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Acusado de desvio de dinheiro pelo ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, dirigente cede à pressão e afirma que entregará o cargo após reunião com lideranças do clube.
Carlos Miguel Aidar colocará na terça-feira um ponto final em sua passagem como presidente do São Paulo. Eleito em 16 de abril de 2014 para substituir Juvenal Juvêncio, o dirigente não resistiu à enorme pressão e ao isolamento político após as denúncias do ex-vice Ataíde Gil Guerreiro e decidiu renunciar. Isso será feito depois de uma reunião com dirigentes e lideranças políticas do Tricolor no início desta semana.
– Já convoquei. Tanto os diretores renunciantes como os líderes de partidos. Se o conselho ainda estiver aberto, protocolo a renúncia na terça à noite – afirmou Aidar, ao portal UOL.
Pessoas próximas a Carlos Miguel Aidar confirmaram ao GloboEsporte.com que o presidente entregará o cargo depois do encontro com os dirigentes que restaram em sua diretoria.
A partir do momento em que for entregue a renúncia, quem assumirá o comando do clube é presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o qual terá 30 dias para convocar novas eleições. Pleito do qual, inclusive, ele admite que poderá ser candidato.
A gota d’água foi a briga de segunda-feira com Ataíde Gil Guerreiro, em um hotel da capital paulista. Demitido da vice-presidência de futebol um dia depois de ter acertado um soco no então chefe, o dirigente elaborou dossiê com uma série de acusações (das quais diz ter provas) contra Aidar. Entre elas, a de desvio de dinheiro em diversas negociações de jogadores.
A queda de Ataíde, na terça-feira, resultou na saída de uma série de outros dirigentes e, consequentemente, no isolamento do presidente, que já via a oposição política articular movimentos em busca de seu impeachment há algumas semanas. Desde então, diversos grupos políticos, inclusive o de sua base aliada, retiraram apoio e exigiram sua saída.
A mais recente suspeita recaiu sobre a contratação de Iago Maidana, que está sendo analisada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva e poderá render sanção – o clube corre risco de ser proibido de registrar novos atletas por determinado período. Nem mesmo Juan Carlos Osorio confiava nele, como o próprio técnico colombiano admitiu publicamente antes de pedir demissão e assumir a seleção mexicana.
A renúncia de Aidar é o último capítulo de seu retorno ao clube depois de 24 anos distante. Presidente em dois mandatos na década de 1980, o dirigente voltou à política do São Paulo com apoio do antecessor Juvenal Juvêncio, no ano passado. Pouco depois de eleito, porém, rompeu relações com o antigo aliado ao tirá-lo do comando das categorias de base, e se tornou seu maior desafeto, causando um racha histórico.
A partir daí, a cada movimento errado ou suspeita de irregularidade (como o polêmico contrato de comissão no acordo com a Under Armour, fornecedora de material esportivo), mais e mais conselheiros deixavam de apoiá-lo. Os membros da oposição, que Aidar dizia inicialmente “caber em uma Kombi”, aumentaram gradativamente.
Nos últimos dias, diferentes correntes dentro do clube passaram a se articular em busca de seu impeachment. O e-mail de Ataíde, ao qual a imprensa teve acesso, porém, acelerou o processo, e Aidar se convenceu de que deveria renunciar de forma espontânea em vez de enfrentar o desgaste de um arrastado processo político no Conselho, que avisou que convocaria na terça-feira uma assembleia extraordinária para o dia 22.