Análise: saída de Aidar é necessária, mas não resolve crise do São Paulo

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GloboEsporte.com

Alexandre Lozetti

Iminente renúncia do presidente abre espaço para a paz voltar ao clube, mas também deixa brechas para os inúmeros grupos políticos confabularem pelo fetiche do poder.

Carlos Miguel Aidar (Foto: Marcos Ribolli)

Carlos Miguel Aidar deve apresentar sua renúncia nesta terça-feira (Foto: Marcos Ribolli)

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A iminente renúncia de Carlos Miguel Aidar é um passo importante, porém longe de ser definitivo para que o São Paulo resolva seus problemas políticos, e volte a ter credibilidade perante torcida e mercado. As aparentes boas ideias e intenções da campanha que reconduziu o advogado ao poder, em abril do ano passado, se perderam em meio a escândalos e contratos mal explicados.

Agora, sua queda, prestes a ser oficializada, pode tanto ser o ponto de partida para tempos de paz, como a abertura de brechas para uma espécie de dirigente que se prolifera no Tricolor paulista: aquele que pensa mais no próprio bem do que no do clube.

A sensação de ostentar qualquer tipo de poder no time do coração chega a ser doentia. Apoios são trocados por afagos, mimos que soam insignificantes, como um ingresso aqui, um abraço no ídolo ali, uma oportunidade de viajar no ônibus com os jogadores. É fácil massagear o ego de sócios, conselheiros ou potenciais aliados. Até mesmo certos torcedores do São Paulo tentam se notabilizar sob o rótulo de “influentes”. É quase um fetiche.

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Nesse contexto, o clube se depara com a bizarrice de ter mais de 10 grupos políticos. Não há nem espaço para tantas divergências. E esses “partidos” não param de crescer. Um dissidente daqui se junta com outro dali, agregam mais dois ou três, e pronto, forma-se um novo grupo: Vanguarda, Participação, Movimento São Paulo, Clube da Fé, Força São Paulo, Nova Força, etc, etc, etc…

Já há, por exemplo, um novo partido surgindo, com os principais aliados de Aidar – Douglas Schwartzmann (que teria sido citado em gravações do presidente, feitas por Ataíde Gil Guerreiro, como protagonista de operações fraudulentas e comissões irregulares), Antônio Donizeti Gonçalves, o Dedé, Eduardo Alfano, entre outros, para lançar candidato na eleição que deve ser convocada ao longo dos próximos 30 dias. Seria a permanência oculta de Aidar e seus métodos? Vale lembrar que a maioria dos citados retirou apoio ao presidente depois que ele havia anunciado a renúncia. Conveniente, no mínimo.

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A sede de poder começou a ser cultivada durante a gestão de Juvenal Juvêncio. Sua forma centralizadora de governar gerou medo camuflado de respeito. Ninguém se opunha às suas decisões, mesmo as mais sigilosamente condenadas, como a criação de seu terceiro mandato. Por que? Por medo de perderem o cargo, a pompa, o orgulho e o gostinho de dizer aos vizinhos e parentes que eram figuras importantes no São Paulo. Era evidente que, assim que se vissem livres da “entidade” Juvenal, conselheiros, diretores e vices botariam as manguinhas de fora, babando em busca de um lugar ao sol.

O São Paulo não tem mais direito de errar. Nos últimos anos, não perdeu apenas campeonatos, mas também a tal soberania que fazia questão de ostentar. Hoje, o clube não tem patrocínio, vive caos financeiro, seu estádio é obsoleto perante as novas arenas, e ainda é preciso conviver com a vergonha de ter visto um técnico excelente e absolutamente digno deixar o cargo abismado com os desmandos presidenciais. O São Paulo não tem credibilidade.

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Para recuperá-la, não basta restabelecer a paz e a dignidade. É preciso parecer pacificado e digno. Vender uma imagem positiva, desde que seja verdadeira. Dar início a uma reforma que modernize seu estatuto. Isso só será possível com a junção de pessoas de bem e suficientemente desprendidas da sensação de poder, tudo sob o comando de alguém que tenha o respeito de todos os envolvidos, por sua postura e trajetória.

