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Juliana Alencar
Quando chegou ao centro de treinamento na quarta, 10, Rogério mal teve tempo de colocar o uniforme. Antes mesmo de entrar em campo, foi informado pelo preparador físico que tinha sido relacionado para estar na partida decisiva contra o Cesar Vallejo, válida pela Libertadores, no Pacaembu.
“Só tive tempo de ir para casa, pegar as minhas coisas e voltar para me concentrar”, relembra o jogador, que ganhou a oportunidade após o corte de Allan Kardec. Horas depois ele faria o único gol da vitória que levou o São Paulo para a fase de grupos do torneio continental. E com apenas 3 minutos em campo.
Ser decisivo não é uma novidade na curta trajetória do atacante no clube paulista – o que o alçou a posto de talismã e xodó da torcida. Foi dele também o gol que decretou a classificação do São Paulo para a Libertadores, no magro 1 a 0 contra o Goiás, pelo Brasileirão. Mesmo sem marcar, o jogador já tinha feito grande partida no importante duelo contra o Atlético-MG, vencido pelo São Paulo por 4 a 2. Nos três confrontos, ele saiu do banco para fazer a diferença.
Quem vê o atleta tímido, meio acuado, durante bate-papo com o UOL Esporte, no entanto, pode até ter dificuldades em encaixá-lo nesse perfil. Mas é só ouvi-lo narrar como transformou a frustração da véspera em “sangue nos olhos” para tudo voltar a fazer sentido.
“Estava em casa, à noite, pensando que o estádio ia estar lotado, que eu queria estar lá”, conta. “Por todo sofrimento que eu passei, não ia desistir assim. Tem jogador que se abate, fica chateado. Eu fico animado, porque a gente sempre vai ter uma oportunidade. Foi o que aconteceu. Eu nunca abaixei a cabeça”.
O gol contra o time peruano foi seu prêmio. E ele foi dedicado à mulher, Maria Eugênia, grávida de dois meses de seu segundo filho. “Eu estava devendo um gol para comemorar. Esperava que fosse no Paulista (ele atuou contra o Água Santa, na vitória por 4 a 0). Mas nada melhor, depois de tudo o que aconteceu, eu fazer o gol na Libertadores”.
Atleta virou ‘rei da noite’ em cidade natal
Rogério chegou ao São Paulo em setembro, depois de uma boa temporada no Vitória. Veio para suprir uma deficiência no ataque do time paulista. Hoje, com mais gente na briga pela vaga, ele admite que a situação se complicou. “Antes era só o Pato”, diz ele, que mede as palavras para não desagradar o técnico, Edgardo Bauza. “Mas independentemente de ser 10, 20 concorrentes, eu estou trabalhando pesado para me manter. Foi como ele disse, todo mundo tem que estar preparado.”
A falta de estabilidade na carreira de jogador e o medo do futuro, aliás, fizeram o atleta apostar em outros caminhos profissionais. Não faz muito tempo que abriu uma pequena casa de noturna na sua cidade natal, Pesqueiras, em Pernambuco.
“Minha esposa e eu sempre colocamos tudo na ponta do lápis. Porque lá na frente, se não tiver cabeça, vai faltar”, conta. “Conforme vai sobrando, eu vou guardando. Vou comprando um terreno, apartamento, construindo minha casa… Tem que investir em outros negócios”.
O local, ele conta, é gerenciado pela família dele. Longe de lá, Rogério diz que usa a sua influência para convidar grupos musicais a se apresentarem. “Agora que eu estou num clube maior, fica mais fácil”, reconhece, antes de contar uma das descobertas como empresário da noite: “O que dá dinheiro não é o ingresso, é a bebida”.
Enquanto o futebol ainda é sua maior fonte de renda, o atacante segue no discurso do trabalho duro para conquistar o espaço. E volta a ficar constrangido ao ser questionado se está aprendendo espanhol para fazer o lobby com o técnico argentino. “Deixa isso pro Milton Cruz…”, desconversa, citando o ex-técnico e atual analista de desempenho do São Paulo.
É só prestar bem atenção que a gente percebe que Rogério é um cara humilde, esforçado, inteligente pq já projeta o seu futuro quando terminar a carreira. Se Deus quiser, Rogério, você será o destaque do São Paulo esse ano e será agraciado com um salto enorme em sua carreira, não digo indo pra Europa ou pra China, mas aqui dentro mesmo do Tricolor você conquistara seu espaço que poderá se prolongar por muito tempo.