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Guilherme Palenzuela
As previsões iniciais do São Paulo em relação a Breno se comprovaram equivocadas. E positivamente. Pouco mais de um mês depois de reestrear pelo clube sob o comando de Juan Carlos Osorio e jogando como volante, e não como zagueiro, Breno faz exibições que rendem elogios de comissão técnica e companheiros, adaptou-se à nova posição e já é visto como alternativa para o time titular. Melhor: depois de oito anos, voltou a marcar um gol no último domingo, na derrota para o Avaí, por 2 a 1.
Com Osorio, Breno pode ser zagueiro ou volante. Mas é como primeiro jogador de meio e campo, atuando imediatamente à frente da dupla de zaga, que o jogador de 25 anos se destaca atualmente. Ele foi escalado nessa posição contra o Avaí, mais uma vez. Quando Breno voltou ao São Paulo, porém, diretoria e comissão técnica – de Muricy Ramalho, na época – a previsão era recuperá-lo como cidadão, sem grandes projeções para a volta do atleta.
“Isso é um caso especial, precisaremos tomar muito cuidado. O jogador parou totalmente de ser um atleta. Temos de incluí-lo pouco a pouco no meio do futebol. O São Paulo teve um grande gesto, mas não devemos colocar meta nesse assunto. Conheço bem o jogador. Ele perdeu tudo, físico, noção de campo. Vamos trabalhar com paciência, sem data, sem nada. Aos poucos, ele vai se recuperar, falou Muricy, em janeiro de 2015, em entrevista coletiva.
Para voltar a jogar, Breno seguiu uma programação especial de treinos. O São Paulo o colocou em regime de troca semanal – seis dias de treino com o elenco, seis dias de treino afastado. A ideia era prevenir lesões musculares ao tentar fazer com que ele, depois de quatro anos longe dos gramados, voltasse a jogar com segurança. O processo foi longo, tropeçou em algumas previstas contraturas musculares no meio do caminho, mas se concluiu de forma totalmente positiva.
Breno voltou a jogar no dia 9 de agosto de 2015. Entrou durante o segundo tempo do clássico contra o Corinthians, como volante à frente de uma linha com três zagueiros. Desde que chegou, Juan Carlos Osorio mostra imenso otimismo em recuperar não só o cidadão, mas também o jogador. No último domingo, Breno aproveitou jogada ofensiva do São Paulo para invadir a área e finalizar de esquerda, para depois de oito anos voltar a balançar as redes.
Foi o terceiro gol de Breno na carreira, o terceiro pelo São Paulo e o segundo de perna esquerda. O último, com o mesmo pé, havia sido o belo gol marcado contra o Santos em 15 de setembro de 2007, há oito anos, pelo Brasileirão: tirou de um zagueiro ao matar a bola de peito, puxou para esquerda tirando um segundo marcador, invadiu a área, saiu no meio de três defensores santistas e finalizou para marcar. Artilheiro do time na temporada, o atacante Alexandre Pato falou sobre o gol do zagueiro que agora joga de volante.
“Foi muito bacana. Ficamos muito felizes pelo Breno. Esse negócio de o jogador não poder entrar no canto do campo para comemorar com os companheiros, isso deveria mudar. Um cara que sofreu bastante, teve uma vida muito dura, está reconquistando as coisas agora. Fazer um gol depois de anos, pelo São Paulo de novo… todos deveriam poder comemorar com ele. Para a vida dele aquele momento foi muito especial”, disse Pato.
Breno deixou o São Paulo por R$ 50 milhões e se transferiu ao Bayern de Munique em 2007. Na Alemanha, o jogador sofreu com uma lesão de joelho e, em 2011, foi preso de forma preventiva por suspeita de ter ateado fogo à própria casa. Posteriormente, foi condenado a três anos e nove meses de prisão, pena que cumpriu em regime fechado por dois anos. Passou ao semi-aberto em agosto de 2013, trabalhou no Bayern neste período e em dezembro de 2014 a pena foi suspensa, e o atleta voltou ao São Paulo para começar a fazer valer o contrato firmado ainda em 2012.