Ainda de olho em Ganso, time de Kaká dá garantia em briga judicial contra São Paulo

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ESPN.com.br

Diego Garcia e Rafael Valente

Ganso comemora gol pelo São Paulo, no PacaembuGanso comemora gol pelo São Paulo, no Pacaembu

Um apartamento de 500 metros quadrados, no centro do Rio de Janeiro, próximo ao Aeroporto Santos Dummont, a menos de 20 minutos da praia de Copacabana e avaliado em R$ 3,5 milhões foi apresentado pelo Orlando City, dos Estados Unidos, como garantia para que a ação movida contra o São Paulo pela contratação de Kaká prossiga.

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A dívida corre na Justiça brasileira desde agosto do ano passado. O clube americano cobra do São Paulo cerca de R$ 14 milhões por exigências contratuais não cumpridas após a diretoria tricolor acertar a vinda de Kaká por empréstimo em julho de 2014. Ao notificar a direção tricolor no ano passado, a equipe americana sugeriu como alternativa a compra de Ganso perdoando a dívida e pagando mais R$ 5 milhões (leia mais abaixo).

A informação está contida em documentos do final do ano passado e que foram obtidos pela reportagem do ESPN.com.br com excluvisidade.

Um dos documentos foi protocolado em 14 de dezembro de 2015 e por meio dele o brasileiro Flávio Augusto da Silva, dono do Orlando City, se coloca como fiador do clube americano. Cita o apartamento descrito acima como uma garantia.

Antes de protocolar esse documento, foi realizado uma avaliação técnica do imóvel por uma empresa contratada para esse fim. O documento de 12 páginas faz diversas considerações, avaliando o tamanho do apartamento, a localização dela e possibilidade de valorização.

O interesse do Orlando City na contratação de Ganso ainda existe. Apesar do interesse do jogador em ser negociado já no ano passado, o clube tricolor recusou negociar o camisa 10 pelo valor oferecido na época (cuja soma represantaria cerca de R$ 19 milhões).

Então presidido por Carlos Miguel Aidar, o São Paulo avaliou que a negociação não valeria a pena porque o clube desembolsou R$ 16,6 milhões para tirar o meia do Santos, em 2012 – o grupo DIS pagou mais R$ 7,5 milhões, ficando com 68% dos direitos do jogador-, e queria o valor estipulado na multa rescisória: 25 milhões de euros.

O outro motivo é que o Orlando City desejava abater parte do pagamento perdoando a dívida do São Paulo, que na época girava em torno de R$ 13.878.159,26, e pagando outros R$ 5 milhões diretamente ao clube.

Além de contestar o valor da dívida, o clube não desejava misturar as discussões.

Negociar Ganso não é um tabu no São Paulo. Segundo apurou a reportagem, a diretoria aceitaria liberá-lo desde que a proposta atendesse as expectativas tricolores. O meia também não faria oposição desde que a proposta fosse boa para ele também.

No início deste ano, o empresário dele recebeu uma sondagem do Hebei China Fortune, da China, mas que acabou não se formalizando.

ENTENDA O PROCESSO DO ORLANDO CITY CONTRA O SÃO PAULO

Uma planilha de apenas seis linhas que não foi feita na data gerou ao São Paulo a pendência que há até hoje com o Orlando City. Isso, porque o clube tricolor deveria ter enviado um documento desse porte ao Orlando até 26/06/2014, sob pena de multa diária.

Explica-se: o São Paulo deveria mandar ao time da Flórida uma lista com o valor médio da receita líquida dos jogos pelo Brasileiro antes de 10 de julho de 2014. Pela ordem, eram quatro duelos: contra Botafogo, Coritiba, Grêmio e Atlético-MG. A exigência fazia parte da compensação ao time americano pelo empréstimo de Kaká.

O não envio dessa relação obrigaria o São Paulo a pagar uma multa diária de US$ 10 mil (R$ 32,1 mil) a partir do 11º dia após 26 de junho de 2014, data da assinatura do contrato com o Orlando City. Contudo, só enviou a planilha em 13 de fevereiro de 2015, o quer por si só já configuraria uma dívida de R$ 7,32 milhões.

Mesmo assim, como o clube tricolor não mandou comprovantes das rendas nessa ocasião, o time norte-americano considerou que até o dia ação passaram-se 378 dias desde que o time tricolor deveria ter enviado o documento e não o fez.

Assim, a multa, pela visão dos americanos, totalizava, no início da ação, quase R$ 12,2 milhões, um dinheiro que não correria risco de sair dos cofres do Morumbi se o São Paulo tivesse feito apenas um documento de Excel com o cabeçalho, a relação das rendas das quatro partidas e o total expresso logo abaixo.

Além da multa pelas informações não repassadas, o Orlando cobrava mais R$ 1.744.359,26. Esse é o valor, acrescido de multa pelo não pagamento no prazo correto, do que deveria ser a compensação pelo empréstimo de Kaká: 20% da diferença da renda líquida nos jogos do São Paulo no Brasileiro-2014 com e sem o atacante.

Sem a multa, o São Paulo deveria pagar R$ 1,44 milhão pelo empréstimo de Kaká. Agora, caso o Orlando tenha sucesso na Justiça, a negociação pode custar quase R$ 14 milhões.