Ataíde admite não ter cumprido metas, mas pede segunda chance: “Mereço”

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GloboEsporte.com

Marcelo Prado

Ele não goza de muito prestígio com torcedores do São Paulo. Alvo de muitas críticas, o vice-presidente de futebol tricolor, Ataíde Gil Guerreiro, recebe todos os dias mensagens em seu celular com frases ofensivas pedindo a sua saída do clube. Em alguns jogos no Morumbi, ele chegou a discutir com são-paulinos quando estava deixando a cadeira cativa e se dirigindo ao vestiário. Mesmo assim, o advogado não se dá por vencido. Depois de um ano com muita polêmica e poucos resultados, ele diz entender a irritação do torcedor, mas pede a chance de mostrar serviço em mais uma temporada.

Ataíde ficou refém do que falou no começo do ano. Na ocasião, disse que se não atingisse certas metas na temporada deixaria o futebol do Tricolor. Elas não foram alcançadas, mas ele não vai cumprir a promessa. Explica que foi prejudicado pelo desmanche ocorrido no elenco no decorrer do ano e pede nova chance à torcida.

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Ataíde Gil Guerreiro São Paulo (Foto: Diogo Venturelli)Ataíde admite que ficou devendo, mas espera compreensão da torcida (Foto: Diogo Venturelli)

– A primeira meta era atingir 65% de aproveitamento dos pontos disputados e chegamos apenas a 60%. Além disso, criamos um sistema de pontuação que nos obrigava a conquistar alguns títulos, o que não aconteceu. Finalmente, havia a exigência de a gente conseguir revelar quatro jogadores da base para o profissional. Essa última nós conseguimos. Não atingimos as demais, o que nos obrigaria a deixar o departamento de futebol.  Mas acho que mereço uma nova chance, já que o presidente Carlos Miguel (Aidar, que pediu afastamento por conta de irregularidades) esfacelou o elenco – afirmou o dirigente são-paulino, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.

 No total, oito atletas foram negociados: Paulo Miranda (RB Salzburg, da Áustria), Rafael Toloi (Atalanta, da Itália), Souza (Fenerhbaçe, Turquia), Boschilia (Monaco, França), Ewandro (Atlético-PR), Jonathan Cafu (Ludogorets, Bulgária), Denilson (Al Wahda, Emirados Árabes), além de Doria, que não teve o empréstimo do Olympique de Marselha renovado.

O São Paulo esperava lucrar R$ 44 milhões com a venda de Rodrigo Caio. Mas como a negociação não deu certo, explicou Aidar na ocasião, houve o desmanche do elenco para tentar equilibrar as contas. Ataíde, porém, não relaciona um fato com o outro.

“Acho que mereço uma nova chance, já que o presidente Carlos Miguel esfacelou o elenco”
Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol do São Paulo

– Ele (Caio) seria apenas mais um a sair. O presidente Carlos Miguel estava decidido a promover a saída de alguns ativos da equipe.

Com as transferências, Ataíde viu o time se enfraquecer e, afirma, ficou impossível atingir as metas traçadas.

– Perdemos peças importantes que ajudavam nosso elenco a ser forte. O pior é que entre os atletas que saíram, alguns renderam muito pouco, já que o clube tinha uma porcentagem pequena. Além disso, com a situação financeira complicada, não tivemos a condição de repor essas peças. Por isso, acho que eu merecia ter uma segunda oportunidade em 2016. Uma chance de mostrar um futebol organizado, sem atropelo, sem problemas – disse.

O vice de futebol vai ter uma conversa com o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, para manter algumas metas para a próxima temporada. Otimista, ele acredita que, como os problemas políticos acabaram e o clima está cada calmo, todo o trabalho poderá ser feito apenas visando a evolução da equipe em campo.

Ataíde Gil Guerreiro São Paulo (Foto: Diogo Venturelli)Ataíde diz que vai estabelecer metas mais uma vez; Vai cumprir? (Foto: Diogo Venturelli)

– Acho que essa história de meta é bem interessante. Vou conversar com o presidente Leco e estabelecer algumas que teremos de cumprir. Volto a afirmar e não estou sendo pretensioso, garantindo que desta vez as metas serão cumpridas. Mas a verdade é que fatos alheios ao futebol atrapalharam muito neste ano.

Ataíde mostra preocupação com a irritação do torcedor que, segundo ele, é quem comanda o clube. Mas ele espera que na próxima temporada os críticos possam vê-lo de maneira diferente.

– Muitas pessoas me perguntam por que eu não largo tudo. A verdade é que eu gosto muito do futebol. Fui convidado a fazer parte das diretorias de futebol de outros presidandes. Não aceitei nenhum deles porque sempre tive uma participação nos bastidores, mas não queria me envolver em política de clube. Depois, achando o Carlos Miguel um homem sério e honesto, aceitei vir para o futebol. Quando você começa a trabalhar no futebol, se apaixona. Se sair agora, vou sair como derrotado porque não consegui fazer o que me propus. Quero me reabilitar no próximo ano, ser entendido pela torcida. Que ela me considere parceiro e não como alguém que tire os sonhos dela.