Atrasos de salários e prêmios calam jogadores e dividem São Paulo

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ESPN.com.br

Arnaldo Ribeiro, Gian Oddi, Rafael Valente e Vladimir Bianchini

FERNANDO DANTAS/Gazeta Press

Jogadores do São Paulo no CT da Barra Funda
Jogadores do São Paulo no CT da Barra Funda

Atraso no pagamento de salários, direitos de imagem e premiação fez os jogadores do São Paulo decretarem “greve de silêncio” que acabou dividindo o vestiário da equipe depois da derrota para o The Strongest, pela Libertadores, na última quarta-feira.

Antes de enfrentar o time boliviano, os jogadores combinaram de não falar com a imprensa, independentemente do resultado, em forma de protesto pelos atrasos, de até três meses no caso nos direitos de imagem e de poucos dias nos salários registrados na carteira de trabalho – além dos prêmios pela classificação à Libertadores.

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A estratégia já havia sido colocada em prática na véspera da partida, quando nenhum jogador quis participar de entrevista coletiva, o que acabou obrigando o técnico Edgardo Bauza falar com os jornalistas, o que não costuma fazer no dia anterior aos jogos. No dia seguinte ao jogo, quem falou foi o novo contratado Maicon. E nesta sexta-feira, quem falou foi Lugano. Ou seja: nenhum dos relacionados ao movimento.

ALE VIANNA/Agência Eleven/Gazeta Press

O presidente do São Paulo, Leco, em reunião com Rubens Moreno, do futebol
O presidente do São Paulo, Leco, no CT tricolor

Pelo plano inicial do elenco são-paulino, a ideia era aliar o silêncio com uma vitória categórica sobre o The Strongest para dar um recado aos torcedores que o time, mesmo com dinheiro a receber da diretoria, continuava a se dedicar em campo.

Mas a vitória do rival, apenas a segunda na história de um time boliviano pela Libertadores no Brasil, complicou a estratégia e deixou sequelas no vestiário.

Na saída do gramado, no Pacaembu, nenhum jogador atendeu os jornalistas: alguns foram até levados com puxões para o vestiário por companheiros.

Mas, no vestiário, o pacto de silêncio foi quebrado por alguns poucos jogadores, com destaque para dois estrangeiros: o uruguaio Lugano (que incentivou os companheiros a falarem) e o argentino Calleri, um dos poucos poupados pelas críticas dos torcedores na arquibancada. Denis e Kardec também decidiram falar, após a intervenção de Lugano.

Isso causou mal estar dos líderes do movimento pelo silêncio.

Os mais indignados com a quebra no pacto eram Paulo Henrique Ganso e Michel Bastos, que hoje veste a tarja de capitão e que pode perder o posto quando Lugano estrear. Isso deve acontecer no próximo domingo, contra o Rio Claro, no Pacaembu. O São Paulo estará formalmente sob nova liderança, que está sendo testada antes mesmo de ser efetivada.

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Presidente do São Paulo defende assessor que criticou elenco: ‘Cabeça quente’

Lugano deu uma entrevista coletiva nesta sexta-feira. Quando perguntado sobre o clima dos jogadores “dentro e fora do campo”, o zagueiro uruguaio limitou-se a falar sobre o desempenho em campo. E também disse que assumirá a responsabilidade.

“Eu vim aqui para assumir a responsabilidade. Mas ser real ou não, é diferente. Só o campo dirá. Eu vim aqui justamente para ajudar, ser mais um. Não posso pensar que só minha presença vai modificar tanto. Mas se o torcedor quiser colocar essa responsabilidade, eu aceito”, disse Lugano.

“Nós tivemos dois resultados ruins, ninguém gosta de perder. Acho que todo mundo quer reverter a situação. Vamos reverter. Temos time para isso. Tomara que o time pegue corpo para competir e ganhe títulos. Vamos sair rápido e bem desta semana complicada.”

OUTRO LADO

Por meio de sua assessoria de futebol, o São Paulo informou que quitou na última quinta-feira um mês de direitos de imagem atrasados. Também disse que a premiação pela classificação à fase preliminar da Libertadores – obtida via Brasileiro-2015 – foi paga.

Ainda de acordo com o clube tricolor, diferente de outras épocas, os jogadores são informados quando o pagamento será feito e isso tem sido cumprido.

Sobre o racha no vestiário, o São Paulo disse desconhecer qualquer desentendimento.

3 COMENTÁRIOS

  1. O que falta para o SPFC é se modernizar e profissionalizar. Alexandre Bourgeois tentou fazer um plano em que o SP economizaria R$ 136 mi, mas a diretoria pouco quis implantar o plano do cara.

    Esse plano tornaria o SP uma espécie de empresa, coisa de profissional mesmo, inclusive os jogadores teriam contrato por produtividade: Jogou bem ganha bem, jogou mal salário é reduzido. Tiraria o SP de refém desses empresários de jogadores. E não é só isso, teria Plano de Investimentos, Conselho de Administração, Plano de Marketing e etc etc.

    Mas… o cara foi boicotado no clube, por esses dinossauros que não querem parar de roer o osso. Não querem perder as regalias nem o poder. Querem ficar como ditadores, mandam e desmandam achando que são os donos do time.

    Se nada der certo (acho que nada vai dar mesmo), a única solução que nos restará, será vender o clube para um daqueles Sheikh dos Emirados Árabes Unidos, reis do petróleo.
    O “medíocre” Manchester City estava no fim do poço, não tinha lucro nenhum, somente dívidas. E o Sheikh Mansour Bin Zayed Nayhan comprou o time e investiu R$ 585 milhões em contratações no clube. Agora o cara é Deus para os torcedores.