Perrone – UOL
A diretoria do São Paulo se preparou para virar alvo de novos ataques de Abilio Diniz ao demitir Milton Cruz, que trabalhava havia 22 anos no clube. Porém, o empresário não quer dar entrevistas sobre o assunto para evitar novas polêmicas. Mesmo assim, deixa clara sua discordância com o afastamento.
Procurada pelo blog, a assessoria de imprensa de Diniz disse que ele “não vai comentar a covarde e sórdida demissão de Milton Cruz, pois isso não faria bem para ele (o demitido) e nem para o São Paulo”.
A forma como Milton foi dispensado também desagradou a alguns conselheiros oposicionistas, apesar de a maioria pedir o desligamento dele. O argumento é de que a diretoria é soberana para afastar seus funcionários, mas desrespeitou o ex-assistente por ter criado outro cargo para ele, que na prática ficou na geladeira. O mais justo, segundo essa linha de raciocínio, seria assumir logo que Milton não estava nos planos e demitir o funcionário.
A degola só aconteceu na última quinta. Luiz Cunha, novo diretor de futebol, afirmou que quando foi convidado para o cargo disse ao presidente que não queria mais a permanência do ex-assistente. Ele afirmou que Milton estava sendo sub-aproveitado, por isso a demissão seria a atitude mais justa.
Abilio havia sugerido a efetivação de o ex-assistente técnico como treinador para Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, no final do ano passado. O presidente não aceitou a ideia e ainda afastou Cruz do posto de assistente. Ele passou a ter a função de implantar um departamento de análise de desempenho no clube.
A diretoria se incomodava com a amizade entre Milton e Abilio e acreditava que ele comentava assuntos internos do time com o empresário. Além disso, a cúpula tricolor entendeu que ele ficou insatisfeito no novo cargo e, no lugar de apagar incêndios, jogava gasolina na fogueira ao ser procurado por jogadores descontentes.
Assim que soube da demissão, a oposição são-paulina abriu os braços para receber Diniz. Os opositores acreditam que a queda do amigo fará o empresário defender um candidato contra a situação na eleição para presidência do São Paulo em abril do ano que vem. Não há postulantes ao cargo definidos.