Em crise, São Paulo afasta Ataíde e diretor de futebol e inicia reformulação

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ESPN.com

Rafael Valente

Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol desde abril de 2014
Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol desde abril de 2014

O momento turbulento do São Paulo na temporada provocou mudanças no departamento de futebol. Ataíde Gil Guerreiro e Rubens Moreno, cartolas do departamento do futebol, foram afastados dos cargos nesta sexta-feira.

O diretor executivo Gustavo Vieira de Oliveira segue no cargo. Segundo apurou a reportagem, a ideia do clube é contratar alguém que ajude o dirigente no dia a dia – a avaliação é que Ataíde ficava muito ausente.

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A decisão foi tomada após longa reunião com o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, fora do estádio do Morumbi e do centro de treinamento da Barra Funda, conforme apurou o ESPN.com.br.

Ainda não há definição de quem será o substituto de Ataíde – só se sabe que poderá ser um conselheiro. Moreno, por outro lado, será substituído por Luiz Cunha, que era diretor da base e foi lá colocado pelo ex-mandatário Carlos Miguel Aidar.

Cunha viu sob sua gestão o time sub-20 do São Paulo conquistar vários títutlos – inclusive a Libertadores da categoria -, mas não pode ser vice-presidente de futebol justamente por não ser conselheiro do clube.

Leco deve iniciar também uma reformulação. O desejo dele é afastar jogadores considerados desinteressados, se possível negociando de forma definitiva. O técnico Edgardo Bauza deve ficar.

A pressão dos conselheiros para a saída de Guerreiro, vice-presidente de futebol, era grande desde o ano passado. Aumentou após Leco, já como presidente interino, ter trazido ele e Vieira de Oliveira de volta – ambos tinha sido afastados pelo ex-presidente Carlos Miguel Aidar.

O empate com o Trujillanos, da Venezuela, na última quarta-feira, pela Libertadores, só deixou o ambiente mais tenso. O São Paulo não venceu na fase de grupos. Empatou com o River Plate, na Argentina, e perdeu para o Strongest, da Bolívia, em São Paulo. Com isso, está com a classificação para as oitavas de final bastante ameaçada.

No Campeonato Paulista, a equipe também não venceu os dois clássicos que fez. Perdeu para o Corinthians por 2 a 0, em Itaquera, e para o Palmeiras pelo mesmo placar, no Pacaembu.

Ao retornar da Venezuela, na tarde de quinta-feira, Guerreiro admitiu que o time vive um momento turbulento e falou até em má sorte.

Guerreiro era quem estava há menos tempo no cargo, desde abril de 2014, quando Aidar foi eleito presidente e o nomeou. Rubens Moreno estava no futebol tricolor desde julho de 2013, quando o presidente era Juvenal Juvêncio.

No ano passado, Aidar chegou a estipular algumas metas para o departamento de futebol tricolor com a condição de que se elas não fossem atingidas Guerreiro deixaria o cargo. As metas incluiam a classificação para a Libertadores deste ano e a promoção de pelo menos quatro jogadores da base ao time profissional – ambas foram atendidas.

Mas havia também a cobrança para conquistar títulos, vencer clássicos, entre outras. Essas metas não foram atendidas, mas, com a saída de Aidar, foram desconsideradas. Muitos conselheiros passaram a pressionar Leco já ao final do ano passado pedindo a saída de Guerreiro e relembrando que as metas no futebol não foram atendidas.

Mantido, Gustavo Vieira de Oliveira é pressionado principalmente pelo novo contrato que assinou com o São Paulo ao retornar ao clube. Além de ter ganhado um aumento nos ganhos, o novo acordo assegura ao dirigente um bônus em negociação de jogadores.

BRIGA COM PRESIDENTE

Guerreiro também sofre pressão do conselho tricolor por causa da briga com o ex-presidente Aidar. Ambos são investigados dentro do clube.

À comissão de ética são-paulina, Ataíde admitiu que agarrou o ex-mandatário pelo pescoço e tentou atingi-lo com um soco durante uma reunião no Hotel Radison, em São Paulo, em 5 de outubro do ano passado.

O episódio colaborou para a renúncia de Aidar da presidência. O motivo da discussão foi que Ataíde Gil Guerreiro confrontou o ex-presidente sobre negociações no clube, e Aidar acusou o dirigente do futebol de estar precisando de dinheiro.

A discussão acabou por revelar que Ataíde tinha uma gravação contra o ex-presidente, durante uma conversa entre eles na sala da presidência, no Morumbi, na qual Aidar ofereceu dinheiro como parte da comissão pela compra de um jogador. A gravação foi divulgada em dezembro do ano passado, e os cartolas estão sob investigação no clube.