UOL
Guilherme Palenzuela
O São Paulo selecionou reforços e escolheu a nova comissão técnica de 2016 pensando na disputa da Copa Libertadores, competição que já conquistou três vezes (1992, 1993 e 2005) e que é sempre a mais importante para o clube – tanto para a instituição como para a torcida.
O torneio começa para o São Paulo nesta quarta-feira (3) em Trujillo, no Peru, na disputa do primeiro jogo contra o Cesar Vallejo, às 21h45 (de Brasília). A equipe que vencer o confronto em duas partidas entrará no Grupo 1 ao lado de River Plate (ARG), The Strongest (BOL) e Trujillanos (VEN).
Em quatro reforços, três são estrangeiros: não foi por acaso
Não é coincidência que três dos quatro reforços anunciados e apresentados pelo São Paulo até agora em 2016 sejam estrangeiros. Só o atacante Kieza é brasileiro. O primeiro a ser anunciado foi o lateral esquerdo chileno Eugênio Mena, apresentado pelo diretor executivo de futebol Gustavo Vieira de Oliveira como “jogador de experiência internacional e experiência em competições sul-americanas”.
O mesmo Vieira de Oliveira explica que, em sua análise, a explicação está na formação do jogador sul-americano longe do futebol brasileiro: para ele, tais culturas têm formado nos últimos anos atletas com maior capacidade de organização tática, como prega o técnico argentino Edgardo Bauza.
“Na média, a formação do atleta sul-americano tem um viés mais prático, mais coletivo, mais organizado. Isso é uma percepção genérica, mas esse elemento para nós é importante. O conceito é se enquadrar no elemento coletivo de jogo. De jogo e fora de campo. Isso é fundamental”, disse, ao UOL Esporte, em Trujillo, no Peru.
Principal nome do time para 2016, o uruguaio Diego Lugano, ídolo do clube, foi contratado para ajudar dentro de campo, mas principalmente porque o São Paulo entendia – e afirmou publicamente – que parte do elenco não tinha total comprometimento com os objetivos coletivos do clube. Agora, espera-se que Lugano tenha papel ativo fora das quatro linhas como líder da equipe e que consiga implementar valores que se perderam e não foram vistos no ano passado.
Por último, chegou o atacante Jonathan Calleri, argentino, de 22 anos, campeão nacional com o Boca Juniors em 2015. Reforço por empréstimo e por apenas seis meses, quase que exclusivo para a Libertadores.
Excesso no ataque por opção e medo de lesões
Edgardo Bauza já afirmou que Jonathan Calleri é centroavante, “camisa 9, de área”. Hoje, porém, Alan Kardec é o titular da posição e assim treinou em absolutamente todas as atividades táticas do técnico argentino desde o início da pré-temporada. Kieza, autor de 29 gols em 2015 pelo Bahia e segundo maior artilheiro do Brasil – só ficou atrás de Ricardo Oliveira, do Santos – também chegou. Ou seja: três jogadores competem por uma posição.
“A gente tinha a necessidade de recompor atletas que façam gols. Tínhamos Luis Fabiano e Pato. Fazia-se necessário buscar goleadores para substituí-los. Quando você tem um viés de organização de jogo e se ajeita defensivamente, que é o viés do Patón conosco, o goleador é decisivo. Talvez um gol, uma jogada, faça diferença. O Kieza vem substituir um goleador que nós perdemos e o Calleri é uma oportunidade de curto prazo, aí sim, com o sangue latino, com sangue copeiro, de Libertadores, que nos entrega o curto prazo”, explica Gustavo Vieira de Oliveira.
Eventualmente poderão jogar juntos, mas hoje o São Paulo tem um excesso no ataque e admite que nem todos os atacantes poderão jogar tanto tempo quanto se espera. Mas o clube vê isso como um conforto. Em 2015, com Luis Fabiano e Kardec, houve momentos em que o São Paulo teve problemas para escalar o setor ofensivo da equipe – Kardec se lesionou gravemente ainda na fase de grupos e Luis Fabiano levou um cartão vermelho e conviveu com pequenas lesões.
Para 2016, a preocupação é que não haveria nenhum centroavante de ofício no elenco para suprir uma possível ausência de Kardec. O substituto contratado foi Kieza, mas quando a diretoria conheceu a disponibilidade de ter Calleri por empréstimo, fez o negócio. O atacante argentino foi um pedido de Bauza e ficará emprestado até 30 de junho. Se o São Paulo chegar à semifinal da Libertadores – o torneio pausa e junho por causa da Copa América e volta em julho – Calleri ficará até o fim da participação do clube no torneio.
Edgardo Bauza é o bicampeão mais recente
O São Paulo escolheu o argentino Edgardo Bauza para comandar o time em 2016 porque viu no técnico que deixou o San Lorenzo-ARG a capacidade de organização dentro e fora de campo que faltou no elenco do ano passado. E também por ser um vencedor. Bauza é o único treinador bicampeão da Copa Libertadores nas últimas décadas – ganhou a primeira em 2008, pela LDU, do Equador, em final contra o Fluminense, e pela segunda vez em 2014, com o San Lorenzo.
A diretoria são-paulina crê que, além dos títulos que creditam Bauza ao comando da equipe, era necessário ter um treinador que pudesse transmitir ao elenco a capacidade de conquistas de grandes objetivos. Também para compensar o currículo de um elenco que, antes da contratação de Diego Lugano, carecia de grandes conquistas e de experiência internacional no currículo, principalmente depois das saídas de Rogério Ceni, Luis Fabiano e Alexandre Pato.