GloboEsporte.com
Chris Mussi e Tossiro Neto
“Newton do Chapéu”, como é conhecido o economista de 57 anos, é dono de uma empresa de ventiladores e genro de Fernando Casal de Rey, ex-presidente do clube.
Sem trânsito, Newton Luiz Ferreira leva seis minutos da sede social do São Paulo até seu escritório, onde recebeu o GloboEsporte.com na semana passada. Lá, têm lugar de destaque os troféus dos quatro anos consecutivos em que ganhou, como técnico, o campeonato de futebol society dos sócios no Morumbi. Foi lá também que ele, agora candidato da oposição à presidência do clube, gravou a propaganda da campanha para deputado federal, em 2014, prometendo abrir mão do salário, mas “jamais de minhas convicções e do meu chapéu”.
– O chapéu é um hábito da minha família, já vem de gerações. Utilizei chapéu por muito tempo na sede social (do clube), então fiquei conhecido como Newton do Chapéu – explicou o concorrente de Carlos Augusto e Barros e Silva, na sexta-feira, dia em que optou por sair de casa com a calvície à mostra e ainda não havia liminar adiando o pleito desta terça.
Por influência do marketing, o chapéu foi marca registrada de sua campanha no ano passado, na primeira vez em que tentou se eleger para um cargo público e recebeu insuficientes 2.702 votos. Economista de formação e dono de uma empresa de ventiladores, com R$ 8,6 milhões em bens declarados, o empresário de 57 anos promete novas tentativas para seguir a tradição de uma família de políticos. Antes, quer realizar o sonho de presidir o São Paulo.
Apesar de ter se tornado conselheiro há menos de dois anos e não ser conhecido pela torcida, ele aposta na atuação combativa que teve até a renúncia de Carlos Miguel Aidar à presidência, há duas semanas. Sustenta-se, ainda, no apoio político do sogro Fernando Casal de Rey (presidente do clube entre 1994 e 1998) e acredita que possa ser prejudicial para Leco sua proximidade com figuras que estiveram no poder “nos últimos 13 anos e meio”.
Veja a seguir a entrevista do candidato de oposição (o GloboEsporte.com ofereceu o mesmo espaço ao candidato da situação, Carlos Augusto de Barros e Silva, presidente do Conselho Deliberativo – e do clube, em exercício -, mas ele se recusou a conceder entrevista).
GloboEsporte.com: A primeira questão que surgiu a partir de sua candidatura foi: “Quem é Newton Luiz Ferreira?”. Quem é Newton Luiz Ferreira?
Newton: É um torcedor apaixonado pelo São Paulo, que frequenta o estádio desde 1971. Sou sócio desde 1979, sou uma pessoa que tem uma vida profissional de sucesso. Tenho duas filhas maravilhosas, uma esposa encantadora. Agora, tenho um novo desafio, que é administrar o São Paulo. Obviamente, preciso ser eleito. Por isso, lancei minha candidatura. Quero poder contribuir com o São Paulo por todas as alegrias que ele me proporcionou.
São quase 37 anos como associado, mas conselheiro desde 2014. Como era sua vida política e social dentro do São Paulo?
Minha vida sempre foi ligada ao futebol, sou um apaixonado por futebol. Fui o único técnico tetracampeão do campeonato interno do clube, na categoria mais competitiva, até os 30 anos. Tive um vice-campeonato em uma disputa de pênalti e quatro conquistas consecutivas. Sempre joguei bola. Sou muito ruim de futebol (risos), tenho sucesso maior como técnico. Minha vida foi sempre ligada ao clube, no sentido que minhas filhas cresceram no clube. Nós frequentamos a piscina, somos voltados realmente à convivência diária no clube.
E a vida política?
