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Tossiro Neto
Goleiro volta a reconhecer falha no gol do Palmeiras no clássico do último domingo, elogia trabalho do treinador e entende que ele não deixará o clube neste momento.
Rogério Ceni surpreendeu a todos nesta segunda-feira ao se apresentar para conceder uma entrevista no CT da Barra Funda. O capitão do São Paulo, avesso a coletivas, apareceu na sala de imprensa para, novamente, assumir o erro pelo gol que culminou no empate do Palmeiras, no clássico do último domingo, no Morumbi. Mais que isso, exaltou o técnico Juan Carlos Osorio e se mostrou confiante em continuar trabalhando com o treinador, pelo menos até o final do Campeonato Brasileiro.
– Não seria surpresa ele ir para o México. Mas não acredito que ele vá antes de dezembro. Eu não falei com ele, não houve nenhum comentário, mas eu não acredito em uma saída em meio ao trabalho. Acredito até em uma possível saída para o México, mas não no meio da temporada. Em uma eventual saída, se eu estiver enganado, ele acrescentou muito ao São Paulo, ao futebol brasileiro – afirmou Ceni.
O goleiro voltou a falar da falha que impediu o São Paulo de vencer o Choque-Rei do fim de semana. O Tricolor vencia a partida por 1 a 0 até os acréscimos, quando ele errou um passe na saída de bola. Robinho, de novo, acertou um lindo chute por cobertura e empatou. Assim como aconteceu na saída do Morumbi, o jogador admitiu que poderia ter tentado outra solução para a jogada.
– Naquele momento, talvez o melhor fosse o chutão. Risco que se corre. Foi infelicidade. Se a bola não pega embaixo do pé do Alecsandro, iria para lateral, acabaria o jogo. Todos ficam tristes. Os jogadores se esforçaram, correram muito. Coloco-me junto deles, porque também fiz partida tranquila, jogando com saída assim em 90 minutos. Erro meu, erro não pelo chute em si, mas pela atitude de sair jogando, quando o mais correto talvez fosse sair do protocolo do nosso sistema de jogo. Não sabia quanto tempo tinha, mas sabia que estava nos acréscimos – disse.
Confira abaixo a entrevista coletiva do capitão tricolor:
FALHA NO CLÁSSICO
– Ficar de cabeça baixa depois do jogo é normal. Afinal de contas, foi empate com sabor de derrota, porque fizemos um belíssimo jogo. O melhor jogo dos últimos meses, onde tivemos velocidade na saída de bola. O lance final é plausível para que todos saiam tristes de campo, eu em especial. Temos característica de saída de bola dominada, diferentemente dos times que preferem recompor depois. O Osorio confia bastante em mim para esse tipo de jogada. Naquele momento, talvez o melhor fosse o chutão. Risco que se corre. Foi infelicidade. Se a bola não pega embaixo do pé do Alecsandro, iria para lateral, acabaria o jogo. Todos ficam tristes. Os jogadores se esforçaram, correram muito. Coloco-me junto deles, porque também fiz partida tranquila, jogando com saída assim em 90 minutos. Erro meu, erro não pelo chute em si, mas pela atitude de sair jogando, quando o mais correto talvez fosse sair do protocolo do nosso sistema de jogo. Não sabia quanto tempo tinha, mas sabia que estava nos acréscimos.
MAIS SOBRE O ERRO
– Você acaba analisando melhor o lance. Lance que lamento pelo fato acontecido, não pela maneira de jogar. O estilo que o Osorio pede vai de encontro exatamente ao que eu penso. Orgulho-me muito de ter um treinador que pense dessa maneira. O Fernando Diniz fazia isso com o Audax, e eu achei fantástico o primeiro tempo que fizeram contra nós, mesmo perdendo o jogo. Um conceito moderno de futebol se baseia nesse estilo de jogo. Eu lamento ter equivocado na escolha da jogada.
