Ora, Bolinhas! Copa União 1987 – Um ano negro no vermelho

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Mauro Beting – UOL

 

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Ora, Bolinhas! Por MILTON TRAJANO

 

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O campeão brasileiro de 1987 é rubro-negro.

É a única certeza que se tem.

Para o bem dos fatos tão deturpados desde então, melhor seria se fossem dois os vencedores: o campeão do Módulo Verde – Flamengo – e o campeão do Módulo Amarelo – Sport.

O campeão de fato da “elite” – Flamengo – e o campeão de direito do ano mais torto entre tantos do Brasil – 0 Sport.

Já nem uso mais o termo “campeão legítimo” para o Flamengo e “campeão legal” Sport que, veremos aqui, todas as partes erraram. Algumas mais, outras menos.

Melhor deixar 1987 com dois campeões. E, aqui, vamos tentar entender o porquê. Sem levantar as tantas liminares, ações e pareceres desde os anos 1990. Muitos deles com interesses esportivos e comerciais inconfessáveis.

Eu sei. É chato. Mas não acabou. Nem vai acabar.

É preciso ser ainda mais chato. Tentar mostrar a linha do tempo de quem perdeu a linha, mas não o dinheiro.

O levantamento leva em conta o dia a dia da questão, com algumas questões que a distância do tempo permite observar melhor.


 

Tudo começa no início de 1986, quando Octávio Pinto Guimarães, ex-presidente da Federação do Rio, e Nabi Abi Chedid, ex-presidente da Federação Paulista, concorrem à presidência da CBF, em oposição a Medrado Dias, candidato apoiado por Giulite Coutinho, de elogiável atuação, entre 1980 e 1986. A disputa acirrada foi vencida pela oposição. Com uma jogada típica da parelha que assumiria (ou não) o comando (ou não) do futebol brasileiro. Como o estatuto da entidade previa, em caso de empate, a posse do candidato mais velho (velhaco?), o que daria vantagem a Medrado Dias, Nabi e Otávio inverteram a ordem da chapa horas antes da votação. O vice Octávio virou presidente. O presidente Nabi virou vice. E assim venceram. Sem, na prática, precisar da manobra. Ganharam por um voto. 13 a 12. Um voto foi anulado por estar rasurado.

Giulite Coutinho presidiu a CBF com notável correção de 1980 a 1986

 

E a trapalhada começou no dia da posse. Octávio não cedeu o comando do futebol totalmente como era previsto. Gostou do cargo, e não apenas das questões administrativas, financeiras e políticas. Nabi, raposa da política partidária, líder do PFL na Assembleia Legislativa paulista, estrilou, e começou a mandar do seu jeito. A duplicidade de poder ajudou a enxovalhar um futebol que perderia de vez o rumo no BR-86.

Octávio Pinto Guimarães presidiu a CBF de 17 de janeiro de 1986 a 16 de janeiro de 1989

 


 

 

BRASILEIRÃO DE 1986

A confusão é ainda maior e mais chata que a da Copa União e da criação do Clube dos 13. Melhor deixar que GUSTAVO POLI, em seu blog no globoesporte.com, resuma com a categoria usual:

“Em 1986, a CBF conseguiu (des) organizar o mais bagunçado Campeonato da história (e isso, amigos, é um feito). Era um monstrengo com 80 clubes divididos em 8 grupos de 10 – quatro de elite, quatro menos votados. Classificavam-se para a segunda fase os sete primeiros dos quatro primeiros grupos (28 clubes) e mais os vencedores dos grupos inferiores (4).  E, para  temperar com ácido a feiúra deste rostinho, ali pelo fim da primeira fase uma decisão do STJD (ele já existia) deu ao Joinville pontos de um jogo contra o Sergipe (por causa de doping). O Vasco, eliminado por isso, entrou na justiça comum para cassar a decisão. E conseguiu.

Para evitar uma guerra de liminares, a CBF tentou desclassificar a Portuguesa, por conta de um problema com ingressos. Os clubes paulistas reagiram solidários e ameaçaram boicotar a segunda fase. A entidade máxima, pois, encontrou uma solução salomônico-genial: botar todo mundo pra dentro. A segunda fase passou a ter 33 times. O problema é que com número ímpar de equipes ficou difícil fazer a tabela. A saída foi convidar mais três equipes pela janela – Santa Cruz, Sobradinho e Náutico. Essa vergonhosa zona – no primeiro ano de uma polêmica nova gestão na CBF (a dupla Otávio Pinto Guimarães – Nabi Abi Chedid) – plantou a “revolução” do ano seguinte.  No fim, o São Paulo foi campeão, derrotando o Guarani de Ricardo Rocha em Campinas e nos pênaltis. O América-RJ ficou em terceiro (depois de eliminar o Corinthians) e o Atlético-MG em quarto.

O detalhe a observar:  antes do Campeonato, e por pressão dos clubes, o Conselho Nacional de Desportos (CND) e a CBF acertaram que 1986 seria “classificatório” para 1987. Dos 44 times dos módulos de “cima” do torneio – 24 seriam classificados para a primeira divisão do ano seguinte. A confusão jurídica implodiu essa combinação – e evitou que dois times grandes disputassem a segundona num suposto campeonato de 1987 (Botafogo e Coritiba).”

http://globoesporte.globo.com/platb/gustavopoli 


 

E TEM MAIS!!!

 

Não era só a bagunça no BR-86. Era um Brasil que se ensaiava diferente, depois da ditadura militar. A eleição indireta de Tancredo Neves, em janeiro de 1985, iniciava a Nova República. Não tão nova assim quando o ex-(para sempre) situacionista José Sarney assumiu o poder, com a morte do presidente que nem posse chegou a tomar, em 21 de abril de 1985. A eleição do Congresso constituinte, em novembro de 1986, botou tudo no caldeirão político. Era hora de reformar o país. O futebol, ainda atrelado ao Ministério da Educação via Conselho Nacional dos Desportos (CND), também era pauta do dia. E plataforma de votos.

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José Sarney presidiu o Brasil de 1985 a 1990. Mas ainda parece presidir

Melhor explica o jornalista UBIRATAN LEAL, titular do imperdível Balípodo.

“Enquanto a CBF estava à deriva, os clubes já se organizavam para fazerem valer seus interesses. No caso, a maior preocupação era fazer lobby para incluir na pauta da Assembleia Constituinte um artigo que lhes desse autonomia de organização e funcionamento. A campanha foi bem sucedida e a união de clubes ganhou força. Em abril de 1987, Flamengo e São Paulo se negaram a ceder seus jogadores para uma excursão da Seleção Brasileira à Europa e tiveram respaldo do CND. Márcio Braga, presidente do Flamengo na época, saiu da reunião que anulou a convocação da Seleção dizendo, triunfante, que era o “fim do autoritarismo no futebol brasileiro”.

Em julho de 1987, Octávio Pinto Guimarães anunciou: “a CBF não tem condições de organizar o Campeonato Brasileiro deste ano”. O motivo era a falta de dinheiro para arcar com as viagens dos times e outras despesas da competição. Sob o risco de ficar sem a competição que já era a mais importante do calendário, os grandes clubes resolveram tomar as rédeas da situação. “Liguei para o Nabi e perguntei se era sério o que o Octávio falava. Ele disse que era e ‘deu a bênção’ para que organizássemos o campeonato se quiséssemos”, conta Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo e do Clube dos 13″

 http://www.balipodo.com.br/

 


 

PONTAPÉ INICIAL

* 22/06/87 – Carta de Curitiba:  26 federações estaduais pedem à CBF que o BR-87 tenha 28 clubes.

