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Guilherme Palenzuela
Um dia após ter certeza de que não perderá Alexandre Pato na janela europeia de transferências, o São Paulo começa a colocar em prática nesta terça-feira (1) o plano para contratar definitivamente o atacante do Corinthians em janeiro de 2016, após o fim do contrato de empréstimo. A estratégia é reunir recursos por meio de um empréstimo com um eventual parceiro para pagar o rival e reverter mensalmente entre 15% e 20% da receita do programa sócio-torcedor para o pagamento dos salários do atacante, que hoje recebe R$ 800 mil mensais – metade de cada clube.
Pato tem contrato até 31 de dezembro de 2016 com o Corinthians e poderá assinar um pré-contrato com qualquer outro clube a partir do dia 30 de junho de 2016. Isso faria com que o Corinthians o perdesse de graça, sem receber indenização, ao término do vínculo. Por isso, o São Paulo acredita que em janeiro de 2016 o valor de mercado de Pato será mais baixo que o atual. O clube do Morumbi baseia a teoria, também, no valor da única proposta recebida pelo Corinthians na janela de transferências que se encerrou nessa segunda-feira (31): o Galatasaray, da Turquia, apresentou a solitária oferta de 5 milhões de euros (R$ 20,4 milhões), recusada pelo Corinthians – a cláusula rescisória do contrato de empréstimo é o dobro do valor. O Corinthians detém 60% dos direitos econômicos do jogador, que é dono dos outros 40%.
O plano de comprar os direitos econômicos de Pato foi traçado no fim do primeiro semestre pela diretoria são-paulina. A ideia do presidente Carlos Miguel Aidar era colocá-lo em prática a partir do início de setembro, após a janela europeia de transferências.
O São Paulo já pediu empréstimo para a contratação do argentino Ricardo Centurión, no início do ano. Foi o hoje diretor de marketing Vinicius Pinotti quem emprestou R$ 13 milhões para realizar a operação. O método é o mesmo que seria adotado no fim de julho para contratar o zagueiro Dória, do Olympique de Marselha. O departamento de futebol do São Paulo chegou a fechar acordo de 6 milhões de euros (R$ 20,9 milhões, na ocasião), mas viu a diretoria barrar o negócio devido aos problemas financeiros. O clube passa por momento delicado, chegou a dever quatro meses de direitos de imagem ao elenco, opera com largo déficit mensal e já antecipou parte dos recebíveis do contrato com a Under Armour.
Se a matemática do São Paulo der certo, o clube conseguirá prometer salário de R$ 700 mil a Pato em 2016 – R$ 100 mil a menos do que ele recebe hoje. A ideia da diretoria é pagar R$ 350 mil ao atleta, valor que será adotado como teto salarial a partir da próxima temporada, e reverterá outros R$ 350 mil mensais oriundos do programa sócio-torcedor a Pato. O clube recebe atualmente R$ 1,3 milhão por mês do sócio-torcedor, com 74 mil associados, e projeta que até o fim do ano chegará a 100 mil associados e R$ 2 milhões mensais de receita. Se chegar ao nível esperado, precisará prometer para Pato 17,5% da receita mensal do programa para obter mais R$ 350 mil.
Faz parte da ideia, também, transformar Pato no garoto-propaganda do sócio-torcedor. Assim, a campanha de manutenção do atacante no São Paulo seria lançada com o objetivo de angariar mais associados ao programa em 2016.
O São Paulo ainda passará a incluir a partir de agora nas apresentações de venda de espaço de publicidade para empresas a possibilidade de comprar propriedade exclusiva do projeto de manutenção de Pato. A ideia é reduzir ainda mais a participação do clube na remuneração do jogador e reverter a receita do acordo ao salário do atacante. Foi essa a estratégia ao contratar Luis Fabiano, em março de 2011. No início do acordo, o camisa 9 recebia R$ 350 mil mensais do clube e outros R$ 200 mil de patrocinadores. Hoje, no entanto, sem patrocinadores, o São Paulo paga o salário integral.
Não há alternativa para o São Paulo se o clube não conseguir acordo pela participação de parceiros no investimento para romper o contrato de Pato com o Corinthians. Também, não há a possibilidade de o clube arcar com o salário integral do jogador no patamar atual.
Pato vive atualmente aquela que considera sua melhor temporada da carreira. Com 21 gols marcados em 41 jogos, ele superou a própria marca pessoal e tem recebido constantes elogios do técnico Juan Carlos Osorio. O atacante não esconde que pretende voltar à Europa, mas também já afirmou que gostaria de se tornar ídolo do São Paulo.