Em e-mail a conselheiros, presidente do São Paulo rebate críticas de Abilio

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Marcelo Hazan-GloboEsporte.com

Abilio Diniz (Foto: Agência Estado)Abilio Diniz (Foto: Agência Estado)

O empresário Abílio Diniz e o presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, não estão mais do mesmo lado. Abílio publicou texto em seu blog no portal UOL criticando a dificuldade que as consultorias bancadas por ele (PricewaterhouseCoopers e McKinsey) estão tendo para obter informações no departamento de futebol.

Leco rebateu com um e-mail endereçado a todos conselheiros, dizendo que o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, o diretor Rubens Moreno e o gerente-executivo Gustavo Vieira de Oliveira estão colaborando com as auditorias cedendo todos os documentos solicitados.

Sem citar nomes, o mandatário diz, entre outras coisas:”… não ficaremos inertes nem calados diante de tentativas de tumultuar o ambiente político do clube…” (confira a íntegra abaixo).

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Leco e Abílio foram aliados durante o processo que culminou na renúncia do ex-presidente Carlos Miguel Aidar, em outubro de 2015.

Na visão de alguns conselheiros, o racha entre Leco e Abilio tem origem no desejo do empresário de ter maior influência no futebol e no remanejamento de cargo de Milton Cruz, antes coordenador técnico e agora parte do departamento de análise de desempenho.

Veja abaixo a íntegra do e-mail enviado por Leco aos conselheiros do São Paulo:

Caros Conselheiros,

Em nome do compromisso com a verdade e do respeito que tenho pelo Conselho Deliberativo, que tive a honra de presidir e ao qual pertenço há mais de 20 anos, sinto-me na obrigação de prestar estes esclarecimentos a fim de repor algumas coisas no devido lugar. Falo com a franqueza que me caracteriza.

Essa gestão completou 100 dias. Neste curto período, são inegáveis os avanços em relação ao quadro que herdamos da administração anterior. Entre os sócios, na comunidade de Conselheiros, entre os funcionários, na nossa imensa torcida, na imprensa especializada, em toda parte há a percepção e o reconhecimento de que o São Paulo mudou, e mudou para melhor. Recobramos a seriedade do clube, sem o que nada se faz. Cortamos custos, estamos revendo contratos, voltamos a obter patrocínios que haviam sido afugentados pelo clima de insegurança e suspeição, hoje superadas. Estamos promovendo uma reformulação abrangente e meditada do nosso futebol, com frutos que já começam a ser vistos, mas cujo alcance e propósito são de longo prazo.

Tais mudanças, obviamente, contrariam interesses ou podem ser mal compreendidas. Eu nunca me furtei ao diálogo. Mas nada e nem ninguém irá me desviar dos compromissos assumidos em meu discurso de posse. A transparência é um dos pilares dessa gestão. É algo, além do mais, que vem sendo praticado no dia a dia da administração, com resultados palpáveis. É esta gestão, e mais ninguém, quem respalda o trabalho e dá legitimidade às auditorias que vêm sendo realizadas pela Pricewaterhouse e pela McKinsey, visando os interesses do São Paulo. São desprovidas de fundamento, portanto, as ilações de que o departamento de futebol estaria dificultando um trabalho que é do nosso total interesse. Fui informado pelos dirigentes da área, o Vice-Presidente Ataíde Gil Guerreiro, o Diretor Rubens Moreno, e o Gerente-Executivo de futebol Gustavo Vieira de Oliveira, de que todos os documentos solicitados foram e continuam sendo postos à disposição dos auditores. Essa é a minha orientação e assim será feito. A profissionalização e a modernização da gestão do futebol do São Paulo são parte fundamental e estão comprometidas com a transparência da administração como um todo.

Dificuldades existem, e sempre existirão. Serão enfrentadas com desassombro, austeridade e perseverança. Não nos desviaremos do nosso caminho. Não ficaremos inertes nem calados diante de tentativas de tumultuar o ambiente político do clube (pois é disso, afinal, que se trata) em nome de interesses muitas vezes particulares ou mesquinhos que se escondem por trás de vaidades mal administradas. O São Paulo realmente não tem dono, mas tem, sim, um Presidente legitimamente constituído pelo voto, em vitória consagradora, que irá exercer suas prerrogativas na plenitude do cargo, sempre estimulando o diálogo e o respeito em relação ao Conselho, aos sócios e à imensa nação tricolor. O São Paulo é maior do que todos nós, que estamos aqui para servi-lo e para honrar a sua história.

Está próxima a oportunidade de nos encontrarmos na reunião do Conselho Deliberativo, a se realizar no próximo dia 23, quando teremos a possibilidade de conhecermos e discutirmos todos e quaisquer assuntos de interesse do São Paulo. É lá, no foro próprio, que abordaremos todos os temas, esclareceremos todas as dúvidas e questionamentos, responderemos tudo o que o Conselho quiser saber. Nossa resposta será dada aos Conselheiros, legítimos responsáveis pela grandeza do São Paulo.

Abraço cordial,

Carlos Augusto de Barros e Silva