Nunca tive interesse em me candidatar ao Conselho. Por que só agora? Na verdade, atingi um momento da minha vida em que minhas filhas já estavam criadas e em que achei que poderia contribuir com o São Paulo. Nesse um ano e meio, tive atuação muito efetiva na fiscalização da gestão do Carlos Miguel. Nós, juntamente com outros membros da oposição, identificamos o contrato da Far East, enviamos requerimentos para que os contratos fossem apresentados no Conselho. Questionamos várias atividades relativas ao social, apresentamos um projeto de reforma do Morumbi. Não foi levado à frente pelo Carlos Miguel. Apresentamos um patrocínio que também não foi discutido pelo Carlos Miguel. Temos atuação muito grande dentro do Conselho. O último ofício que fizemos foi o encaminhamento do Carlos Miguel e do Ataíde (Gil Guerreiro, vice de futebol) ao Conselho de Ética, para que todo esse imbróglio que começou no hotel Radisson e acabou com a renúncia do Carlos Miguel, fosse esclarecido.
Qual sua formação?
Sou economista, formado em Ciências Contábeis, com pós-graduação em Administração.
Qual resumo o senhor faz desse último do mandato do Aidar?
Consequência de uma gestão que está há 13 anos e meio no poder. Ele pegou o clube relativamente endividado e não teve competência de adequar as despesas às receitas líquidas e certas. Então, tivemos nesses últimos 18, 19 meses um déficit astronômico, nunca antes visto na história do São Paulo, e uma desmoralização do clube. Estamos, na imprensa, de uma maneira negativa. Que eu me lembre, em 57 anos, nunca ocorreu um desgaste tão grande, com brigas com jornalistas, presidentes de outros clubes. Um desgaste muito grande da instituição.
Se eleito, o senhor pretende resgatar essa relação com os clubes rivais?
Essa é uma das propostas da minha administração. Vamos propor reunião com os outros três clubes, Corinthians, Palmeiras e Santos. Porque futebol é um negócio. Nós podemos ter toda disputa e paixão dentro de campo, mas precisamos pensar em maneiras de se manter e aumentar o negócio. Se não me engano, o futebol mundial representa hoje 125 bilhões de dólares. É um negócio muito grande.
Esta entrevista é uma exceção, o senhor está sem chapéu. Em fotografias, o senhor geralmente está usando um. Qual sua relação com chapéus?
O chapéu é um hábito da minha família, já vem de gerações. Utilizei chapéu por muito tempo na sede social, então fiquei conhecido como Newton do Chapéu. Quando fui candidato a deputado federal, meu departamento de marketing entendeu que era uma boa forma de divulgar meu nome, para ficar mais fácil para o eleitor votar. Foi uma estratégia na eleição.
O senhor ainda tem algum anseio de vida política fora do São Paulo?
Nunca fui eleito para nenhum cargo público, mas fui filiado ao PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) por 23 anos. A política está no meu sangue. Minha família é uma família tradicional de Santo Amaro. Meu bisavô, meus tios-avôs foram prefeitos. O capitão Thiago Luz foi provedor da Santa Casa de Santo Amaro. Então, temos política no sangue. Por vários fatores, eu demorei um tempo para exercer esse prazer que está no DNA da minha família.
Nota da redação: Município por 103 anos, Santo Amaro virou bairro da capital paulista em 1935.
Então, o senhor se candidataria eventualmente para um cargo político no futuro.
É, temos intenção. Obviamente, com essa candidatura à eleição à presidência do São Paulo, isso passa a ser segunda ou terceira prioridade. Não tem mais sentido, em sendo eleito presidente do São Paulo, pensar nisso nos próximos seis anos.
O departamento de marketing da sua campanha o aconselhou no ano passado a reforçar a imagem do chapéu. A candidatura à presidência do São Paulo também pode te ajudar nesse projeto político para o futuro? O senhor pensa nisso?
Se eu tivesse imaginado qualquer atitude no sentido de me ajudar, na campanha em 2014, eu teria divulgado que era conselheiro do São Paulo. Em nenhum momento, nas entrevistas ou no material de publicidade, eu coloquei que era conselheiro do São Paulo.