Alguém que, de preferência, rompa com a incômoda tradição tricolor de cultuar seus cardeais. Há bustos e homenagens mil aos engravatados, mas não há referências a seus maiores ídolos. Onde estão Telê Santana, Raí, Muricy Ramalho, Roberto Dias, Careca, a não ser no imaginário dos torcedores? São eles os verdadeiros ídolos e responsáveis pelo tamanho que o clube atingiu. É uma lição a ser aprendida desses últimos desastrosos anos.

Se o São Paulo errar agora, dará a Carlos Miguel Aidar, em pouco tempo, a oportunidade de se transformar em bode expiatório, um coitado que pagou sozinho pelos erros de um clube à deriva. Se o São Paulo quiser se firmar por princípio, e não por conveniência, como combatente de gestões danosas, deve investigar até o último fio de cabelo todo o prejuízo que lhe pode ter sido causado nos últimos anos.

Aidar cairá. Mas, se o São Paulo não se livrar da ganância e dos interesses pessoais de seus inúmeros e injustificáveis partidos, cairá também. Mais cedo ou mais tarde.

Leco presidente conselho deliberativo sao paulo (Foto: Reprodução/SporTV)Leco deve assumir, como presidente do Conselho, e será candidato ao convocar eleições (Foto: Reprodução/SporTV)

 

4 COMENTÁRIOS

  1. olha, todo clube tem dirigentes que fazem grana, e isso nunca foi diferente no sao paulo, nem nunc va ser. nunca foi isso que atrapalhou a gestao do clube. se alguem aqui eh ingenuo o suficiente pra achar q na gestao do mpg ele nao fez nenhuma grana com o time, eh melhor nem comentar. TODOS os clubes tem isso. nao eh por isso que o aidar foi um pessimo presidente. mas eh isso que o LECO (juvenal) usou pra forçar a renuncia. otimo. mas nao faz mto tempo atras que o proprio leco estava puto com o juvenal por nao ser o candidato imediato de escolha dele, e deu xilique de ciumes do aidar. agora o mesmo eh responsavel pelo conselho que decide o futuro das eleiçoes do sp, e se apresenta como salvador da patria. o LECO EH O PIOR POSSIVEL. se tem uma coisa boa nesse tempo q a besta do aidar fez nesse tempo no poder, foi ter mandado o juvenal pra longe e a gente nao ter q aturar mais o leco no noticiario tricolor. agora, ambos voltam com tudo, e o futuro eh mais sombrio ainda. enqto nao mudarmos o sistema, qualquer um que sentar no troninho, eventualmente vai se transformar no que o juvenal e o aidar se transofrmaram. qualquer um vai querer ficar ali o maximo possivel, vaidoso, pomposo, e inutil. precisamos de uma reforma na gestao que incentive isso, mas de varias frentes, descentralizando os vicios em um trono, mas qnd divide-se isso, um contem o outro, um vigia o outro, e o sao paulo sai ganhando. esperar que alguem “honesto” que nem i abilio ou o marco aurelio apareçam e salvem a patria eh ilusao, eles tb iriam repetir os mesmos erros. tristemente nao vemos nenhuma palavra vindo do sp que indique que iremos nessa direção, pelo contrario, mais do mesmo vem aih, e eles estao famintos pela “vez deles”. eh torcer para pelo menos o leco ser um fdp nos bastidores e faça valer coisas simples que estamos perdendo fazem anos – alguem se lembra qnd foi o ultmo sorteio de mata-mata que a segunda partida foi sorteada pra cair no morumbi – ou ainda algum jogo que nao fomos GARFADOS em casa, o sp esta mais fraco do que nunca nos bastidores imundos, isolado, com a midia entao nem se fala, e ainda por cima esta longe de ser um clube blindado a ela…rebaixamento vai ser pouco qnd a casa cair.