* 07/07/87 – Presidente da CBF Octávio Pinto Guimarães diz que CBF não tem dinheiro para fazer BR-87. Está tentando patrocínio de 100 milhões de cruzados para bancar despesas. Se não conseguir, clubes teriam de se virar com passagens e hospedagens. Outra opção seria um torneio regionalizado. Falência financeira tem a ver também com a queda na arrecadação da Loteria Esportiva. Explica – ou não – o presidente da CBF:

Em 1986, o BR-86 custou 35 milhões de cruzados. 28 deles vieram da Loteca.

Se arrumar a grana, Octávio pensa num torneio com 28 clubes e mais o Botafogo-SP, que ganhou vaga na Justiça Esportiva.

Isto é: não apenas não havia dinheiro e competência. Não se sabia quantos clubes seriam. E quantos a Justiça Esportiva (ou não) enfiaria no campeonato.

* 08/07/87 – José Maria Marin, presidente da FPF, quer um BR-87 com no máximo 29 clubes. E prevê a torrente de liminares em todas as esferas.

José Maria Marin, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), seria presidente da CBF de 2012 a 2014. Foi preso em 2015, acusado de uma série de crimes enquanto presidente da entidade

Vai ser um campeonato mais disputado na Justiça comum do que no campo.

 

* 09/07/87 – Nabi Abi Chedid, quem de fato apitava no futebol da CBF, afirma que pretende um BR-87 com 44 clubes. Um tanto diferente da promessa eleitoral feita em 1986: 20 clubes. Ainda em 1986, pouco antes do início do confuso BR-86, a entidade determinara 24 equipes no BR-87… Durante a querela jurídica daquele ano, ampliaram de 24 para 28 clubes o BR-87. Dias antes de falar em 44 clubes, Nabi cogitava dois módulos de 32 clubes… Coerência matemática não era o forte do cartola patrono do Bragantino.

Já o presidente Octavio informava que 16 clubes bancariam as próprias despesas de viagens e hospedagem. (Na prática, na surdina, ele pretendia enxugar o campeonato e “elitizá-lo” com menos clubes, e mais poderosos, dando mais lucro – ou menos prejuízo).

* 10/07/87 – Presidente do Flamengo Márcio Braga aceita pagar as despesas. E não se opõe a 28 clubes para o BR-87. Desde que o número não fosse aumentado. Mas ele já havia preparado tudo para tentar revolucionar o futebol. Já estava marcada a reunião no dia seguinte na sede do São Paulo FC.

* 11/07/87 – Depois de reunião no Morumbi, em São Paulo, por iniciativa de Márcio Braga em conversa com Carlos Miguel Aidar, é fundada a União dos Grandes Clubes Brasileiros. Para os íntimos, Clube dos 13. Os quatro maiores do Rio (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco), os quatro maiores de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), os dois maiores de Minas Gerais (Atlético Mineiro e Cruzeiro), os dois grandes do Rio Grande do Sul (Grêmio e Internacional) e o Bahia como único representante do futebol nordestino. Fala Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo e do Clube dos 13:

Nós queremos o poder. Chega de pagar para jogar.

 

000 aidar

José Maria Marin chegou a jogar pelo São Paulo, nos anos 1950. Na foto ele está com o então presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, em 1986, sendo entrevistado pela repórter Regiane Ritter. FOTO BLOG DO PAULINHO

 

PROPOSTAS BÁSICAS DO CLUBE DOS 13 – AO MENOS NA ATA DE FUNDAÇÃO…

1. BR-87 com 13 clubes, turno e returno, campeões se enfrentam em finais com o time que fizer mais pontos, num triangular. (Modelo semalhante ao campeonato do Rio de então).

2. C13 abre mão da verba da Loteria Esportiva em 1987 – principal fonte de receita na época.

3. Querem Divisão A com 16 clubes em 1988. Divisão B com 16. Série C regionalizada. Acesso e descenso entre as divisões a partir de 1989. (No máximo aceitam 20 clubes na primeira divisão em 1988).

4. Diminuir o número de clubes nos nacionais e estaduais a partir de 1988.

5. Jogos só no fim de semana em 1988. No máximo cinco rodadas nas quartas-feiras – ALELUIA!

6. Conselho  Arbitral nas séries A e B. Conselho dos clubes decidiria fórmulas de disputa dos campeonatos – uma novidade aprovada um ano antes pelo CND.

7. Só os clubes votariam nas eleições na CBF – até então, SÓ os presidente das federações estaduais compunham o colégio eleitoralo.

8. Voto qualitativo – determinado pela classificação das equipes nos campeonatos. Desse modo, teoricamente, os grandes clubes de maior torcida poderiam ter maioria de votos contra os clubes menores.

9. Convocação de jogadores para a Seleção seria facultativa, e clubes teriam de ser previamente consultados antes da divulgação da lista – UM ABSURDO EM QUALQUER ÉPOCA.

10. Calendário planejado e fixo a partir de 1988- utopia desde então.


 

* 12/07/87 – Clubes pernambucanos são os primeiros a se posicionarem contrários ao C13. Portuguesa e Guarani também são contra em São Paulo. América também se posiciona a favor da CBF, no Rio. Oswaldo Teixeira Duarte, presidente da Portuguesa, se irrita de não ser chamado a participar do C13:

É o clube dos enforcados! É um desrespeito aos demais corirmãos. É uma traição, uma deselegância, uma afronta à CBF!

 

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Presidente da Lusa nos anos 70 e 80, é o nome do estádio no Canindé

Aidar rebate dizendo que “Portuguesa, América e Bangu não são clubes grandes. Nem pequenos. São médios”.

* 14/07/87 – Nabi Abi Chedid ameaça desfiliar todos os membros do Clube dos 13 se não participarem do BR-87 (embora não se soubesse qual seria o campeonato da CBF…). Só as Federações de Minas e Rio estão apoiando C13. Rio Grande do Sul e Bahia são frontalmente contrários aos próprios clubes rebeldes.  Ministro da Educação Jorge Bornhausen (PFL-SC) diz que o ministério “não vai se envolver no assunto”. Governo lava as mãos que não estavam muito limpas.

* 15/07/87 – CBF apresenta proposta para o BR-87: 20 clubes na primeira divisão. Doze deles do C13 (menos o Bahia), e os 8 restantes sairiam de uma fase eliminatória composta por 48 clubes (incluindo o Bahia). C13 não deu a menor pelota à proposta.

16/07/87 – C13 aceita incluir mais três clubes no BR-87. Eurico Miranda fala em nome do clube:

Mas só 16. Não mais que isso

00 EURICO MIRANDA

Eurico Miranda, em 1987, na época em que o diretor de futebol vascaíno dizia que o campeão do Brasil era o Flamengo

VEJA: Eurico Miranda afirma na Globo no final de 1987 que o campeão do Brasil era o Flamengo

VEJA: Eurico Miranda afirma em 2012 no Esporte Interativo que o campeão de 1987 foi o Sport

O cartola vascaíno também defende o Bahia no grupo, diferentemente de Caixa D’Água, presidente da Federação do Rio. O que levou ao comentário do presidente Paulo Maracajá, do Bahia:

Somente um desqualificado como esse tal Caixa D’Água poderia fazer tal proposta.