Quanto às denúncias feitas pelo Ataíde Gil Guerreiro contra o Aidar, o senhor vai dar seguimento às investigações?
A própria apresentação do ofício solicitando para que o Conselho de Ética apurasse as denúncias dessa briga é um indício. Todas as denúncias serão encaminhadas ao Conselho de Ética. O São Paulo precisa ser passado a limpo, não pode jogar a sujeira para debaixo do tapete. Obviamente, temos que respeitar o estatuto social, dar todo direito de defesa aos envolvidos. Não podemos deixar em branco essa situação.
O Ataíde está citado nesse ofício que o senhor ajudou a elaborar. Ele faz parte dos seus planos para a diretoria?
O Ataíde é uma pessoa idônea, não há nenhuma suspeita quanto a sua honestidade. Só acho que foi erro do outro candidato recoloca-lo neste momento na vice-presidência de futebol, porque acho que o esclarecimento dessa situação pelo Conselho de Ética irá dar aval para que ele tenha credibilidade em qualquer cargo que venha a ocupar na administração do São Paulo. Obviamente, na gestão Aidar, ele está relacionado aos últimos 13 anos e meio desse estilo de gestão que não concordamos. Defendemos uma gestão como a de 1990 a 2002. Uma gestão que equilibrou as contas, que eventualmente gerava superávit e foi bicampeã mundial.
O senhor acha que a recolocação do Ataíde na diretoria possa interferir a apuração do Conselho de Ética?
Não. O Conselho de Ética é independente, não acredito que vá ter qualquer tipo de interferência. Acho só que ele precisava se resguardar, o presidente precisava tê-lo resguardado, para que as coisas fossem apuradas. E aí ele volte à política de forma natural. Não existe, com exceção da questão da briga no hotel, nenhuma denúncia contra a honestidade dele.
Então, apesar de ser uma pessoa idônea em sua opinião, por estar atrelado à gestão do outro grupo, não faria parte da sua gestão?
Não, não faria parte da nossa gestão, porque ele segue a linha dessa gestão que está há 13 anos e meio no poder. Nosso concorrente defende esse modelo de gestão que nós não concordamos.
E quanto aos cargos remunerados? É uma questão para se pensar depois ou Gustavo Vieira (gerente executivo de futebol) e Alexandre Bourgeois (CEO) não ficarão?
Essa questão é muito interessante. O São Paulo, na gestão do Dallora (José Douglas Dallora, presidente de 1982 a 1984), já tinha gerente geral. A gente só mudou o nome. Agora, é um nome bonito, CEO (Chief executive officer), que nada mais é do que o chefe executivo do escritório. A terminologia mudou, mas o São Paulo já tem dentro da sua administração uma linha profissional. O que precisamos é avaliar os profissionais que estão hoje, se são competentes. O critério é a meritocracia, para que haja uma gestão eficiente. Dentro dessa linha, nós não vamos inventar a roda. Só vamos fazer com que a estrutura funcione adequadamente.
Já tem na cabeça os nomes para os cargos estatutários?
Vamos reduzir o número de cargos, para que o clube não tenha populismo na administração. Dando um exemplo: não é possível que nossa presidente administre o Brasil com 39 ministérios. A ideia é reduzir para em torno de seis ou oito diretorias e adequar a estrutura a esse números.
E os nomes?
Vai depender de todo o processo. O que está definido é que o Fernando Casal de Rey vai cuidar do futebol profissional, não como um vice-presidente. Mas o vice-presidente estará ligado a ele na prática. Oficialmente, será subordinado a mim, mas com relação a contratações, ao desempenho da equipe, à categoria de base, vamos procurar alinhamento nesse pensamento. Todas as orientações serão dadas pelo Fernando.
Orientações, não decisões.
