São cinco dias, oito treinos, e o estilo de Edgardo Bauza começa a ser assimilado pelos jogadores do São Paulo. Há até certo espanto pela dedicação do argentino em ensinar ao grupo, por exemplo, as movimentações corretas das linhas defensivas. Segundo relatos, já que os treinos mais significativos – mais da metade – foram realizados sem a presença da imprensa, “Patón”, como Bauza é chamado na Argentina, para, orienta, participa e exige que os atletas se comuniquem mais.
Até agora, houve apenas uma divisão de titulares. No sábado, Bauza iniciou uma atividade tática no 4-2-3-1, com Denis; Bruno, Rodrigo Caio, Breno e Carlinhos; Hudson, Thiago Mendes, Michel Bastos, Ganso e Centurión; Alan Kardec. A presença de Breno na zaga, e não mais como volante, como atuou com Juan Carlos Osorio, e de Centurión na equipe são os aspectos que mais chamam atenção, mas diversas mudanças foram feitas durante esse treino, e ainda serão colocadas em teste durante a pré-temporada.
Para a manhã da próxima quinta-feira estão programados dois jogos-treino para que todo o grupo possa atuar. Os adversários ainda não estão confirmados. No dia 20 de janeiro, um amistoso contra o Cerro Porteño, acerto contratual pela iminente transferência do zagueiro Diego Lugano, deverá ser disputado no Paraguai. A estreia no Paulistão será no dia 30, contra o RB Brasil, e na Libertadores em 3 de fevereiro, diante do Cesar Vallejo, no Peru.
Até lá, Bauza acredita que terá conseguido passar boa parte de seus conceitos ao time. Nesses primeiros dias, por exemplo, o treinador insistiu que não quer ver seu volante recuando no meio dos zagueiros. Ele defende que isso apenas atrai mais adversários para uma pressão. Quando isso aconteceu no treino, Patón parou e corrigiu.
Há preocupação com o idioma. Quando Bauza acha que não é compreendido em espanhol, busca outras palavras, fala mais pausadamente. O retorno tem sido positivo. ele aprovou as reações dentro de campo e a forma como os jogadores responderam às suas determinações.
Essa atenção à organização da equipe atende a uma recomendação da diretoria quando ele foi contratado. A mensagem passada foi a de que o argentino encontraria um elenco talentoso, porém sem organização e totalmente fora de sintonia no que diz respeito a conceitos táticos. A impressão é de que cada um tinha um entendimento de jogo coletivo e de que função desempenhar em campo. A missão é fazer, o mais rapidamente possível, com que todos falem a mesma língua. Seja ela qual for.
Mais introspectivo, fechado, numa comparação com Osorio, Bauza é rigoroso com horários e já deu a entender que manterá a imprensa fora do CT em diversos treinos, pelo menos nesta pré-temporada. O colombiano também adotava esse método. Serve para que o argentino e seus dois compatriotas, o auxiliar José Daniel Di Leo e o preparador físico Bruno Militano, pensem no futuro da equipe. Um futuro muito próximo.
O lateral-esquerdo chileno Mena é o único reforço anunciado. Ele treina com o grupo desde sexta. Lugano, a não ser que um desastre aconteça, chegará nos próximos dias. O departamento de futebol julga que precisa de um volante mais marcador do que os disponíveis hoje no grupo e um atacante para atuar mais aberto.
Na verdade, a avaliação é de que há necessidade de muitos reforços para completar o elenco desmontado pela gestão anterior no meio do ano passado, mas não há dinheiro nem nomes disponíveis no mercado. Isso será feito durante a temporada. Enquanto isso, segue a negociação pelo atacante Kieza, que pode acertar nesta semana para disputar posição com Alan Kardec.
Como odeio essa tática 4-2-3-1. Pra mim não tem nada de moderno nisso, parece mais um retranca moderna. Com Lugano vindo, o melhor é jogar no
3-5-2, já que não temos laterais que defendem e só sabem atacar.
Murrinha no gol é brincadeira