Luis Augusto Simon
Do UOL, em São Paulo
Ricardo Nogueira/Folhapress
O Milionário recebe o Soberano. A imagem pode remeter a uma bucólica tarde inglesa com um nobre recebendo o amigo para um chá das cinco. Não é o caso. Não há nada de amistoso na visita que o São Paulo faz ao River Plate.
Ao contrário, ela tem muito de drama. O São Paulo de uns tempos para cá não tem nada de soberano. E, já em março, vive partidas que podem significar o prólogo de crise. Uma nova crise. Um novo recomeço.
Patón tenta tirar um pouco da dramaticidade da partida. “Mesmo se perdermos, continuamos vivos. Precisaremos ganhar as outras quatro partidas”. Uma análise que serve apenas para isso: dar um pouco de paz ao time. Sim, pois em um grupo com uma adversário bem mais fraco (Trujillanos) é muito difícil classificar-se com 12 pontos.
Diego Lugano é mais radical. “Jogamos o semestre”, afirmou, deixando claro o pouco valor que teria um título do Paulistão, com o time eliminado na primeira fase da Libertadores.
E é a Lugano, o velho Lugano, com 35 anos, de volta após 10 anos longe do clube, que Bauza aposta para conseguir encarar o atual campeão da América. Que estreou com vitória fora de casa por 4 a 0 contra o Trujillanos.
Ele escalou Lugano ao lado de Maicon, o único zagueiro que dá tranquilidade total ao torcedor. “Os dois são muito experientes e isso é importante para o jogo contra o River Plate”.
A opção por Lugano mandou Rodrigo Caio, que atuou em 11 partidas, para o banco. Lugano fez apenas três jogos no ano.
Bauza espera uma pressão inicial muito grande do River. “Eles vão nos pressionar muito nos primeiros 30 minutos. Precisamos estar bem postados para ter a bola e o contra-ataque”, disse.
Estar bem postado e sair no contra-ataque significa uma aposta em duas duplas pelas laterais: Bruno e Centurión na direita e Mena com Carlinhos na esquerda. Este lado esquerdo tem funcionado, à exceção do último jogo. O direito, não. Tem apenas rendido a Bauza outro apelido além de Patón. A torcida o chama de teimoso por apostar tanto em Centurión.
E há Calleri, que fez três gols em dois jogos e está em jejum há cinco. E Ganso, que, segundo Bauza, quando está “enchufado” e fator de desequilíbrio. Enchufe significa tomada, enchufado significa estar ligado. É o velho dilema são-paulino sobre Ganso, agora em espanhol.
Assim está o São Paulo. Cheio de condicionantes. Se ainda tivesse vencido o Strongest na estreia. Aliás, seria uma injustiça.
Patón disse que o Monumental de Nunez não o assusta. Nem pode. Já enfrentou o River várias vezes. O que assusta é o retrospecto: uma vitória em 19 encontros. Seis derrotas em seis encontros com Gallardo.
Gallardo que não terá o zagueiro Maidana, contundido, mas que garantiu a volta de D’Alessandro (que teve uma distensão) por alguns minutos, saindo do banco.
Para ganhar o jogo? Para segurar o resultado? Não se sabe o que pensa Gallardo.
A certeza é uma só. O Milionário está bem de vida, é o campeão da América. O Soberano vive da camisa.
As prováveis escalações de River Plate x São Paulo:
River Plate: Barovero; Mercado, Ponzio, Mammana e Vangioni; Domingo, Mayada e Fernández; Driussi, Mora e Alario. Técnico: Marcelo Gallardo.
São Paulo: Denis, Bruno, Maicon, Lugano e Mena; Hudson e Thiago Mendes; Ganso, Michel Bastos (Carlinhos) e Centurión; Calleri. Técnico: Edgardo Bauza.