Sócios do SP vão à Justiça e exigem documentos de caso Iago

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UOL

Guilherme Palenzuela, Pedro Lopes e Vitor Birner

Dois sócios do São Paulo entraram com ação na Justiça para obter acesso aos documentos do caso Iago Maidana, considerado pelo empresário Abilio Diniz o “batom na cueca” do São Paulo. O zagueiro de 19 anos foi contratado pelo clube no dia 11 de setembro por R$ 2,4 milhões, depois de ser comprado do Criciúma por R$ 800 mil e passar dois dias registrado em um clube da terceira divisão de Goiás. O objetivo da ação é apurar o prejuízo do clube para depois exigir indenização dos responsáveis.

A ação, obtida pelo UOL Esporte, foi protocolada na quarta-feira e será distribuída nesta quinta (01). A medida cautelar de produção antecipada de provas é contra São Paulo, Criciúma, Monte Cristo e a empresa Itaquerão Soccer, que já admitiu ter participado como investidora em compra e venda de direitos econômicos do atleta, prática proibida pela Fifa desde 1º de maio de 2015. Os dois sócios do São Paulo cobram acesso aos documentos da transferência que envolvem as quatros partes e também a tomada de depoimentos dos envolvidos nas negociações.

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Os autores da ação afirmam que a forma como o negócio foi conduzido, com base nas informações publicadas na imprensa, lesou o São Paulo financeiramente. “Ocorre que as notícias veiculadas na imprensa indicam que a forma como a aquisição de parte dos direitos econômicos do Atleta foi realizada foi lesiva aos cofres do Requerido SPFC e, por consequência, aos seus sócios, tais como os Requerentes”, diz trecho do documento, que ainda sugere que o mau uso do dinheiro do clube poderia ter acontecido em benefício da outra parte envolvida. A ação ainda avisa que, caso os documentos comprovem lesão aos cofres do clube, os autores promoverão ação para condenar os envolvidos nas negociações a ressarcir os prejuízos.

“Os Requerentes não pretendem avaliar a conveniência da contratação do Atleta, mas tão somente se a transação foi mais onerosa do que o necessário para os cofres do Requerido SPFC, em benefício direto a terceiros”, descreve outro trecho.

Um dos autores da ação, o advogado Pedro Zahran Turqueto cita o contrato de comissionamento à Far East, que tiraria R$ 18 milhões do São Paulo do acordo com a Under Armour, como outro “ponto nebuloso” do clube e afirma que a diretoria não conseguiu até agora esclarecer o caso Iago Maidana.

“Somos sócios e o próprio estatuto do clube nos dá a prerrogativa de tentar buscar alguma transparência nessa contratação. Essa última gestão tem muitos pontos nebulosos, como a comissão ainda não paga à Far East. Até agora as respostas que a diretoria deu não foram razoáveis, e até atentam contra a inteligência alheia. Dizer que não sabiam que o Iago Maidana pertencia ao Criciúma é, no mínimo, muita negligência” afirmou Turqueto. “Como torcedor me sinto decepcionado. Como sócio, lesado. Vamos ver a decisão do juiz”, completou.

O presidente Carlos Miguel Aidar chegou a afirmar que não sabia que Iago Maidana pertencia ao Criciúma, falou que a negociação foi tratada pelo gerente de futebol José Eduardo Chimello e pelo vice do departamento, Ataíde Gil Guerreiro. Depois, assumiu que tinha conhecimento da negociação. O São Paulo afirma que não negociou com a Itaquerão Soccer, mas sim com o Monte Cristo, mas a empresa já afirmou que iniciou a negociação com o clube do Morumbi.

A CBF notificou São Paulo, Criciúma e Monte Cristo sobre o caso. Os dois primeiros já apresentaram documentação de defesa, e o terceiro contratou os advogados Breno Tannuri e André Ribeiro, mesmos que defenderam o meia Oscar na ação movida contra o São Paulo no fim de 2009, e deverá apresentar documentação nos próximos dias. Se for identificado que houve negociação de direitos econômicos com investidores e/ou uso de clube como ponte, o caso irá para o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que pode julgar punições esportivas para as partes envolvidas.

No São Paulo, além do comentário de Abilio Diniz em discurso no conselho deliberativo, na última segunda-feira, o caso gera repercussão política dentro e fora da diretoria. O goleiro e capitão Rogério Ceni, que já havia pedido a “verdade sobre os fatos” no caso, nesta quarta-feira voltou a dizer que espera esclarecimentos.

Érico Leonan/São Paulo

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