Conheça Rogério, neto de índios, pai e andarilho da bola: “Neymar, não!”

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GloboEsporte.com

Marcelo Prado

A paixão do atacante pelo futebol começou na infância, no estádio de Pesqueira, a 215 quilômetros de Recife. De lá até a estreia pelo São Paulo, muita coisa aconteceu.

Uma estreia para guardar com carinho. Rogério foi apresentado na sexta-feira, vestiu a camisa 17 do São Paulo pela primeira vez no sábado, marcou um gol e foi um dos destaques da vitória sobre o Internacional por 2 a 0 no Morumbi. É o início de uma nova etapa do atacante que, apesar de ter apenas 24 anos, já rodou bastante no mundo do futebol.

São Paulo x Internacional Rogério (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)Rogério comemora o primeiro gol da vitória do São Paulo sobre o Inter no Morumbi (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

O atacante é natural da cidade de Pesqueira, que fica a 215 quilômetros de Recife. Os avós são índios da tribo xucurus, e Rogério teve contato com a cultura indígena até os seis anos. Morava com os pais na comunidade de Roçadinho, na periferia da cidade pernambucana, onde dividia seu tempo entre os estudos e a bola de futebol.

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Isso chegou a causar brigas entre os pais do atleta, José Manuel e Cícera. O primeiro queria que o filho ajudasse na roça, enquanto a segunda gastava o pouco dinheiro para manter o sonho do filho. De onde moravam até o estádio municipal da cidade, a distância era de nove quilômetros, trajeto que Rogério fazia de bicicleta. Até que, aos 14 anos, deixou a família para fazer teste e ser aprovado no Porto de Caruaru, onde se tornou um jogador profissional.

– Com 14 anos, saí de casa e fui aprovado no Porto. Sou um cara humilde, que procura trabalhar para a equipe. Apesar da pouca idade, rodei bastante no futebol e agora é uma alegria muito grande vestir a camisa do São Paulo – afirmou Rogério, que, apesar deste discurso comedido, foi mais incisivo logo após a vitória que recolocou o São Paulo no G-4 do Brasileirão.

Rogério São Paulo Instagram (Foto: Reprodução/Instagram)
São Paulo celebra a estreia do atacante lembrando o goleiro-artilheiro (Foto: Reprodução/Instagram)

– Fiz o que melhor sei fazer, que é ir para cima do adversário.

Em 2010, atuou no Central de Caruaru e, no ano seguinte, foi para o Náutico, onde começou a crescer de rendimento. Em 2011, começou a namorar Aline, uma garota que morava em Pesqueira.  A união não foi aprovada pelos pai, José Romildo, que tinha medo de que a menina pudesse se aproveitar da ingenuidade de seu filho. Os dois brigaram e, dentro de campo, o desempenho do jogador caiu bastante. Foi então que o técnico Valdemar Lemos (irmão de Oswaldo de Oliveira, atual treinador do Flamengo) entrou em ação para resolver a incômoda situação.

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Valdemar foi até Recife, onde os pais do atacante moravam, para discutir o assunto. A trégua foi acertada. O namoro com Aline virou casamento, e eles tiveram um filho, David Juan, que está com três anos.

Em 2012, sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo. Em partida contra o América-MG, rompeu o ligamento cruzado e ficou sete meses longe dos gramados. Quando se recuperou, já em 2013, foi emprestado e ficou um ano jogando no Al Dhafra, dos Emirados Árabes. Voltou um ano depois para jogar no Botafogo. No Rio, o sonho de atuar num grande do futebol brasileiro se transformou em pesadelo. Com atraso de salários, acabou não se destacando e retornou ao Náutico.

No início de 2015, um novo clube apareceu no destino de Rogério: o Vitória. E ele se destacou na Bahia. No Campeonato Brasileiro da Série B, havia marcado dez gols e era um dos principais artilheiros da competição. Com isso, chamou a atenção do São Paulo, que desembolsou R$ 1,2 milhão para contratá-lo em definitivo. Seu vínculo com a equipe do Morumbi vai até setembro de 2018.

Feliz com o desempenho na partida deste sábado, Rogério sabe que sua caminhada no São Paulo está apenas começando.

Neymar, não! Neymar só tem um. Gosto muito dele, acho um jogador fantástico. Eu sou o Rogério, estou aqui no São Paulo buscando meu espaço

Rogério, atacante do São Paulo

– Com os pés no chão, tenho de continuar trabalhando forte, como estou fazendo desde o dia da minha chegada. A estreia foi boa, pudemos sair com o resultado positivo, mas ainda tenho muito que melhorar. Creio que poderia ter finalizado melhor – ressaltou.

Os elogios não incomodam, mas uma coisa Rogério não gosta: ser chamado de Neymar do Nordeste, apelido que ganhou quando vestia a camisa do Náutico por ter estilo de jogo parecido com o jogador do Barcelona.

– Neymar, não! Neymar só tem um. Gosto muito dele, acho um jogador fantástico. Eu sou o Rogério, estou aqui no São Paulo buscando meu espaço – disse.

Na quarta-feira tem clássico entre São Paulo e Santos. E Rogério diz estar pronto.

– Se o professor (o técnico Osorio) precisar, estou à disposição.

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