0 maracajá

Paulo Maracajá presidiu o Bahia de 1979 a 1994

* 20/07/87 Nabi Abi Chedid pede bom senso ao C13 e propõe acordo de cavaleiros para evitar ações na Justiça dos clubes que não estivesse no torneio bolado pelo Clube.

Não podemos esquecer que qualquer um dos 28 clubes podem entrar na Justiça Comum e, com isso, ganhariam o direito de participar do campeonato [de 1987]

Clube dos 13 admite a entrada de mais três clubes para a disputa do BR-87 e apresenta pesquisa que mostra apoio do torcedor paulista e carioca para nova proposta de campeonato.

* 21/07/87 – Conselho Consultivo da CBF (composto pelas federações estaduais) aprova BR-87 com 28 clubes. E mais Botafogo e Coritiba. E mais clubes que conseguissem entrar na Justiça. Aceitavam um torneio com até 33 clubes.

* 22/07/87 – C13 quer negociar convocação da Seleção para Pan-Americano e o Brasileirão. Nabi não quer jogo e nem papo.

* 23/07/87 – Seguindo a praxe daqueles dias de muitas brigas em todas as esferas da Justiça, Nabi ameaça clubes que não cederem jogadores para a Seleção dirigida por Carlos Alberto Silva. A convocação para o Brasil era um negócio absurdo, e Fifa não se metia.

Manuel Tubino, presidente do Conselho Nacional do Desportivo, órgão normativo, apoia a ideia do C13 para o BR-87.

C13 AMEAÇA: SE CBF JOGASSE DURO, PODERIA FAZER UM TORNEIO NOS EUA EM HOMENAGEM AO PRESIDENTE RONALD REAGAN!? WTF!

 

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Nancy e Ronald Reagan. Casal esteve na Casa Branca entre 1981 e 1989

* 24/07/87 – CBF apresenta pela primeira vez a ideia de cruzar os dois primeiros de cada módulo para definição do campeão brasileiro de 1987: quem vencesse o quadrangular seria o campeão nacional, pela proposta da entidade. C13 aceita BR-87 com dois módulos de 16 clubes. Mas não libera atletas para a Seleção. Quanto ao cruzamento, não se pronuncia formalmente. Mas não gosta da ideia.

* 29/07/87 – Nabi se enfurece: diz que Clube dos 13 é ilegal, que vai punir clubes que ingressarem na justiça comum, e que só a CBF manda no futebol brasileiro. A-ham..;

* 10/08/87 – Nabi bate pesado mais uma vez:

Não aceito o campeonato ilegal dos clubes rebeldes. O futebol brasileiro é feito por 200 clubes, não por apenas 13. Esses clubes na verdade querem eleger o futuro presidente da CBF, numa eleição que só vai acontecer daqui um ano e meio.

* 13/08/87 – Nabi anuncia a primeira rodada do BR-87. Diferente da ideia do C13. Na proposta, CBF defende cruzamento entre os vencedores do Módulo Verde (que corresponderia à primeira divisão) e do Módulo Amarelo (mais 16 clubes, entre eles o vice de 1986,o Guarani, e o 3o. colocado do BR-86, o América-RJ). No Verde estão os membros do Clube dos 13 mais Santa Cruz (time do senador Marco Maciel, PFL-PE), Coritiba e Goiás.

Ministro Jorge Bornhausen propõe aos presidentes da CBF e C13 o cruzamento dos módulos (ideia encampada pela CBF). C13 não quer. Não havia Ministério do Esporte na época.

Jorge Bornhausen. Ministro da Educação (PFL-SC) do governo José Sarney

* 17/08/87 – Federações querem destituir a dupla Octávio e Nabi do comando da CBF.

* 18/08/87 – Clube dos 13 divulga a sua tabela para o BR-87. Ela difere da tabela da CBF. E não conta com Coritiba, Santa Cruz e Goiás…

Presidente do CND, Manuel Tubino, descarta intervenção na CBF.

* 23/08/87 – Batalha de liminares e mandados na Justiça Esportiva e comum entre presidentes das federações estaduais pedindo a convocação de Assembleia Geral da entidade.

* 26/08/87 – Nabi anuncia que BR-87 começa em 5 de setembro.

* 27/08/87 – Caixa Econômica Federal, a  dona da famigerada Taça das Bolinhas (a Copa Brasil instituída em 1975), decide não incluir jogos do Clube dos 13 na Loteria Esportiva. Clube dos 13 entra em campo e na arquibancada pedindo apoio da torcida ao campeonato por eles proposto.

Portuguesa pretende entrar na Justiça. 11a. colocada no BR-86, não admite ter sido excluída do C13.

*28/08/87  – CBF divulga tabela dos dois módulos.

31/08/87 – Na sede do Flamengo, numa reunião numa segunda-feira, Clube dos 13 decide definitivamente não participar do BR-87 que começaria no sábado seguinte. Eles pretendem começar em 12 de setembro a Copa União, um torneio organizado por eles, independente da CBF. 

Enviaram ao presidente da CEF, Maurício Viotti, documento dizendo que não participarão da Loteria Esportiva.

* 01/09/87 – Nabi afirma que não haveria um campeonato paralelo ao BR-87.

Esse torneio é pirata. Não existe, não é oficial.

Nabi Abi Chedid entrou para a política depois de entrar para o futebol, em 1966. Não largou mais

Nabi Aid Chedid tentava acabar com o Clube dos 13 e, ao mesmo tempo, estava costurando um acordo com o governador paulista Orestes Quércia (PMDB) para que, ao sair da CBF, em dezembro de 1988, voltasse a comandar a FPF, presidida pelo presidente paulista de seu partido, José Maria Marin. Como líder do PFL na Assembleia Legislativa, Nabi trabalhava por Quércia no primeiro ano do mandato, um ano antes da eleição para a prefeitura paulistana, em 1988, para a sucessão de Jânio Quadros.

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Janio Quadros era o prefeito paulistano em 1987, embora mais vivesse em Londres que em São Paulo

As principais federações são contra Copa União. Comissão Brasileira de Árbitros, a princípio, também é contra a Copa bolada pelo C13.

Presidente do C13, Carlos Miguel Aidar, admite pela primeira vez negociar vagas na Libertadores-88 com clubes de outro módulo, o Amarelo, na teoria a segunda divisão do BR-87.

C13 trabalha com resolução do CND que fixava em no máximo 28 clubes por divisão. Por isso não haveria como o BR-87 ter dois módulos de 16 clubes. O campeão brasileiro teria de sair do campeonato idealizado pelo Clube dos 13.

* 02/09/87 – Cartolas de 16 dos 19 clubes dos módulos verdes e amarelos apoiam a CBF contra o clube dos 13. Reunidos na Portuguesa, entendem que o C13 é radical. E que os clubes chamados grandes temem enfrentar clubes menores.

* 03/09/87 – Quinta-feira, antevéspera do início do BR-87 – segundo a ideia da CBF… ACORDO SELADO. Octávio Pinto Guimarães, presidente da CBF, aceitou proposta das federações do Rio, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e Bahia. A proposta conciliatória de Eduardo Vianna, o Caixa D’Água. Em vez de um campeonato só do C13, mais 3 clubes convidados (Santa Cruz, Coritiba e Goiás).

