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Tossiro Neto
Grupos Participação e Movimento São Paulo, que tinha ex-vices na atual gestão, deixam o presidente cada vez mais isolado no comando do clube.
Outros dois grupos políticos do São Paulo retiraram oficialmente o apoio a Carlos Miguel Aidar. No fim da noite deste sábado, foi a vez do “Participação”, que até terça-feira tinha grande representação na gestão, com dois vice-presidentes e sete diretores. Formava, portanto, a base aliada do presidente, que, diante de graves acusações feitas pelo ex-vice Ataíde Gil Guerreiro, vê-se cada vez mais isolado e disse que vai renunciar após a reunião de terça-feira
Neste domingo, o “Movimento São Paulo”, que tem Antônio Donizeti Gonçalves (o Dedé, ex-vice-presidente social e de esportes amadores) como um dos líderes, também retirou apoio.
Entre os 23 conselheiros que assinam o comunicado, estão Julio Casares, que era primeiro vice-presidente, e Osvaldo Vieira de Abreu, que ocupava a vice-presidência de administração e finanças, além de outros sete ex-diretores: Antônio Luiz Belardo (ouvidoria), José Alberto Rodrigues dos Santos (administrativo), Luiz Antonio da Cunha (futebol amador), Marcos Francisco de Almeida (planejamento e desenvolvimento), Mário Quezada Paredes (tecnologia de informação e infraestrutura), Ricardo Granja (comunicações) e Themistocles Almeida Junior (futebol de campo social).
“Diante das evidencias objetivas da sua atitude em prejuízo do São Paulo Futebol Clube, (…) somente estaremos oferecendo apoio a governabilidade se V.Sa. pedir demissão do cargo de Presidente do São Paulo”, escrevem os membros do “Participação”.
Em outro trecho do comunicado, os conselheiros destacam que “há longo tempo vimos ouvindo boatos e comentários sobre o seu comportamento inadequado à frente do São Paulo Futebol Clube, mas somente nesta semana é que a evidencias sobre tais comportamentos foram objeto de comprovações”.
O “Vanguarda” (grupo de Marcelo Pupo, vice-presidente do Conselho Deliberativo, e José Augusto Bastos Neto, ex-presidente do clube) não se manifestou. Já o “Força São Paulo”, fundado após dissidências de cunho pessoal com o “Clube da Fé”, não o fará publicamente, mas também não está de acordo com a situação, de acordo com Eduardo Alfano Vieira, um de seus 13 representantes, que era diretor de relações internacionais do clube – antes de Aidar confirmar a renúncia, ele era um dos cotados para substituir Ataíde como vice-presidente de futebol.
– Não concordamos com qualquer tipo de lesa ao São Paulo. Nosso silêncio público não significa que não estejamos vendo o que está acontecendo. Não somos coniventes. Mas tratamos disso internamente, de modo reservado. E queremos, sim, mudar o presente, mas sem voltar ao passado – disse Alfano à reportagem.
Uma reunião com conselheiros, dissidentes e diretores foi convocada por Aidar para terça-feira. Nela, o mandatário pretende dar sua versão do desentendimento com Ataíde Gil Guerreiro (demitido na terça-feira) e, em seguida, entregaria sua carta de renúncia ao Conselho Deliberativo, o que oficializa a saída do clube.
Quando isso se confirmar, o presidente do órgão, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, assumiria o comando do clube por 30 dias, período que tem para convocar novas eleições. Ele, inclusive, admite que poderia se candidatar.
Crise no Tricolor
O clima nos bastidores do São Paulo ferve desde a última segunda-feira, quando Ataíde Gil Guerreiro deu um soco em Aidar depois de desentendimento em reunião realizada em um hotel da capital paulista. No dia seguinte, ele foi demitido da vice-presidência de futebol, o que resultou na saída em massa de outros dirigentes, e enviou um e-mail em que reúne acusações graves contra o mandatário, como a de desvio de dinheiro.
Se Aidar não renunciar até terça-feira, como ele mesmo anunciou, será convocada assembleia extraordinária no Conselho para que Ataíde exponha as provas que diz ter. A tendência, no entanto, é de que isso não seja necessário, uma vez que o presidente do clube tem sido aconselhado por familiares e pessoas próximas a deixar o cargo e evitar o desgaste maior de um processo de impeachment.