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Alexandre Lozetti
Queridinho do “patrão”, como costuma chamar o goleiro, atacante sofreu nove faltas ou pênaltis que se tornaram gols de Rogério: meta é tomar mais cerveja com o amigo
Para Aloísio, é Deus no céu e Rogério Ceni na terra. O atacante, campeão do mundo (2005) e de três Brasileiros pelo São Paulo (2006, 07 e 08), tem verdadeira idolatria pelo goleiro. Tanto que era capaz de abrir mão da chance de fazer os seus gols para que o “patrão”, como costumava chamar o parceiro, ampliasse seu recorde.
A cena é recorrente na cabeça dos tricolores. Falta em Aloísio Chulapa, gol de Rogério Ceni. Ela se repetiu nove vezes. O centroavante foi quem mais colaborou com os 131 gols marcados pelo maior goleiro-artilheiro do futebol mundial.
No caso de Rogério, é como se quem sofresse as infrações desse as assistências. O estilo de jogo do Chulapa, eficiente na função de pivô, de costas para a área e com boa proteção de bola, provocou inúmeras chances.
Aloísio jura que as faltas aconteciam, mas confessa que forçava para recebê-las. E não se esquece de um jogo contra o Santa Cruz, no Morumbi, quando caiu, ouviu o apito do árbitro, pegou a bola e já chamou o goleiro.
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– Eu cavei a primeira, o juiz não deu. Cavei a segunda, ele deu. Então eu já caí olhando pro Rogério. O goleiro até botou um jogador embaixo da linha, mas não deu. O Rogério para mim é eterno. Eu preferia ver gol dele, aquelas cobranças maravilhosas, a fazer um meu.
O centroavante não era mesmo dos mais íntimos do gol. Em 2007, encarou jejum de 18 jogos sem marcar, uma eternidade para sua posição. Questionado, correu riscos de sair do time e do clube. Mas foi bancado por Muricy Ramalho e Rogério Ceni, que o defendeu até para o presidente da época, Juvenal Juvêncio.
São-paulino de infância, Aloísio lidera o ranking de garçons, com nove “assistências”, à frente de Luis Fabiano e Dagoberto, que sofreram seis faltas ou pênaltis que resultaram em gols do agora ex-goleiro. Das parcerias entre Chulapa e Ceni, a mais importante aconteceu justamente na estreia do atacante pelo Tricolor. Na semifinal do Mundial de Clubes de 2005, contra o Al-Ittihad, Aloísio foi derrubado na área e o goleiro marcou. A vitória por 3 a 2 levou a equipe à final contra o Liverpool.
– Para mim, é uma honra ter colaborado, mas é mérito dele. O São Paulo nunca teria ganhado todos esses títulos sem ele. Eu me lembro de quando fomos eliminados pelo Grêmio na Libertadores (em 2007), estávamos todos abatidos, mas ele nos reuniu e deu força, confiança para ganharmos o Brasileiro. No ano seguinte (2008), ele fez o mesmo quando estávamos 11 pontos atrás do Grêmio, e fomos campeões – relembra Aloísio.
Amigo de Ceni, Chulapa – apelido recebido em razão da semelhança com Serginho, maior artilheiro da história do São Paulo, com 242 gols – tem dicas para o ex-jogador: viajar, curtir belas praias e até mudar seus hábitos e tomar “danones”. É como o atacante chama uma cerveja bem gelada. Antes da festa que marcou a despedida do goleiro, eles postaram uma foto nas redes sociais bebendo juntos com Amoroso. Chulapa não está satisfeito…
– Eu vou convidar ele pra tomar uns danones comigo e arejar a cabeça (risos) – anuncia o atacante, que, prestes a completar 41 anos, praticamente dois a menos que Rogério, aceitou proposta para defender o Maranhão na próxima temporada. Por ele, Ceni também continuaria.
– Ele poderia jogar mais uma Libertadores, mas chegou a hora. Vamos tomar um danone juntos para comemorar aquele Mundial que foi maravilhoso. Agradeço a Deus por ter me proporcionado momentos tão especiais ao lado dele, como ser campeão mundial e tricampeão brasileiro.
O jogador mais gente boa que já jogou no São Paulo! Um figura!