O BR-87 teria quatro módulos de 16 clubes.

O campeão brasileiro de 1987 seria o vencedor do Módulo Verde, com os 13 do Clube, mais os três convidados.

As duas vagas da Libertadores de 1988 seriam decididas em janeiro do mesmo ano, num quadrangular entre os dois primeiros colocados do Módulo Verde (na prática a primeira divisão) e os dois primeiros do Módulo Amarelo (na prática, a segunda divisão). O C13 aceitava isso.

A princípio, a fórmula que o bom senso mandaria acolher…

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REVISTA PLACAR. Abril foi uma das empresas que ajudaram a bancar o torneio

Acordo fechado no Copacabana Palace, no Rio, na quinta-feira, 22h30. Federações queriam chamar Troféu João Halevange o Módulo Verde. C13 prefere Copa União. Rodada que seria no sábado foi cancelada. Seria reformulada para o outro fim de semana.

* 04/09/87 – Rede Globo de Televisão vai pagar US$ 3,4 milhões para transmitir com exclusividade a Copa União. Quase 166 milhões de cruzados. Cotas iguais para os 13 membros do C13. O que daria 12,8 milhões de cruzados. Os três clubes convidados ganhariam metade da cota de cada membro fundador do C13. TV transmitiria 42 dos 78 jogos da Copa União. Três vezes por semana. Na época não havia televisão por assinatura.

Um jogo seria exibido ao vivo na noite de sexta-feira. Até para a cidade da partida. Mais um jogo na tarde de sábado. No domingo, um sorteio seria realizado 15 minutos antes das quatro partidas previstas para as 17 horas. A partida que fosse sorteada seria transmitida ao vivo para todo o país, inclusive para a própria praça.


Ibope divulga pesquisa: 92% dos cariocas e paulistanos aprovam a Copa União com 16 clubes.


 

Sport Recife avisa por intermédio de seu vice, Marcelo Bivar, que os clubes do módulo amarelo NÃO ACEITAM DISPUTAR BRASILEIRÃO SEM CRUZAMENTO DOS MÓDULOS. ELES ENTENDEM QUE O MÓDULO AMARELO ACABOU VIRANDO A SEGUNDA DIVISÃO, PELA PROPOSTA DO C13.

Para o vice do Guarani, José Carlos Hernandes:

Balela dizer que haverá cruzamento dos módulos… O campeão brasileiro será o vencedor do Módulo Verde. Não tem jeito.

* 05/09/87 – Sport quer evitar que TV Globo transmita partidas no mesmo horário de jogos dos outros módulos do Brasileirão. E pretende negociar  jogos do clube pernambucano com outras emissoras. Luta encampada por muitos presidentes de clubes menores e por presidentes das federações estaduais. Desde os anos 60 clubes e federações brigavam com transmissão ao vivo de grandes jogos com o receio (justificado) de que pudesse tirar público dos estádios. O torcedor iria preferia assistir pela TV ao Zico jogando em algum canto do Brasil a ir ao estádio torcer pelos clubes locais.

* 06/09/87 – Antonio Castro-Gil, secretario-executivo do Módulo Verde, acredita que 90 milhões de cruzados serão gastos com hospedagem e avião na Copa União. O secretário-executivo do C13, José Carlos Villela, pretende o fim do acúmulo de cartões amarelos e a instituição de um tribunal de penas na Copa União para substituir a morosidade e uma suspeita parcialidade da Justiça Esportiva, onde Villela deitou e rolou nos anos 60 e 70.

* 07/09/87 – A companhia aérea Varig (a principal do Brasil e uma das melhores do mundo) e a Rede Othon de hotéis serão parceiras do C13. O matemático Oswald de Souza fará a tabela da Copa União. Em poucas semanas o departamento de marketing do Clube dos 13, tocado por Celso Grellet (São Paulo) e João Henrique Areias (Flamengo) fechou com Globo, Varig e Othon. Algo que nem em sonho a CBF conseguia fazer. A ruptura mais que se justificava. Varig pagaria 20 milhões de cruzados (desconto de 50% no preço das passagens).

* 08/09/87 – Nabi não divulgou tabela do BR-87 como se esperava. Também porque houve novo racha. C13 não quer acesso e descenso em 1987. Clubes do Módulo amarelo querem já este ano. Nabi quer jogar tudo pelos ares:

A TV ficou mais importante que a CBF. Jogo aos domingos ao vivo é a morte do futebol

Clubes do Módulo Amarelo propõe na sede do América carioca o modelo de campeonato para o ano seguinte: Os 12 primeiros do Módulo Verde de 1987 + 6 primeiros do Módulo Amarelo de 1987. Um playoff entre o 13o. e 14o. do Verde contra o 7o. e 8o. do Amarelo definiria mais duas vagas para fechar o BR-88 com 20 clubes. A segunda divisão teria 24 clubes.

Era um modo de o Módulo Amarelo minimizar prejuízos. E também entender que eles realmente se sentiam disputando a segunda divisão do BR-87. A proposta foi encabeçada por Fred de Oliveira, presidente da Federação de Pernambucano.

* 09/09/87 – O BR-87 começaria na sexta-feira. E só na quarta-feira a tabela foi apresentada…

Clubes do Módulo Amarelo insistem no cruzamento entre os Módulos para definição do campeão brasileiro de 1987. Eurico Miranda, diretor de futebol do Vasco, dos mais atuantes membros do C13, responde, resumindo a ideia e os modos da nova entidade:

Esses caras [do Módulo Amarelo] estão malucos. Eles querem tudo!

Eurico Miranda é acusado por quase todas as partes de ter feito jogo duplo durante todo o processo do Clube dos 13 e Copa União

 

Presidente do Sport, Homero Lacerda, disse que iria ao presidente José Sarney para denunciar venda irregular dos direitos de TV:

O Clube dos 13 vendeu para a TV Globo algo que não é deles.

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Homero Lacerda, presidente do Sport, em 1987

Nabi Abi Chedid deu de ombros:

Não sei nada disso dos direitos da TV.

 

Fred de Oliveira, da Federação de Pernambuco, disse que times do módulo amarelo “NÃO ENTRARÃO O EM CAMPO ATÉ QUE SE DEFINA O CRUZAMENTO DOS MÓDULOS AINDA EM 1987”.


 

OFICIALMENTE foi definido o regulamento pelo C13, no Hotel Transamérica, em São Paulo, em 9 de setembro:

1. Não haverá rebaixamento no BR-87.

2. Clubes do Módulo Amarelo poderão subir para a elite, mas apenas no BR-88. Seriam os 4 primeiros.

3. CRUZAMENTO COM CAMPEÃO E VICE DO VERDE COM CAMPEÃO E VICE DO AMARELO SERIA APENAS EM JANEIRO DE 1988. MAS APENAS PARA DEFINIR OS DOIS BRASILEIROS NA LIBERTADORES-88. NÃO O CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1987. C13 INSISTIA QUE O CAMPEÃO DE 1987 SERIA CONHECIDO EM 13 DE DEZEMBRO. SEM CRUZAMENTO ENTRE OS MÓDULOS.

