GloboEsporte.com
Marcelo Prado
Consciente dos erros que a equipe cometeu na atual temporada, o atacante projeta evolução no próximo ano e se diz pronto para ser um dos líderes do novo Tricolor
Com a aposentadoria de Rogério Ceni e a saída Luis Fabiano, Alan Kardec será uma das referências da equipe do São Paulo em 2016, ano em que o time terá a Taça Libertadores e o Campeonato Paulista no primeiro semestre. Ciente dos erros cometidos pelo time neste ano, o camisa 14 avisa: se não houver uma mudança radical de postura dentro, o grupo seguirá acumulando insucessos.
– A próxima temporada tem de ser de muita dedicação. Será o momento de cada um fazer um pouco a mais, pelo companheiro e por si mesmo. Em 2016, precisamos fazer por merecer a confiança do nosso torcedor. Em alguns momentos de 2015, nós decepcionamos. Se não mudarmos a postura, não vai mudar nada – afirmou.
Na entrevista que concedeu ao GloboEsporte.com, o atacante falou ainda sobre as diferentes emoções que viveu em 2015, um ano de altos e baixos para ele. Ao mesmo tempo em que ficou seis meses afastado por uma lesão no joelho direito, Kardec curtiu o nascimento de sua filha, Maria, que hoje está com oito meses.
GloboEsporte.com: O São Paulo foi eliminado no Paulista, Libertadores, Copa do Brasil, foi muito mal em clássicos. No final, conseguiu a vaga na Libertadores. Por que o time não conseguiu deslanchar?
Alan Kardec: É difícil achar uma resposta. São muitos fatores. Acho que um fato que deve ser ressaltado é a parte tática. Terminamos 2014 com o vice-campeonato brasileiro e, para 2015, mantivemos 99% do elenco. Só que o time caiu muito de produção e acredito que a saída do Kaká não pode ser desculpa para isso. O time não se acertou, começou a temporada com resultados ruins.
As trocas de treinadores atrapalharam?
– Toda a vez que estávamos nos acostumando, acontecia uma mudança. Estávamos com o Muricy (Ramalho), que tinha um jeito de jogar. O Milton (Cruz) assumiu e, após alguns jogos, chegou o (Juan Carlos) Osorio, que tinha um jeito completamente diferente de trabalhar. O time começou a encaixar e houve nova alteração, com a chegada de outro técnico (Doriva). Isso atrapalhou muito porque não é todo jogador que consegue assimilar.
Além disso, ocorreram as saídas no meio do ano….
– Nós perdemos oito jogadores, mas acredito que as saídas de Souza e Denilson foram as mais sentidas. Eles se completavam em campo. O time sentiu essa mudança. Mais para frente, ganhamos muito com o crescimento do Thiago Mendes. Mas o time sentiu essas saídas.
Falando sobre política, toda vez que o extracampo é confuso, o time sente e cai de rendimento. Já tivemos exemplos de equipes que foram rebaixadas em tempos de turbulência política. O São Paulo, ao contrário, foi para a Libertadores. Como explicar isso?
– Acredito que muito do sucesso que o São Paulo teve nesse fim de ano foi por causa da qualidade individual dos atletas e pela força da camisa. Eu mesmo tive exemplo ruim no Vasco. Em 2008, teve a troca de presidente, saiu o Eurico e entrou o Roberto. Ocorreram muitas dificuldades nos bastidores e o time acabou caindo.
Você está pronto para ser um dos líderes da equipe?
– Estou pronto e preparado para assumir essa condição.As pessoas que não estão no dia a dia conhecem o atleta apenas. Quem acompanha o nosso ambiente conhece o profissional dentro e fora de campo. Conduta, personalidade e caráter contam muito nessas horas. Tenho procurado sempre fazer coisas boas. Se me colocam nessa condição (de liderança) é porque tenho meus valores e posso provar. Quero ser um líder na parte da mentalidade e também dentro de campo, aquele cara que seja referência, que possa fazer a diferença.
Que nota você dá para o seu ano?
– Sinceramente, dou uma nota 6. O ano de 2015 foi um ano irregular para mim e para toda a equipe. Foi um ano muito difícil por causa da lesão. Ficar afastado seis meses não é fácil. Voltei e pude ajudar o time no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. Fico satisfeito porque na retomada após a lesão, pude marcar gols importantes que ajudaram o time. Ano que vem quero voltar muito forte para ajudar o São Paulo a conquistar títulos.
Ao mesmo tempo em que teve a lesão, você se tornou pai…
– Sem dúvida, foi um momento especial. Ela nasceu um dia antes de sofrer a lesão e me trouxe paz, serenidade, carinho e compreensão. Me fez mudar muito para melhor. O amor que sinto por ela é inexplicável.