Orientações e, obviamente, as decisões. Ele tomará as decisões juntamente com o vice-presidente de futebol. Vou convidar o Márcio Aranha (diretor de futebol do clube no início da década de 1990). Caso ele tenha algum impedimento, vou procurar um profissional com esse perfil. Um perfil de competência, experiência e vitória.
O senhor cita frequentemente o Fernando Casal de Rey e é próximo também do igualmente ex-presidente Paulo Amaral. A ideia é usar a experiência deles? E ser presidente sempre foi um sonho seu ou a candidatura surgiu pela recusa desses nomes que foram cogitados?
Tenho um sonho de ser presidente do São Paulo, já declarei isso cinco anos atrás, apesar de nem ser conselheiro na época. Acredito que temos que usar a experiência dos mais velhos, dos que construíram história. Agora, isso também tem que ser conciliado com renovação. Vamos solicitar ajuda do Fernando, do Paulo Amaral na questão financeira, do Pimenta (José Eduardo Mesquita Pimenta) na questão administrativa, do Milton Neves na questão jurídica. Não estarão somente nos ajudando, mas é função do Conselho Consultivo, em sendo solicitado, nos apresentar ideias e alternativas para os maiores problemas que o São Paulo vai enfrentar.
Alguém que atuou na gestão do Aidar fará parte da sua diretoria? As pessoas que foram citadas nas acusações do Ataíde, como o Douglas Schwartzmann (ex-vice de comunicações e marketing), estão descartadas?
Dentro da administração do Aidar, existiam várias diretorias, acho que 20 ou 25. Existem denúncias que vamos encaminhar ao Conselho de Ética, mas, dentro dessa equipe toda, existem pessoas lá que amam o São Paulo, que estavam lá por paixão, buscando contribuir. As pessoas que têm nomes ligados a denúncias não farão parte da nossa administração. Agora, outros nomes, como o Marcos (Francisco de Almeida, ex-diretor de planejamento e desenvolvimento), profissional excelente que coordenava o trabalho do Instituto Áquila, o Silvio Médici (ex-diretor de obras), o Alfano (Eduardo Alfano Vieira, ex-diretor de relações internacionais, Dorival (José Decoussau, ex-diretor de relações institucionais)… Contamos com apoio dessas pessoas, mas elas não terão nenhum cargo na nossa administração, não porque temos dúvidas quanto a idoneidade deles, mas porque há todo um desgaste pelo Carlos Miguel.
O que o senhor acha das últimas mudanças no comando do time profissional? Em 2015, foram três treinadores diferentes, sem contar o interino Milton Cruz.
Acho que o futebol sente todos os problemas da instabilidade política do clube. Obviamente, a gestão do Carlos Miguel tem sido muito tumultuada, não tem como o futebol profissional não sentir. O futebol profissional é a nossa essência. Precisamos cuidar dele com muito carinho. Por isso, o Fernando vai cuidar de toda a estrutura.
O Doriva também passará por avaliação caso o senhor seja eleito…
Claro. Sempre que entra uma diretoria nova, esse trabalho é feito. Como está o trabalho, a motivação. Tudo que envolve o futebol profissional. Sem dúvida.
Como seria a montagem do elenco para 2016?
Independentemente de punição do caso do Iago, o São Paulo, até por restrição financeira, tem necessidade de avaliar e aproveitar seu elenco. Hoje, temos mais de 70 atletas no elenco. Então, não é possível que a gente não consiga (…)
Setenta, contando com garotos da base.
O elenco profissional. Não é possível que a gente não consiga montar uma equipe competitiva. Até pegando de exemplo o nosso coirmão Santos, que conseguiu se estrutura, apesar de todo o endividamento que se fala. Não tenho tanto conhecimento da situação do Santos, mas eles conseguiram montar uma equipe competitiva. Então, nossa linha vai ser conciliar nossos atletas com essa avaliação. Teremos perdas que provavelmente ocorrerão, do Rogério Ceni e do Pato. Não sei como está a situação do Luis Fabiano, se já foi conversada. Não sei qual a intenção dele, se quer continuar no São Paulo. Acho que isso é assunto que a área do futebol profissional tem que analisar, para se chegar a um entendimento interessante para os dois lados, se há condição de ter o Luis Fabiano com competitividade. O que a gente entende é que o Luis Fabiano e o Ganso, por exemplo, têm tido atuações abaixo da capacidade técnica deles. Precisamos identificar o que está gerando isso. É a parte política? É o ambiente interno? Esse trabalho será feito pela equipe do futebol profissional.