* 11/09/87 – 21H30. Pacaembu. Palmeiras 2 x 0 Cruzeiro. Jogo inaugural da Copa União. Com TV Globo transmitindo também para São Paulo.

 

VEJA: O primeiro jogo da Copa União de 1987

 

Presidente da FPF Marin diz que vai entrar na Justiça contra TV ao vivo quando tiver jogos de outras divisões do futebol paulista. “O futebol não pode ficar subordinado aos caprichos de uma emissora de televisão”. Nabi concorda com Marin. Também não queria televisionamento ao vivo. Chegou a dizer que Octávio Pinto era “safado e que aceitou pressão da TV”. Octávio teria retrucado:

Nabi, você acha que eu vou brigar com a Globo?

 

Rede Globo fechou contrato de cinco anos por US$ 18, 5 milhões. Algo em torno de 925 milhões de cruzados.

Preço dos ingressos definido: geral 50 cruzados, arquibancada 100, numerada descoberta 250, numerada coberta 500 cruzados.

Guarani entra na Justiça para ser incluído no Módulo Verde. Como vice de 1986, e terceiro colocado em arrecadação.


Enquanto Palmeiras x Cruzeiro começavam o campeonato no Pacaembu, DIRETORIA DA CBF DECIDIU QUE HAVERIA CRUZAMENTO ENTRE MÓDULOS VERDE E AMARELO AINDA NO FINAL DE 1987.

E OS CLUBES QUE SE RECUSASSEM A JOGAR NO FIM DE SEMANA SERIAM SUSPENSOS…

ISTO É: NA NOITE EM QUE COMEÇOU O CAMPEONATO, CBF DEFINIU QUE HAVERIA CRUZAMENTO ENTRE OS MÓDULOS.

ISTO É: O CAMPEONATO  COMEÇOU NA PRÁTICA SEM O REGULAMENTO DEFINIDO. ELE SÓ FOI DIVULGADO COM 30 MINUTOS DO PRIMEIRO JOGO.

ISTO É: JÁ COMEÇOU ERRADO. POR CULPA DA CBF E DO PRÓPRIO CLUBE DOS 13, QUE CONFIOU DEMAIS NA ENTIDADE. OU DEMAIS EM EURICO MIRANDA, O CARTOLA ESCALADO PARA A TAREFA DE NEGOCIAR O REGULAMENTO. PARA ALGUNS PARES DO C13, EURICO FEZ JOGO DUPLO. PARA ELE, “NINGUÉM NUNCA MANDOU EM MIM”. Isto é…

Na mesma tarde, CND decidiu voto qualitativo nas federações, conselhos arbitrais dos clubes, e limitações de clubes nas divisões… Inegáveis avanços num meio apodrecido.

Uma das resoluções do CND ajudava o C13 na luta contra o cruzamento dos módulos para definição do campeão brasileiro de 1987: A cota máxima de 20 clubes por divisão, em tese, impediria que os 16 do Módulo Verde se “juntassem” aos 16 do Módulo Amarelo para definir o campeão. Na prática, seria um campeonato de 32 clubes na Primeira Divisão. Algo vetado pelo CND.

* 12/09/87 – Ato público na Praça da Independência,no Recife, contra Copa União. Sport e Náutico prometem não disputar o Módulo Amarelo.

Nabi afirma aos revoltosos que pretende fazer o cruzamento dos módulos ainda em 1987.

Oito dos 16 clubes do Módulo Amarelo decidem não entrar em campo num campeonato em QUE DESCONHECEM O REGULAMENTO. NO QUE TINHAM TODA A RAZÃO.

*13/09/87 – Média de público de 19 mil na primeira rodada da Copa União. A melhor desde 1983. No primeiro sorteio do jogo das 17h, deu bola 2. E deu a melhor partida. Atlético Mineiro 5 x 1 Santos foi o jogo transmitido para todo o país, inclusive para Belo Horizonte. O sorteio foi realizado no estádio do Morumbi. Equipes de repórteres da Globo ficavam em cada estádio. O locutor Galvão Bueno e o comentarista Carlos Alberto Torres ficavam no estúdio, no Rio. O Ibope da Globo foi de 32%. O SBT, com o Programa Silvio Santos, deu 28%. A Bandeirantes, com o “Show do Esporte”, teve 2%. 

VEJA: O primeiro jogo televisado depois do sorteio. ATLÉTICO MINEIRO 5 X 1 SANTOS

As partidas dos campeonatos de divisões inferiores em São Paulo tiveram uma queda de 40% de bilheteria com a transmissão do jogo ao vivo da Copa União, que iniciou no segundo tempo das partidas paulistas.

Só um jogo foi realizado no Módulo Amarelo. CSA 0 X 1 Guarani. Outros sete não foram realizados por W.O. dos times que querem conhecer o regulamento do Módulo antes de entrar em campo. INEGÁVEL BOM SENSO.

* 15/09/87 –  Reunidos no América, no Rio, clubes do Módulo Amarelo decidem entrar no STJD querendo interrupção do BR-87 e convocação do Conselho Arbitral.

* 16/09/87 – Octávio pensa em renunciar à presidência da CBF porque Nabi estaria extrapolando no comando do futebol. Marin ameaça Globo e C13 com medidas na Justiça contra televisionamento ao vivo. Eurico Miranda rebate e diz que Copa União e TV estão garantidos independendo de ameaças. Federações e até a própria CBF querem jogos no domingo uma hora mais tarde, às 18h. Mas Globo não quer negócio para não atrapalhar exibição de “Os Trapalhões”.

VEJA: OS TRAPALHÕES. E não só na ficção

SBT deverá transmitir jogos do Módulo Amarelo. Executivos da emissora Guilherme Stoliar e Walter Zagari negociam com os clubes. Emissora é a segunda do país.

* 17/09/87 – 21 federações estaduais querem votar impeachment de Octávio e Nabi. Motivo não é apenas a bagunça no BR-87. Também as dívidas que vieram da gestão anterior, e se multiplicaram. O saldo devedor é de 22 milhões de cruzados. Mesmo com os 36 milhões faturados na Copa-86, os 4,8 milhões pela Copa América-87, e os 17 milhões pagos pela Topper, fornecedora de material esportivo da seleção.

* 18/09/87 – Carlos Miguel Aidar defende calendário brasileiro atrelado ao europeu.Apesar de alguns abusos e absurdos, do verniz elitista e do diálogo restrito, de joelhos para os parceiros e patrocinadores, os líderes do C13 eram muito avançados para a época. Também pelo ranço dos cartolas de antanho que ainda deixavam CBF e federações entrevados na Idade da Bola Lascada.

* 19/09/87 – TV Globo e C13 (com o aval discreto de Octavio) marcam jogos da segunda rodada para 17h. CBF (isto é, Nabi) e a Federação Paulista querem 18h. Eurico Miranda euriqueia:

 O Octavio deveria ir para a casa. A CBF acabou. Os jogos vão ser 17h e acabou.

* 20/09/97 –Palmeiras x Santos jogam no Pacaembu. Times entram em campo 16h50 para não perderem cota da TV Globo, que programa partida para as 17h. Mas árbitro da partida se recusa a iniciar jogo no horário da grade da TV. Na escala da CBF, a partida começa 18h. Clubes, treinadores, atletas e torcedores presentes reclamam. Mas o jogo só teve início sob vaias e frio às 18h. E ficou num empate sem gols melancólico como o jogo de empurra o relógio.

