Alvo do SP, Aguirre fez ‘estágio’ com Simeone e tem lobby de Lugano

Guilherme Palenzuela

O uruguaio Diego Aguirre, 50, conversa com o São Paulo e negocia a possibilidade de se tornar técnico do clube a partir de 2016. Desempregado desde que foi demitido do Internacional, no início de agosto, depois da eliminação na semifinal da Copa Libertadores, ele aproveitou o período livre para estudar e aprimorar conceitos táticos e de preparação física em viagem pela Europa que contou com visita de uma semana ao Atlético de Madri, da Espanha, treinado pelo argentino Diego Simeone. A seu favor no São Paulo, Aguirre ainda conta com o apoio do zagueiro Diego Lugano, que entende que tem uma dívida de gratidão com o treinador e já o recomendou à diretoria.

Diego Aguirre esteve na Europa entre a última semana de outubro e a primeira semana de novembro. Passou primeiramente por Madri, a convite de Diego Simeone, e acompanhou uma semana de treinos do Atlético de Madri, atual terceiro colocado do Campeonato Espanhol e com classificação encaminhada para as oitavas de final da Liga dos Campeões. Aguirre esteve acompanhado na viagem do preparador físico de sua comissão técnica, o uruguaio Fernando Pignatares. Enquanto Aguirre observou os treinos táticos e técnicos de Simeone, Pignatares esteve ao lado do também uruguaio Oscar Ortega, preparador físico do Atlético, com quem trocou informações sobre o tema.

Na segunda semana de viagem, Aguirre passou por Turim, na Itália, cidade na qual fez uma visita à Juventus, do técnico Massimiliano Allegri, e acompanhou ciclo de treinos do Torino. Depois de alguns dias observando os trabalhos da equipe comandada pelo italiano Giampiero Ventura, o uruguaio voltou a Montevidéu. Nos dias seguintes, passou pela capital paulista, para se reunir pela primeira vez com o São Paulo, e também fez uma visita ao Internacional, em Porto Alegre, para definir pendências de sua rescisão contratual.

O esforço para se manter atualizado em conceitos de táticos de futebol e métodos de treinamento atende a um dos principais pontos exigidos pelo São Paulo para contratar um treinador. Quando ainda tinha Muricy Ramalho no comando, o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro conversava com o português André Villas-Boas, ex-Chelsea, da Inglaterra, e atualmente no Zenit, da Rússia, para assumir a equipe em 2016, após o fim do contrato do tricampeão brasileiro pelo clube. A demissão antecipada fez o clube buscar nomes no mercado em busca que passou pelos argentinos Alejandro Sabella e Jorge Sampaoli e terminou no colombiano Juan Carlos Osorio. Apesar de ter mostrado preferência pela contratação de um técnico brasileiro neste momento, a diretoria entende que Aguirre tem qualidades que compensam possíveis obstáculos que um estrangeiro encontrará.

Diego Aguirre conta também com a influência de Diego Lugano, que ainda depois do pedido de demissão de Osorio enviou mensagens a membros do São Paulo, segundo apurou a reportagem, nas quais elogiava o trabalho de Aguirre e sugeria a contratação do compatriota. Além de admirador, Lugano é amigo e entende que tem uma dívida de gratidão com Aguirre: foi o técnico quem lhe deu a primeira oportunidade de uma sequência como titular e a primeira braçadeira de capitão da carreira, ainda no Plaza Colonia, aos 22 anos, e no segundo trabalho de Aguirre como técnico.

Caso contrate Aguirre, o São Paulo provavelmente ganhará um técnico favorável à volta do zagueiro de 35 anos clube. A diretoria já definiu que precisa ter no elenco de 2016 jogadores com as características de Lugano no vestiário, uma vez que perderá a liderança de Rogério Ceni, que se aposentará neste fim de ano. Estuda, ainda, as implicações que a contratação do zagueiro, como pressão da torcida sobre o novo técnico, poderia causar.

Depois de demitir Doriva no último dia 9, o São Paulo passou a estudar possibilidades e elegeu Cuca como candidato preferido. Mas o contrato do técnico com o Shandong Luneng, da China, breca o retorno. Com vínculo até o fim de 2016 e cláusula de rescisão milionária, a única chance de acordo seria se Cuca fosse demitido neste fim de ano, possibilidade considerada por causa da mudança de diretoria do clube, mas ainda assim vista como remota. Os obstáculos fizeram com que a cúpula são-paulina passasse a estudar outros nomes, entre eles o de Aguirre.