MOTIVO DA ENTREVISTA
– Na saída do jogo, você não tem tempo. Vocês são em 20, 30 pessoas. Não dá para explicar da maneira correta. Tive oportunidade de falar duas horas depois do jogo também, mas para pouquíssimas pessoas. Você acaba analisando melhor o lance. Lance que lamento pelo fato acontecido, não pela maneira de jogar. O estilo que o Osorio pede vai de encontro exatamente ao que eu penso. Orgulho-me muito de ter um treinador que pense dessa maneira.
OSORIO SAI?
– Acho que ele não vai sair do São Paulo, é a opinião que tenho. Acredito que ele tem convite de uma seleção para trabalhar, fruto de seu trabalho, da projeção que ganhou no São Paulo. Um treinador que gosta do jogo, do risco, joga no limite.
TÉCNICO NA SELEÇÃO MEXICANA
– Casa muito com o estilo da seleção mexicana, que é muito técnica, que joga com a bola no chão. Não seria surpresa ele ir para o México. Mas não acredito que ele vá antes de dezembro. Eu não falei com ele, não houve nenhum comentário, mas eu não acredito em uma saída em meio ao trabalho. Acredito até em uma possível saída para o México, mas não no meio da temporada. Em uma eventual saída, se eu estiver enganado, ele acrescentou muito ao São Paulo, ao futebol brasileiro.
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MAIS SOBRE OSORIO
– Nada se joga no lixo. Temos que ponderar. São as opções que ele tem na carreira. Ele tem sonho de dirigir uma seleção que vá a uma Copa do Mundo até os 60 anos. Ele tem 54 anos. Tem oportunidade agora, apesar de a Copa do Mundo não estar tão próxima. Acredito que ele tenha capacidade e vá dirigir uma seleção até a Copa. Mas reitero: vejo ele continuando o trabalho aqui, espero que com o título da Copa do Brasil. Seria muito importante para nós e para a carreira dele, conquistar um título pelo São Paulo.
TRABALHO DO TÉCNICO NO CLUBE
– Ele traz um conceito de jogo que já tinha no Nacional de Medellín, com gramado muito bom para se fazer isso. É o jeito dele de ver o futebol, de quem trabalhou na Europa muito tempo.
ESFORÇO PARA O TÉCNICO FICAR
– A diretoria já manifestou desejo de que ele continue aqui. Apesar de respostas ríspidas, às vezes, e colocações que até a própria diretoria vai na contramão, conflitos que possam existir entre os dois, a diretoria é muito satisfeita com o trabalho dele. Pelo pouco que conheço, é uma pessoa bem objetivada, com metas resolvidas em sua vida. Não seriam os jogadores que fariam mudar suas metas. Espero que permaneça. Se não permanecer, está indo para um novo e grande desafio. A gente sempre fica feliz quando um profissional sai daqui para uma meta maior. Uma seleção que nunca foi campeã do mundo, mas que vem fazendo boas participações, mostrando evolução nos últimos anos. A gente torce pelo profissional. Assim como o Souza, um jogador que gostava muito do São Paulo e saiu para ter um ganho financeiro melhor. A gente torce para que ele se sinta feliz.Se for conosco, muito bacana. Senão, a gente torce pelo profissional, porque é uma pessoa muito bacana.
DECLARAÇÕES DO TÉCNICO CONTRA DIREÇÃO
– O que ele falou sobre confiança foi fato isolado. Quem sou eu para julgar se ele exagerou ou não na sua declaração? A gente deve julgar menos as pessoas. Quanto mais julgamentos a gente fizer, mais um dia seremos cobrados. Ele tem autonomia, capacidade, experiência para colocar as palavras que coloca. O Ataíde (vice do Departamento de Futebol) também é um sujeito com experiência de vida. Não cabe a mim julgar como eles conduzem as situações. Podem trocar farpas, mas se entendem bem dentro do CT, das salas, onde vejo, com muita cordialidade entre ambos.
