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André Rocha
O São Paulo de Milton Cruz ajudou a decidir o sexto título brasileiro do rival Corinthians com virada vibrante por 4 a 2 sobre o Atlético-MG no Morumbi. Com os três pontos, a volta ao G-4. Imaginava-se um time aceso e concentrado na Arena do campeão contra os reservas de ressaca.
6 a 1. A maior humilhação já sofrida por um grande em clássicos. Nem os 7 a 1 do próprio Corinthians no Santos em 2005 ou o mesmo placar – fatídico! – em 1994 do Fluminense sobre o Botafogo numa fase final de Estadual. Muito menos a vitória dos reservas do Botafogo de Joel Santana sobre o Flamengo de Romário e Sávio no Carioca de 1997. Multiplique por seis. Ou mais.
Bola parada, novo show de Danilo como “falso nove”, assim como na estreia da fase de grupos da Libertadores. Atropelamento que nem as ausências de Rogério Ceni e Paulo Henrique Ganso, citadas pelo técnico interino, ainda zonzo na coletiva pós massacre, conseguem justificar. Nada explica.
Como entender o tricolor do Morumbi em 2015? No caos político, administrativo e financeiro, ainda luta por vaga na Libertadores. Aliás, permaneceu em quarto lugar, mesmo com a tragédia. E tem chances concretas! Recebe o Figueirense no Morumbi e sai na última rodada contra o Goiás, talvez já rebaixado.
Sim, a goleada foi de perder o chão. Mas os 6 a 2 no agregado para o Santos na Copa do Brasil também pareciam fazer o time perder o rumo de casa. Na volta ao Brasileiro, 3 a 0 no Sport embalado com Paulo Roberto Falcão. Sem contar outras derrotas e vitórias absolutamente improváveis – como o revés para os reservas do Ceará no Morumbi pela Copa do Brasil e o triunfo em Porto Alegre sobre o embalado Grêmio, ambos por 2 a 1.
É possível juntar os cacos e ainda alcançar o objetivo. Também pelo contexto e por conta da instabilidade dos concorrentes. Santos que dividia bem as atenções entre Brasileiro e Copa do Brasil e jogava em ambas o futebol mais vistoso do país, agora resolveu priorizar a decisão do torneio contra o Palmeiras e virou um grande ponto de interrogação.
Perdeu a “cultura” da vitória? A temporada está pesando e foi obrigado a optar, com chances de recuperar o rendimento na decisão? Usar time misto ou reserva em São Januário diante do Vasco ainda vivo para fugir do Z-4 significa praticamente abrir mão dos três pontos e da vaga na Libertadores via Brasileiro, apostando tudo na outra competição. E se ficar sem a taça?
Difícil racionalizar. Tão complicado quanto prever o que o Internacional pode conseguir nas duas últimas rodadas. A tabela não é das mais desafiadoras: Fluminense de “férias” no Maracanã e definindo em casa contra um Cruzeiro que esfriou a arrancada com Mano Menezes e já planeja o ano que vem.
A vitória no Gre-Nal não vingou os 5 a 0 do turno, mas renova esperanças. Boa atuação coletiva, com muita intensidade e pressão no campo adversário, além da fibra de Rodrigo Dourado na jogada pela direita que terminou em assistência para o gol da vitória, marcado por Vitinho. De novo a combinação juventude + experiência pode dar certo.
Mas como garantir? A instabilidade começa pelo técnico Argel Fucks. Sanguíneo, explosivo. As notícias de Porto Alegre garantem que está fora para 2016 e o relacionamento com o elenco não é dos mais saudáveis. Tudo para dar errado, mas pode terminar em Libertadores, como o “tapa-buraco” Mário Sérgio em 2009 que por um gol de Angelim no Maracanã sobre os reservas do rival Grêmio não acabou campeão brasileiro. Vai saber…
E quem pode compreender? O São Paulo e os demais, incluindo o Sport ainda com chances matemáticas, que oscilam insanamente. Menos o Corinthians absoluto. Mesmo com os reservas.