Medalha no peito e taça na mão; erro quase custou viagem, mas pôs torcedor em voo do tri

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ESPN.com.br

Gustavo Setti, José Edgar de Matos e Patrick Mesquita

Arquivo pessoal

Pércio Farina quase não foi ao Japão e voltou com elenco tri do Mundial
Pércio Farina quase não foi ao Japão e voltou com elenco tri do Mundial 

Muitos torcedores pagaram caro pelo sonho de ver o São Paulo jogar o Mundial de Clubes de 2005, no Japão – a conquista completa 10 anos nesta sexta-feira (18). Teve quem economizou desde a conquista da Libertadores, quem vendeu carro e até casa, mas poucos tiveram a chance de voltar com o elenco e ter contato com o time que venceu o Liverpool naquele ano por 1 a 0. Foi o caso do advogado Pércio Farina, que só teve a oportunidade graças a um erro.

A tão sonhada viagem demorou muito a chegar desde o título continental e quase foi arruinada por um problema no consulado dos Estados Unidos. Com o visto americano vencido, Farina tinha escala marcada exatamente no país. Assim, ele foi renovar a permissão pelo menos para completar a primeira parte do voo.

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Tudo parecia tranquilo e a previsão era que a situação fosse resolvida até a sexta-feira antes do Mundial – o São Paulo jogaria a primeira partida na quarta seguinte. No entanto, o passaporte de Farina não ficou pronto e o consulado mudou a data de entrega para três dias depois.

Desesperado e ciente de que não poderia viajar ao lado dos familiares, o torcedor são-paulino tentou encontrar alternativas e só conseguiu alterar o voo para segunda-feira, com escala pela Alemanha (sem necessidade de visto). A chegada ao Japão foi no mesmo dia do jogo contra o Al-Ittihad.

Tão bom quanto o alívio de conseguir embarcar e acompanhar o time do coração conquistar o mundo pela terceira vez foi a surpresa de saber que, graças ao problema com o consulado americano, o voo de volta foi o mesmo utilizado pelo elenco recém-campeão.

“Quando eu verifiquei, o voo da volta era dos jogadores. Tudo o que eu achei que seria um problema na verdade foi uma sorte porque eu não teria essa oportunidade”, comentou Farina em entrevista ao ESPN.com.br.

“Lugano simpatia”, medalha e taça

Quando chegou ao aeroporto para retornar ao Brasil, Farina deu de cara com os astros. Mesmo cansados, os jogadores foram atenciosos e o atenderam da melhor forma possível.

Arquivo pessoal

Jogadores do São Paulo fazem pagode em voo de volta 2005
Jogadores do São Paulo fazem pagode em voo de volta 

“Eles estavam cansados, sentados no chão. O Mineiro assinou minha camisa no chão. Eles chegaram ao hotel, teve festa e saíram para o aeroporto na manhã seguinte. Devem ter dormido três horas no máximo. Estavam felizes, mas cansados. O Lugano colocou a medalha no meu peito e tirou uma foto. Também segurei a taça”, afirmou.

“O Lugano foi quem me tratou melhor. O Rogério foi meio seco. Eu estava na esteira rolante e eu cumprimentei e conversamos rapidamente. Na hora que peguei autografo no avião ele estava mais seco, não sei se ele estava cansado ou é o jeito dele. Tem que respeitar”, analisou.

O sono só não atrapalhou o pagode. Dentro do avião foi uma festa só. Mesmo com os atletas na primeira classe do avião, Farina teve acesso a todos os bastidores porque o trânsito era livre graças à festa intensa que aconteceu.

Amoroso, Cicinho e Souza eram os mais animados com a conquista e comandavam a farra. Farina só lamenta um pouco o fato de ter encontrado Rogério Ceni meio “seco” no avião.

“Tinha torcedores do Liverpool no voo, mas ficaram numa boa. Na primeira classe tinha um casal de idosos japoneses. Eles ficavam batendo palma. Até japonês, que é mais reservado, comemorou”, lembrou.

Arquivo pessoal

Mineiro autografa camisa de Pércio Farina
Mineiro autografa camisa de Pércio Farina 

O cansaço só bateu no elenco na segunda parte da viagem, que contou com uma escala novamente na Alemanha. Foi então que o time “morreu” e voltou a festejar só em solo brasileiro.

Farina, hoje com 50 anos, reviveu as memórias daquele voo no último dia (11), na partida de despedida de Rogério Ceni. O torcedor viu, talvez pela última vez, a equipe que conquistou o Mundial em ação.

“Vê-los novamente no Morumbi foi incrível. Eu quase perdi a viagem e fui premiado com a chance de conhecer os jogadores. Marcou muito. Lembrar isso no Morumbi foi fantástico. Falta raça, amor à camisa e coração”, disse.

9 COMENTÁRIOS

  1. O futebol do Tricolor até 2005 era emocionante e bonito de se ver e torcer.
    Agora tenho que reconhecer que com a aposentadoria do Mico o futebol perdeu um pouco do encanto. Dois fatores contribuíram para isso: a conquista da libertadores pelo Curinthians e a aposentadoria da Múmia frangueira que acabou com a alegria da gozação dos torcedores.