Um jogo apenas começou 17h. Bahia x São Paulo. O presidente da federação baiana Antonio Pithon, também integrante da Cobraf, deu força ao árbitro Arnaldo César Coelho para iniciar a partida no horário dileto da Globo e do C13. Arnaldo poderia ser punido pela CBF por isso.

No Módulo Amarelo, desta vez, rodada completa. Menos o América carioca. que se recusa a participar do campeonato, sentido-se preterido como terceiro colocado no BR-86. Os 15 clubes em campo: Sport, Náutico, Vitória, Atlético Paranaense, Bangu, Guarani, Portuguesa, Internacional de Limeira, Criciúma, Joinville, Atlético Goianiense, Ceará, Treze, CSA e Rio Branco-ES.

TV Manchete não chama o torneio de Copa União. Outras emissoras de TV e rádio têm problemas comerciais com a exposição excessiva da Coca-Cola. Pepsi-Cola contra-ataca em várias frentes, mídias e clubes. Não havia vestais no mercado.

*21/09/87 –Reunido da Toca da Raposa, C13 dá ultimato a CBF”: Não quer dar mais 5% da renda pra entidade. Quer contrato de merchandising. Quer o regulamento definido na Copa União – e sem cruzamento de módulos. E definiu grana da TV para os convidados Santa Cruz, Coritiba e Goiás.

Octávio convoca Assembleia Geral de Clubes da CBF.

José Maria Marin rompe formalmente a Federação Paulista com a CBF.

* 22/09/87 – Selada paz armada entre presidente da CBF e do C13. Depois de três horas de reunião no Rio de Janeiro.

Definido horário das 17h pros jogos de domingo, e 21h30 pras partidas de meio de semana. Clubes não precisam mais repassar 5% pras federações. C13 dará parte da grana da TV pra CBF.

CBF divulga regulamento. Módulo verde se chama Troféu João Havelange. Módulo amarelo se chama Troféu Roberto Gomes Pedrosa (como o Rio-São Paulo, e o Robertão, de 1967 a 1970).

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Roberto Gomes Pedrosa, ex-presidente da Federação Paulista de Futebol

O cruzamento dos dois módulos se chama Copa Brasil. Nome do torneio instituído a partir de 1975. O da Taça das Bolinhas.

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A Taça das Bolinhas, instituída em 1975, e que desde 1992 não foi mais entregue ao campeão brasileiro

Pela ideia expressa pelo regulamento, HAVERIA O CRUZAMENTO DOS MÓDULOS PARA DEFINIÇÃO DO CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1987. É O QUE ESTÁ NO REGULAMENTO. MAS NÃO O QUE HAVIA SIDO PREVIAMENTE ACORDADO.

ISTO É: APENAS DEPOIS DA SEGUNDA RODADA O REGULAMENTO DA COPA UNIÃO FOI DEFINIDO. E SOB SUSPEITAS. E TEVE DIGITAIS DE EURICO MIRANDA NESSA PARADA.

Márcio Braga, presidente do Flamengo, vice do C13, quer Carlos Miguel Aidar como presidente da CBF a partir de 1989. Deputado federal constituinte pelo PMBD-RJ, pretende se lançar candidato a prefeito carioca em 1988. E quer o comando do futebol até lá nas mãos de Octavio, e não do paulista Nabi.

Márcio Braga era presidente do Flamengo e vice-presidente do Clube dos 13

 

* 23/09/87 – 20 federações estaduais se reúnem em São Paulo e formalizam documento pedindo saída da cúpula da CBF.

* 25/09/87 – Presidente José Sarney envia carta à Fifa confirmando interesse do Brasil em sediar a Copa de 1994.

* 28/09/87 – Genro de João Havelange confirma que é candidato à presidência da CBF, em janeiro de 1989. O empresário Ricardo Teixeira disse ser favorável ao impeachment de Octávio “assim como 22 dos 26 presidentes de federações”.

Ricardo Teixeira seria eleito presidente da CBF em 16 de janeiro de 1989. Deixaria a entidade em março de 2012, atolado em denúncias

 

Caiu a média de público da Copa União.

CBF apresenta caderno de encargos para tentar sediar a copa de 1994. Estados Unidos e Marrocos são os principais concorrentes.

* 30/09/87 – América-RJ não quer jogar Módulo Amarelo. CBF ameaça suspendê-lo por um ano.  Módulos Azul (com clubes de Sul, Sudeste e Centro-Oeste) e Branco (Norte e Nordeste), que correspondem à terceira divisão, ainda não começaram. Falta dinheiro e definição do número de clubes. Devem ser 48 ao todo.

C13 vende por US$ 17 milhões (867 milhões de cruzados no câmbio oficial) e por cinco anos o meio-campo dos gramados para a Coca-Cola. O símbolo da marca será pintado no cento do campo. Os atletas terão de dar entrevistas na frente de um painel da companhia. Coca-Cola queria que equipes entrassem juntas no gramado pisando num tapete vermelho com o logo do refrigerante. Nove dos 16 clubes vão ser patrocinados pela marca: Fluminense, Vasco, Botafogo, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio, Bahia, Goiás e Santa Cruz. Vão ganhar 3 milhões. Flamengo (Petrobras), Corinthians (Kalunga, 1 milhão de cruzados), São Paulo (Bic), Palmeiras (Agip, num contrato de 400 mil cruzados), Santos (Suvinil), Internacional (Aplub), Santa Cruz (Banorte) deverão vestir Coca-Cola no BR-88.

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Grêmio em 1987. Coca-Cola mais preta que nunca

Pouco antes da assinatura, porém, um problema: o presidente gremista Paulo Odone diz que não haveria a menor condição de um painel VERMELHO da Coca-Cola ser colocado no Olímpico. A questão é levada até a sede da empresa, em Atlanta. O Grêmio sai vencedor: o primeiro painel publicitário preto e branco da empresa no mundo fica em Porto Alegre, no estádio tricolor.

Nas palavras do presidente da Coca-Cola no Brasil, Jorge Giganti, ao ótimo documentário COPA UNIÃO:

O presidente de um clube é um papa. Ele precisa defender o dogma de sua religião.


 

Editora Abril vai fazer álbum de figurinhas por 28 milhões de cruzados.

Dover (indústria de materiais plásticos) fará produtos com emblemas do C13 e dos clubes.

Previsão de renda global de US$ 40 milhões em 5 anos (4 bilhões de cruzados).

C13 fechou participação dos 4 primeiros colocados da Copa União-87 em torneios de verão na Espanha, em agosto de 88.


Globo e Abril viraram sócias do Clube dos 13. Defenderam além da conta os interesses dos clubes e cartolas envolvidos. Em contrapartida, a mídia do contra também partiu para um ataque desmedido contra o torneio, clubes e cartolas. Quem não era “oficial” fez de quase tudo para falar mal. Quem era de dentro fez de conta que não eram com eles os erros dos condutores do Clube dos 13 – mas, sempre bom frisar, menos errados que os da CBF.


 

01/10/87 -Nabi confirma que HAVERÁ CRUZAMENTO DOS MÓDULOS VERDE E AMARELO EM JANEIRO DE 1988.

O quadrangular com os dois finalistas do Módulo Verde e os dois do Módulo Amarelo definirá o campeão brasileiro de 1987 e os dois representantes brasileiros na Libertadores-88. Fala Nabi:

O regulamento é o mesmo para os dois Módulos.