Na eleição passada, os candidatos falavam em montar grandes times, com grandes contratações. Imagino que não vá prometer o mesmo.
Talvez esse seja o momento mais difícil da equipe profissional do São Paulo. Se nós formos punidos e nos limitarmos ao nosso plantel, vamos ter que tirar leite de pedra. Vamos buscar uma forma. Vamos ter pessoas competentes para atingir esse objetivo. Uma das sugestões que vou discutir é utilizarmos técnicas administrativas para tirar o máximo da equipe de futebol. Como fazer para o Ganso aumentar a produtividade? Claro que isso exige o que a administração dos últimos 13 anos tirou, com soberba, pela crise moral e ética. Restabelecer a nossa história, com as pessoas que fizeram a história do São Paulo.
Como lidar com a dívida de R$ 272 milhões? Dívida que afugentou alguns possíveis candidatos à eleição, inclusive.
Temos ideia do problema. A gente sabe que o problema é muito sério. Temos dois contatos já com duas instituições financeiras, uma do Brasil e outra do exterior, para ter aporte de capital e para tentar alongar essa dívida. Mas não adianta só fazer isso. O mais importante é, em tendo esses recursos, equilibrar o orçamento. O São Paulo não pode continuar a ter déficit. Será feito um trabalho muito rigoroso para adequar as despesas às receitas líquidas e certas. Por outro lado, também temos oferta de uma construtora para reformar o Morumbi. Vamos avaliar essa proposta com carinho e apresenta-la ao Conselho. Minha administração vai considerar o Conselho Consultivo como um órgão de consulta para aprovação de todos os itens relevantes do São Paulo. Na nossa administração, deixará de ser um órgão simplesmente ratificador das atitudes da diretoria.
O que o senhor tem a dizer sobre o Carlos Augusto de Barros e Silva?
O Leco é um são-paulino reconhecido, muito competente. Se não o fosse, não seria presidente do Conselho. Ele tem formação jurídica. Mas nós entendemos que a linha de administração dele, que representa os últimos 13 anos, não foi boa para o São Paulo, no sentido de ter a dívida que o clube tem hoje. Essa linha de administração pegou um São Paulo com superávit de R$ 26 milhões, com todas as contas pagas. Hoje, temos uma dívida astronômica. Nosso modo de pensar é que o São Paulo tem que voltar à administração do período anterior, com equilíbrio de contas, com investimento da venda de jogadores no profissional, para que o clube possa ter realmente uma equipe de ponta.
Nota da redação: Leco exerceu cargos de diretoria em administrações recentes. No ano passado, chegou a ser definido como um dos pré-candidatos da situação para suceder Juvenal Juvêncio, mas foi preterido na última hora por Aidar. Cogitou candidatura independente até recuar e aceitar convite para concorrer à presidência do Conselho Deliberativo.
Tanto a sua plataforma de governo quanto a do Leco citam a auditoria oferecida pelo Abílio Diniz. Como seria?
É fundamental essa auditoria. Ela vai validar os dados do balanço, avaliar os contratos em vigência. Os contratos dessas gestões que o Leco representa precisam ser analisados. Não se restringe unicamente à última gestão. É todo um contexto. Vamos comunicá-lo que o São Paulo aceita, quer a auditoria. Caso o Abílio venha a cumprir, o que acredito que o fará, essa ajuda ao São Paulo muito nos agrada.
Qual sua posição acerca da ação que anulou os atos tomados no clube depois de 2004?