CONTRA O VASCO NA QUARTA
– Foi o próprio Osorio que falou que faria escolha para ter uma equipe forte para esses três jogos, o melhor que pudesse ter em campo. Ainda não foi conversado, falado sobre o jogo de quarta-feira. Temos baixas, e são importantes, como o Luis Fabiano, o Rogério, o Michel Bastos, Breno. Dentro disso, temos elenco, e acredito que ele vá fazer a melhor formação que possa ter. É um jogo importantíssimo. Uma chance de chegar à final da competição.
É O PIOR MOMENTO POLÍTICO DO SÃO PAULO?
– Não acho, já tivemos momentos muito ruins. Conheço o São Paulo aqui dentro desde 1990. Neste período, tivemos 95 e 96 como anos muito ruins, após as conquistas de Mundial e Libertadores. Tivemos época também muito difícil com a reforma do estádio, amortecedores que foram instalados no Morumbi. O futebol brasileiro é de altos e baixos. Ninguém consegue se manter numa constante por tanto tempo como na Europa. É futebol diferente, onde tem determinadas épocas. Uma grande empresa resolve investir em um grande clube. Tende a voltar a baixar. Não consegue se manter uma equipe vencedora. Há alternância de momentos entre as equipes. É natural essa oscilação.
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CONTRIBUIÇÃO DE OSORIO
– O quanto o Osorio te faz refletir sobre seu momento após encerrar a carreira, sobre ser treinador? “Cito mais no estilo, no que ele pede de jogo, que eu entendo que é o bem para o futebol. Uma equipe que tem gramado bom para jogar traz a beleza do futebol. Em vez de ficar chutando bola da área para o meio de campo por 90 minutos, apenas se limitando a marcar o adversário, o jogo fica muito mais interessante para quem vai ao estádio quando se tem uma equipe que põe a bola no chão e se propõe a chegar até a outra área. Temos exemplos do Bayern de Munique, Barcelona. Esse conceito, por ele ter trabalhado fora, concordo muito. Com relação a ser treinador, é aprendizado muito grande esse trabalho próximo a ele. Existe vínculo muito grande meu com o clube, corre-se muito risco em apagar, dentro do que vale como bom e ruim no futebol brasileiro. Se acaba ontem 1 a 0, éramos fantásticos. Aos 47, quando sai o gol, a gente já não é tão fantástico.
PRIORIZAR A COPA DO BRASIL
– Acho que ainda dá para pensar nas duas competições. Temos vários concorrentes, não só o Palmeiras. Uma série de times que têm dois ou mais pontos de diferença no campeonato. Em 30 pontos a disputar, não podemos desprezar a competição. Hoje, a Copa do Brasil é mais importante, porque o próximo jogo é por ela. Temos vantagem e obrigação de trazer a classificação. Depois, temos Atlético-PR e uma parada de 10 dias para preparação. Temos chance de vencer em casa no sábado e se preparar bem para o estante da competição.
VENCER A COPA DO BRASIL
– Não é obsessão, falta mesmo, porque nunca ganhei, mas é minha última chance de ser campeão como atleta. Tentarei motivar ao máximo meus companheiros, para que a gente possa ter uma oportunidade de ter mais um quadro na parede.Temos ainda o Vasco pela frente, em uma eventual passagem para a semifinal, desenha-se, pelo primeiro resultado, uma probabilidade maior de um clássico paulista. Em uma final, não tem como escapar de um grande clube brasileiro. Um caminho muito difícil a partir de agora, mas também grande oportunidade para todos. Grande oportunidade para mim, por ser a última, mas para todos”, fala Ceni, sobre a Copa do Brasil.
CHANCE DE TÍTULO DO CORINTHIANS
– É uma questão matemática, tem gente que faz esse cálculo. Sete pontos de 30, uma folga para descartar. O Atlético, adversário mais próximo, teria que fazer 30 pontos contra 23. É uma chance que tem que ser calculada pelos matemáticos. O Corinthians vem tendo um futebol convincente.