UOL
Guilherme Palenzuela
Na terça-feira (10) o diretor executivo de futebol do São Paulo, Gustavo Vieira de Oliveira, concedeu entrevista coletiva para falar sobre a demissão de Doriva, a escolha do novo técnico e comentou sobre o planejamento do elenco para 2016. Além de admitir que pretende contratar em grande quantidade, falou que há “perfis de atletas que gostaria de ver” no clube em 2016, que pretende suprir liderança e representatividade e que tem de reconquistar espaço com o torcedor. Tais indícios que poderiam demonstrar o desejo pela volta de Diego Lugano não foram admitidos publicamente. Segundo apurou o UOL Esporte, no entanto, a diretoria já definiu em consenso que precisa do uruguaio, mas agora pondera que o próximo treinador poderá ser colocado sob pressão.
Por que o São Paulo decidiu que Lugano é necessário?
1. Exemplo de comportamento
Nas últimas semanas a diretoria já vinha avaliando prós e contras da contratação do zagueiro de 35 anos, que tem contrato com o Cerro Porteño, do Paraguai, até junho de 2017. O processo foi iniciado quando Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, foi eleito presidente após o período como interino depois da renúncia de Carlos Miguel Aidar. Nessas últimas semanas duas semanas a impressão do presidente e do departamento de futebol de que é necessário colocar no elenco um atleta que sirva como exemplo de comportamento, interno e externo, foi intensificada e fez com que todos concordassem que o clube precisa do uruguaio. O fato mais marcante deste período foi o “cala boca” do meia Michel Bastos à torcida são-paulina na vitória por 3 a 0 sobre o Sport, no dia 31 de outubro. A avaliação da diretoria é que o grupo precisa de atletas que consigam evitar no dia a dia acontecimentos como esse.
2. Faltará um líder em 2016
A saída de Rogério Ceni, 42, deixará o São Paulo sem seu capitão e líder máximo, maior ídolo da história do clube. O segundo jogador mais experiente e também com maior representativade também não estará: Luis Fabiano, 35, não terá o contrato renovado. Nesse cenário, o atleta mais experiente do elenco para 2016 seria o próprio Michel Bastos, 32, com passagem pela seleção brasileira, respeito dentro do elenco e que já se colocou como candidato a líder para 2016. Para a diretoria, seria fundamental que a braçadeira fosse passada para Diego Lugano, que dentro dessa avaliação poderia exercer o papel de melhor forma.
3. Aproximar a torcida do clube
O departamento de futebol já foi aconselhado por outras pastas do clube a contratar Lugano porque hoje o São Paulo avalia que a torcida se afastou do clube por falta de identificação nos últimos anos. O clube acredita que o apelo popular da volta do uruguaio mudaria a relação com a torcida e poderia até gerar receita financeira com o programa sócio-torcedor, bilheteria de jogos, vendas de produtos e possíveis patrocínios.
O que ainda breca a volta de Lugano?
1. Pressão sobre o próximo técnico
O principal fator, neste momento, depois de os dirigentes concordarem que o uruguaio se faz necessário, é a possível pressão da torcida que eventuais escolhas do futuro treinador possam acarretar. O medo, na prática, é que a eventual decisão de deixar Lugano na reserva possam afundar o começo do próximo técnico se somadas a resultados negativos. O São Paulo pensa em contratar Lugano porque vê muitos benefícios fora de campo, mesmo concordando que o defensor está atualmente longe de seu auge técnico, e que dificilmente conseguirá suportar uma sequência longa de jogos. O medo é que a torcida, fanática pelo ídolo campeão mundial e da Copa Libertadores em 2005, não consiga fazer tal distinção.
2. Contrato poderia atrapalhar
Este segundo fator não causa tanto medo, mas alguma preocupação. Pelas informações colhidas pela diretoria do São Paulo, o acordo de Lugano com o Cerro Porteño para que seja liberado em caso de proposta são-paulina não parece tão claro. Seria um acerto verbal entre as partes, sem qualquer garantia escrita. Caso não libere o zagueiro, que tem sido titular absoluto e com bom desempenho, o São Paulo teria de pagar para comprar os direitos econômicos. Além disso, Lugano recebe o equivalente a R$ 300 mil mensais e não estaria disposto a reduzir o patamar salarial.
E quem será o técnico que terá de lidar com Lugano?
O próximo técnico do São Paulo será definido pelo presidente Leco, pelo vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro e pelo diretor executivo de futebol Gustavo Vieira de Oliveira. Nesse momento, a cúpula se vale da definição do coordenador Milton Cruz como treinador interino até o fim do Brasileirão para ter mais tempo para decidir qual será a filosofia de futebol a ser seguida e avaliar possíveis candidatos. Vieira de Oliveira já afirmou que o clube tem preferência neste momento por um técnico brasileiro, não está disposto a pagar multa rescisória e quer um profissional disposto a aceitar um desafio de trabalhar sem grandes contratações. A diretoria estipula teto salarial de R$ 300 mil para técnico e jogadores contratados a partir de 2016.
Nesse momento o São Paulo avalia muitos nomes. Cuca, um dos citados, é dado como alvo muito difícil: tem contrato por mais um ano com o Shandong Luneng e ganha cerca de R$ 1 milhão mensais – quem trabalha com o treinador na China afirma à reportagem que ele só deixará o clube neste momento se for demitido. Outra ideia é ouvir indicação de Juan Carlos Osorio. Tal caminho se desenhava no começo de outubro, quando o colombiano decidiu aceitar a proposta da seleção do México e a diretoria ainda não tinha se dissolvido. Osorio propôs ao São Paulo que o coordenador técnico Milton Cruz ficasse como treinador interino até o fim do ano, comprometeu-se a colaborar com ajudas frequentes por telefone, e disse que iria sugerir seu sucessor após o fim do Brasileirão.
Contrata urgentemente. É um cara que vai ajudar e muito o São Paulo, dentro e fora do campo. Não precisa ser um pouco inteligente para perceber que esse tipo de jogador é que faz uma equipe vencedora. A palavra é GARRA caramba.