Enquanto isso, governo brasileiro propõe 17 estádios para a Copa de 1994… Meu Deus…

05/10/87- Clube dos 8 é formado e desiste de participar dos Módulo Azul e Branco (a terceira divisão). Americano é o ííder. Comercial-MS é mais um clube que desiste da terceira divisão. Pedro Lopes, diretor de futebol da CBF, anuncia que campeonato começa no outro fim de semana.

* 06/10/87 – Clube dos 8 recua e diz que vai participar da Terceirona…

* 09/10/87 – Morumbi tem centro do gramado pintado de Coca-Cola em tinta branca de látex. Outros estádios também terão de pintar logotipo da empresa. Mas como alguns deles pertencem a Estados ou municípios, o processo é mais complicado.

Eurico Miranda defende 20 clubes no BR-88 (os 16 do Módulo Verde do BR-87 + 4 que subiriam do Módulo Amarelo). A explicação do cartola vascaíno:

Os grandes clubes precisam jogar contra times menores num campeonato para darem uma respirada.

* 10/10/87 – Pesquisa Datafolha: 67% dos paulistanos apoiam Copa União.

América do Rio desiste do Módulo Amarelo e faz amistosos pelo Norte e Nordeste.

Ricardo Teixeira corre o Brasil articulando apoios das federações para a eleição de janeiro de1989 na CBF.

Carlos Eduardo Moreira Ferreira, vice da Federação das Indústrias de São Paulo, em entrevista à “Folha de S.Paulo”, diz que Copa União é um sucesso:

Não se pode expor um Muller [atacante do São Paulo e da Seleção] a uma botinada de um Zezinho da Silva, do Arapiraca.

* 12/10/87 – Clube dos 13 articula lançar Aidar à presidência em oposição a Ricardo Teixeira, que seria apoiado pelas 22 federações que querem impeachment de Octávio-Nabi.

* 14/10/87 – Fifa (presidida pelo brasileiro João Havelange desde 1974) proíbe publicidade da Coca-Cola no centro de campo. Como até as baratas da CBF poderiam imaginar, como nenhuma das boas cabeças do C13 ousou questionar e averiguar o mercantilismo explícito e invasivo.

Tribunal Federal de Recursos determina reunião na CBF para análise de impeachment do presidente.

* 15/10/87 – C13 peita a Fifa e resolve manter merchandising abusivo da Coca-Cola no centro dos gramados. Também porque parceira avisa que reduziria 50% da cota paga ao Clube dos 13 se o logotipo do refrigerante não fosse mais pintado dentro de campo. Carlos Miguel Aidar, presidente do C13 e do São Paulo, respondeu no melhor do pior estilo do neocartolismo:

No Morumbi mando eu, não o Havelange.

Aidar defende o fim dos estaduais, que passariam a ser, a partir de 1989, apenas classificatórios para os diversos módulos brasileiros.

CBF consegue liminar contra a Assembléia Geral da entidade.

* 16/10/87 – Última rodada da primeira fase do Módulo Verde. Oito clubes do Grupo A jogaram contra os 8 clubes do grupo B. Ao vencer o Fluminense por 3 a 1 no Mineirão, o Atlético Mineiro de Telê Santana encerrou a primeira fase como melhor do campeonato. Foram 6 vitórias e dois empates. O único invicto. Líder do Grupo A, classificou-se automaticamente para a fase decisiva do Módulo Verde (a Copa União). No Grupo B, mesmo perdendo para o Corinthians em São Paulo, o Internacional assegurou a passagem para as semifinais como campeão do turno.

Telê Santana foi campeão brasileiro pelo Galo em 1971, e fez grande campanha em 1987

 * 17/10/87 – Olímpico, Mineirão e Couto Pereira mantém o símbolo da Coca-Cola no gramado apesar da proibição da Fifa. José Carlos Villela, diretor-executivo do Clube dos 13, apela como qualquer cartola de antanho – e de sempre – contra a proibição da Fifa que, de fato, apenas reitera o que está escrito na regra do jogo, e ninguém do C13 quis ler, ou mesmo imaginar, rebaixando-se ao mesmo nível abissal dos cartolas que tentavam expurgar:

Interferir no Campeonato Brasileiro é interferir na soberania nacional!

E o triste é que a burritzia nacional aplaudia qualquer patacoada do C13 que havia tomado o poder de quem mal o exercia e, em nome da modernidade, rasgava o livro de regras, e, ainda pior, iniciara um campeonato sem regulamento.

* 19/10/87 – C13 apresenta alternativa à proibição da Fifa e decide pintar dentro das metas a marca da Coca-Cola.

C13 apresenta proposta de calendário para 1988: BR-88 de fevereiro a junho.  Julho para a Seleção. Agosto para excursões de clubes. Setembro a dezembro os estaduais. Tão boa e tão simples que, claro, não poderia dar certo.

* 20/10/87 – C13 desiste de pintar dentro da meta logo da Coca quando alguém resolve ler o livro de regras do futebol …

Eduardo José Farah, vice-presidente da FPF,  é o candidato de José Maria Marin para a presidência da Federação Paulista. Farah quer acabar com a Copa União e com todos os campeonatos brasileiros!!!

Eduardo Farah assumiria a FPF em janeiro de 1988 e sempre tentou ser candidato à presidência da CBF

 

Editora Abril lança álbum de figurinhas do Brasileirão no final do primeiro turno.

* 21/10/87 – Coca-Cola insiste em só pagar 50% do acordo sem a pintura no centro do gramado. Não aceita logotipo nem dentro da meta ou atrás dos gols.

* 22/10/87 – CBF exige e C13 pinta de verde logotipo da Coca-Cola no centro dos gramados.

* 25/10/87 – C13 insiste  e Morumbi e Olimpico têm logotipo da Coca-Cola pintado dentro das metas.

* 27/10/87 – C13 desiste de Coca-Cola dentro dos gols e vai testar logotipo atrás da meta. Equipes de transmissão da Globo fazem testes de viabilidade e visibilidade.

* 28/10/87 – CBF consegue nova vitória na Justiça e veta Assembléia Geral pedida pelas federações estaduais.

* 30/10/87 – Nabi se alia a Carlos Aidar e José Ferreira Pinto (presidente do Juventus) na eleição para FPF. O governador Orestes Quércia deve apoiar a chapa de oposição a José Maria Marin. Nabi ficou bravo pela indicação de Eduardo Farah como sucessor de Marin. Briga vai além do poder no futebol paulista. Tem a ver com a eleição para prefeito de 1988 e questões de comando do PFL paulista.

Orestes Quércia foi governador paulista de 1987 a 1990.

 

* 02/11/87 – CBF cada vez ganha mais elogios pela desastrada condução de todos os negócios… Fala Paulo Maracajá, presidente do Bahia:

Octávio e Nabi deveriam ser jogados dentro de uma privada e depois apertaríamos a descarga.

Coca-Cola já não paga os 50% pela exposição menor da marca no gramado. Garrafas de 1m80 atrás do gol e pinturas atrás da meta não satisfazem empresa.

* 03/11/87 – Deputado federal centrista Francisco Amaral (PMDB-SP) quer instituir CPI no Congresso sobre os negócios da CBF. Requerimento tem assinatura de 180 deputados e 29 senadores. Ele acha que CBF está sendo levada pelo C13.