Essa também é uma prioridade. O São Paulo não pode ter uma ação que questione seu estatuto há 13 anos e meio. O Dr. Francisco (de Assis Vasconcelos Pereira, conselheiro vitalício do clube) ganhou em todas as instâncias. Precisamos ter abertura para conversar com ele, conversar com sócios e conselheiros que foram autores da ação, no sentido de buscar entendimento, o interesse do São Paulo e deles, a fim de buscar uma solução. Mesmo porque o São Paulo precisa ter tranquilidade jurídica. A ação questiona, depois de aprovado o novo Código Civil, que todas as alterações estatutárias devem ser aprovadas pela assembleia geral dos sócios. A administração atual promoveu algumas alterações que somente o Conselho Deliberativo aprovou. Não houve aprovação da assembleia geral de sócios. Consequentemente, as vitórias (judiciais) não validam essas alterações. Inclusive, uma delas foi a maneira de eleição dos conselheiros vitalícios. Hoje, temos, entre outros, o questionamento da validade dessas eleições. Vamos procurar um caminho de tal forma que tenhamos tranquilidade jurídica e institucional.
Qual seria sua prioridade ao se sentar na cadeira da presidência?
São duas as prioridades. A primeira é adequar a estrutura do clube a sua situação financeira, trabalhar para que tenhamos novamente um equilíbrio administrativo e financeiro. A segunda é a nossa essência, o futebol. Por isso é que eu convidei uma equipe para administrar o futebol com experiência, com histórico de vitórias, para que a gente tenha o melhor time possível.
Como aliaria sua vida profissional com o cargo de presidente do São Paulo?
Na minha empresa, vou contratar ou promover um dos gerentes ao cargo de gerente geral. No São Paulo, você tem que se dedicar 24 horas por dia. Vou procurar delegar. O fato de o futebol já ter uma pessoa que vai cuidar de toda a orientação já nos ajuda muito. A questão administrativa e financeira é minha especialidade, não terei muita dificuldade. O pior momento são os três primeiros meses de administração, quando se faz a análise de toda a estrutura. Depois de acertado, o resto é tranquilo. Delegando, com pessoas competentes, o barco anda sozinho.
É possível botar a casa em ordem até abril de 2017, o tempo restante de mandato? Ou é uma preparação para se candidatar novamente depois?
Na verdade, temos algumas ideias que já vamos implantar. Entre elas, que a eleição do São Paulo não seja em abril de 2017, mas em dezembro de 2016. Na verdade, teria um ano de mandato. Sei que será trabalho árduo, muito desgastante, mas me sinto preparado para enfrentar esse desafio. Nesse período, a gente vai buscar ajustar a estrutura do São Paulo, para que o presidente que assumir a partir de janeiro de 2017 tenha condições de se preocupar mais com o futebol do que com as dívidas. Quanto à possibilidade de ser novamente o candidato à presidência, futebol é presente. Tudo vai depender de toda a administração neste período. Se a gente conseguir equilibrar as contas, tiver time competitivo. O torcedor do São Paulo que não tenha a ilusão de que vamos ter um time de ponta em 2016. Será muito difícil. Mas pelo menos um time aguerrido, que honre a camisa. Futebol tem que ser bem jogado. Eu, como torcedor apaixonado, vou conversas com as pessoas. Ter um time que não desperte o prazer no torcedor de ir ao estádio não tem sentido para a nossa história.
Seu passado como empresário é suficiente para assumir a presidência do São Paulo?
Dou palestras de empreendedorismo. Geralmente o pessoal me pergunta como a minha empresa teve sucesso. São vários fatores. O principal deles é que minha formação profissional foi em uma empresa que tinha 26 mil funcionários. Aprendi a trabalhar nessa estrutura grande. Fui auditor, depois trabalhei em uma empresa americana, passei para uma indústria nacional, até que abri meu negócio. Isso me dá condições de poder ter um bom trabalho à frente do São Paulo.