo depois de um excelente contra-ataque iniciado por Thiago Mendes (são-paulino que mais acertou passes no jogo) e finalizado em chute cruzado de Carlinhos na rede.

À frente no placar e vendo mais uma alteração rival (Kelvin no lugar de Lucas), Osorio também mexeu taticamente. O treinador colombiano, que no começo da etapa tinha sido forçado a tirar Michel Bastos devido a uma lesão na coxa esquerda, sacou Alexandre Pato para reforçar a defesa com Lyanco, que atuou como volante. Depois, reposicionou Carlinhos na lateral esquerda ao substituir Matheus Reis por Wesley. Tudo funcionava bem. Até um erro aos 47.

COMO COMEÇOU

São Paulo jogou com Osorio ao lado de Pato; no Palmeiras, quem atuou na vaga de Zé Roberto foi Andrei Girotto (Foto: GloboEsporte.com)Tricolor jogou com Rogério ao lado de Pato; no Palmeiras, quem atuou na vaga de Zé Roberto foi o volante Andrei Girotto

A principal dúvida no São Paulo é como Osorio armaria seu time sem Luis Fabiano, lesionado. A opção foi dar a Rogério a incumbência de atuar centralizado, mas cair pelos lados quando algum dos pontas levava a bola para dentro. Além disso, Breno, baixa de última hora, deu lugar a Carlinhos. No Palmeiras, a surpresa ficou por conta da escalação de Andrei Girotto. Zé Roberto, cotado para a vaga, nem no banco ficou.

QUE CACHORRO?

O São Paulo inovou na subida a campo. Em vez de crianças, como se faz geralmente, os jogadores subiram acompanhados de cachorros. Um deles, inclusive, fez Carlinhos parar um pouco para fazer necessidades no gramado. Tratava-se de uma ação de marketing para incentivar a adoção de cães abandonados.

UMA BOMBA

A primeira finalização do São Paulo foi aos sete minutos da etapa inicial. Michel Bastos limpou a marcação e arriscou o chute da entrada da área. Fernando Prass saltou, e a bola passou acima do travessão.

FORA OU DENTRO?

Aos 12 minutos, Fernando Prass deixou a meta para se antecipar a Rogério, atrapalhou-se e tocou a bola com a mão no alto, aparentemente já fora da área. O árbitro assinalou apenas tiro de meta, depois de o atacante são-paulino chutar para fora. O lance gerou polêmica.

GANSO LIVRE

Meio-campistas do Palmeiras deram muita liberdade aos são-paulinos no primeiro tempo da partida no Morumbi (Foto: GloboEsporte.com)Meio-campistas do Palmeiras deram muita liberdade aos são-paulinos no primeiro tempo do duelo no Morumbi

Talvez pela escalação de Andrei Girotto, faltou entrosamento para os meio-campistas do Palmeiras. Muitas vezes, como em um momento em que Paulo Henrique Ganso finalizou da meia-lua para fora, os são-paulinos apareciam com absoluta liberdade.

SÓ SÃO PAULO

AOS 18′Michel Bastos cobra escanteio, e Carlinhos cabeceia com perigo
MAIS UMAThiago Mendes arrisca de fora da área, e Prass defende
AOS 21′Prass espalma chute da intermediária de Carlinhos

Em três minutos, o São Paulo emendou três finalizações com perigo ao gol de Fernando Prass. O goleiro defendeu duas e viu outra sair pela linha de fundo.

NO TRAVESSÃO

Na primeira das duas bolas levantadas do Palmeiras que não foram tiradas pela defesa do São Paulo, Robinho subiu e cabeceou no travessão.

ÁRBITRO SE CONFUNDE

Quase no fim do primeiro tempo, um carrinho de Bruno em Rafael Marques foi visto como falta a favor do São Paulo. Segundos depois, entretanto, o árbitro Anderson Daronco reconheceu o erro e inverteu a marcação.

MAIS ARBITRAGEM

Os palmeirenses se queixaram de outra marcação de falta, logo depois. Neste caso, pelo fato de o árbitro não ter dado vantagem a Rafael Marques, que sairia cara a cara com Rogério Ceni.

PLACAR ABERTO

Em contra-ataque iniciado por Thiago Mendes, Carlinhos recebe com liberdade na meia esquerda, corta a marcação e bate no canto esquerdo de Fernando Prass, aos 15 minutos.

EMPATE NOS ACRÉSCIMOS

Aos 47, Rogério Ceni foi pressionado por Alecsandro dentro da área e entregou a bola para Robinho. De fora da área, o meia encobriu o goleiro são-paulino e empatou.

 

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