UOL
Guilherme Palenzuela
Juan Carlos Osorio ainda não decidiu se aceitará a proposta da seleção do México ou se ficará no São Paulo, mas indicou no sábado que deixará o São Paulo apesar de ainda tentar adiar a saída para o fim do ano. Osorio, pela primeira vez, foi claro em pronunciamento de cinco minutos sobre a proposta do México, a chance de sair do São Paulo, sua vontade e o conflito que vive para tomar uma decisão, que chamou de “tortura”. Após comentar o tema central e dizer que anunciará a decisão na próxima quarta-feira, o técnico colombiano foi questionado sobre declarações da diretoria nos últimos dias e desmentiu o vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro.
Gil Guerreiro falou ao UOL Esporte na última segunda-feira que havia diferença entre o discurso interno de Osorio, em conversas privadas com ele, e o discurso público, à imprensa. Disse que o técnico afirmava internamente que não havia chance de sair, mas que para a imprensa tratava o México como possibilidade. “Para a imprensa ele não está sendo claro e é por isso que fica todo mundo em dúvida. Agora, quando ele senta comigo numa sala e fala dessa maneira…”, disse o dirigente, que também afirmou que ficaria decepcionado e que Osorio seria “mentiroso” se deixasse o São Paulo. Neste sábado, questionado se seus discursos privados e públicos foram sempre iguais, Osorio rebateu:
“Sim, é o mesmo. O discurso é o mesmo que falei. Vou tomar uma decisão e os primeiros a saberem serão meus chefes”.
A afirmação do treinador de 54 anos coloca dúvida sobre como o tema foi tratado pela diretoria do São Paulo nas últimas semanas. Segundo quem conversa com Osorio, o discurso do técnico foi, de fato, sempre o mesmo tanto para dentro como para fora do clube. Porém, Ataíde Gil Guerreiro, único dirigente próximo de Osorio, com quem tem boa relação, teria tentado usar das afirmações como última cartada para manter o técnico que contratou e em quem tanto confia.
Ataíde Gil Guerreiro e Osorio têm relação amigável, cordial, e com discordâncias que tratam como naturais. Na entrevista coletiva depois de vencer o Atlético-PR por 1 a 0, neste sábado, Osorio falou, sobre a tentativa de adiar para o fim do ano a ida à seleção do México:”Por sugestão de um membro da diretoria a quem respeito profundamente eu estou fazendo o possível porque coincidem alguns tempos”. O dirigente que o treinador respeita profundamente é Ataíde Gil Guerreiro.
Juan Carlos Osorio está dividido. Quer ficar no São Paulo até o fim do ano porque está entusiasmado com a possibilidade de conquistar a Copa do Brasil, mas teme que o convite do México seja a única oportunidade da vida para disputar a Copa do Mundo por uma seleção competitiva. Osorio já disse que tem o sonho profissional de disputar uma Copa e que gostaria de fazê-lo antes dos 60 anos de idade. Como hoje tem 54, o recado é claro: a única Copa do Mundo possível no imaginário de Osorio é a de 2018, na Rússia.
O São Paulo planejava 2016 com Osorio e, segundo o próprio Gil Guerreiro, já negocia com quatro possíveis reforços indicados por Osorio para a próxima temporada. É praticamente certo que o 2016 no Morumbi será sem Osorio, e agora, pelo que foi indicado pelo técnico, só resta saber se a remota hipótese da seleção mexicana aceitar esperá-lo até o fim do ano será aceita. Se for desconsiderada, o colombiano anunciará na próxima quarta-feira que deixa o São Paulo.
A diretoria são-paulina não tem candidatos à sucessão e se preocupa muito com isso. Se o coordenador técnico Milton Cruz não pedir demissão junto de Osorio, deverá ficar como técnico interino até o fim do ano. Os dois meses da regência Milton Cruz entre a saída de Muricy Ramalho e a chegada de Juan Carlos Osorio têm avaliação positiva na cúpula do São Paulo apesar das eliminações na Copa Libertadores e no Paulistão.