Aidar pretende criar a Federação de Futebol Profissional do Brasil no lugar da CBF.

Carlos Eugênio Lopes, diretor de finanças da CBF, diz que dívidas da entidade podem chegar a 100 milhões de cruzados.

* 06/11/87 – C13 propõe “publicidade elétrica” na rede das metas. Quando ela balançasse com um gol, acenderia um luminoso da Coca-Cola…

*09/11/87 – C13 estuda criação de uma loteria exclusiva para seus jogos.

Coca-Cola e C13 se acertam. Em troca da não-exposição do logotipo no centro do gramado, clubes vão vestir Coca-Cola também nos estaduais de 88. Menos Flamengo (Petrobras), Inter (Aplub), Palmeiras (Agip) e Corinthians (Kalunga).

* 10/11/87 – Márcio Braga (PMDB-RJ) e demais deputados ligados ao C13 pedem ao (novo) ministro da Educação Hugo Napoleão a permanência de Manuel Tubino à frente do CND. Ele era um esportista comprometido com a mudança necessária no futebol brasileiro.

Hugo Napoleão (PFL-PI) foi ministro da Educação de José Sarney

 

* 17/11/87 – C13 se reúne com CND em Brasília e quer BR-88 com 20 clubes. E no primeiro semestre.

* 18/11/87 – Nabi não aceita mudar período do BR-88 e reafirma  QUE HAVERÁ CRUZAMENTO DE MÓDULOS EM JANEIRO de 1988 PARA DEFINIÇAO DO BR-87 E DAS DUAS VAGAS NA LIBERTADORES-88.

*19/11/87 – Homero Lacerda, presidente do Sport, fomenta campanha “RUBRO-NEGRO NÃO BEBE COCA-COLA”. Pepsi-Cola passa a fornecer produtos na Ilha do Retiro.

*20/11/87- CBF apresenta calendário de 1988 contrário ao do C13. BR-88 continuaria no segundo semestre.

* 22/11/87 – Vencendo o Palmeiras no Mineirão por 1 a 0, o Atlético Mineiro voltou a ser o melhor do Grupo A. No returno, as equipes jogavam entre si no mesmo grupo. O Galo ficou um ponto à frente do Flamengo. O time da Gávea foi rebocado para a semifinal pelo regulamento. O Galo levou o Mengo adiante. A única vantagem que teve o Atlético foi um pontinho de bonificação. A vitória na época valia dois pontos. No Grupo B, o Cruzeiro terminou invicto o returno, com 5 vitórias e dois empates, e chegou um ponto à frente do São Paulo. Eliminou o rival paulista com um gol polêmico do meia-atacante Careca, na vitória sobre o Santos, no Pacaembu.

* 26/11/87 – Cruzeiro reclama que não está recebendo “nada” da Coca-Cola. Pepsi-Cola procurou Vicente Matheus, presidente do Corinthians.

Vicente Matheus era presidente do Corinthians em 1987

 

* 27/11/87 – Coca-Cola reduz a multa de 50% dos clubes. Mas ainda mantém desconto por não ter o logotipo pintado no centro do gramado.

* 29/11/87 – Flamengo venceu o Atlético no Maracanã por 1 a 0, gol de Bebeto. Inter x Cruzeiro empataram sem gols no primeiro jogo da semifinal.

* 01/12/87 – Eduardo José Farah é eleito por 148 votos a 2 contra candidato de protesto da Federação Paulista. Vitória de José Maria Marin x Nabi & Aidar & José Ferreira Pinto. A frente ampla contra a continuidade em São Paulo foi o primeiro revés eleitoral do C13, embora não tenha entrado de cabeça no pleito.

* 02/11/87 – Numa partida tumultuada e com ameaças e denúncias de todos os lados, o Flamengo venceu o Atlético Mineiro por 3 a 2 e se classificou para a decisão contra o Internacional, que bateu o Cruzeiro na prorrogação, com gol de Amarildo, depois de outro empate sem gols no tempo normal.

* 04/12/87- Rubens Hoffmeister, presidente da Federação Gaúcha, agride a socos Marcio Braga, que o havia chamado de “bichona” na TV Manchete. Eles se reuniam no Rio para tentar corrigir erro do regulamento da CBF e C13 para o BR-87. O nível do debate era realmente altíssimo.

 

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Rubens Hoffmeister, presidente da FGF

Benito Masci, presidente do Cruzeiro, diz que acabou o C13 e que está agora ao lado do Módulo Amarelo. Tudo porque Carlos Aidar reclamou muito da má arbitragem de José Roberto Wright, na vitória do Cruzeiro, no Pacaembu, sobre o Santos, que eliminou o São Paulo  da fase decisiva do BR-87.

* 06/12/87 – Internacional 1 x 1 Flamengo abrem a decisão do Módulo Verde, no Beira-Rio. No Brinco, Guarani vence Sport por 2 a 0 na primeira decisão do Módulo Amarelo, em Campinas. Liminar na Justiça garantiu jogo, já que o Bangu protestara da partida que perdera pro Sport, na Ilha do Retiro, na semifinal. Teria havido invasão de campo e agressão ao patrono do clube fluminense, o bicheiro Castor de Andrade. Parte da confusão em Recife se deveu aos incidentes semelhantes na partida de ida, em Moça Bonita.

Sport quer CBF em Brasília. Clube pernambucano e Guarani assinaram “PROTESTO CONTRA A MENTIRA”. Contra a CBF, Globo e C13.

 Eles massificaram a ideia de que a Copa União é o BR-87. Não é!

* 07/12/87 – Márcio Braga, como vice-presidente do C13 e presidente do Flamengo, afirma  que só aceita CRUZAMENTO DE MÓDULOS se for convocado o Conselho Arbitral da CBF para deliberar a questão. O conselho seria formado por 32 clubes dos dois módulos.

ISTO É: JÁ ESTAVA DETERMINADO O CRUZAMENTO. Márcio Braga disse que o C13 não quis CRUZAMENTO, e que isso “foi acrescentado pela CBF, não pelo C13”.

NA PRÁTICA: TIMES DO C13 ACEITARAM REGULAMENTO COM O CAMPEONATO EM ANDAMENTO PARA DESCUMPRI-LO. PRATICAMENTE NENHUMA DAS PARTES TEVE PALAVRA. NEM MESMO OS MOCINHOS DO C13.

NAS ENTRELINHAS: ACORDO “SECRETO” SELADO POR EURICO MIRANDA COM A BOLA ROLANDO ENROLOU DE VEZ A QUESTÃO.

* 08/12/87 – Flamengo e Internacional são finalistas da Copa União-87. Dois dos sete clubes que não eram patrocionados pela megaparceira Coca-Cola… Em termos de visibilidade, deu tudo errado. Mas a credibilidade da competição não foi atacada por isso. Ao menos por isso.

* 10/12/87 – Como se precisasse mais alguma coisa, Rui Esteves, presidente do Bangu, agrediu Fred Oliveira, presidente da Federaçao de Pernambuco, na porta da CBF. Ainda pelo rescaldo e recalques das baixarias nas duas partidas entre Bangu e Sport, pelas semifinais do Módulo Amarelo.

* 11/12/87 – Escoteiros ligados à CBF se digladiaram com freiras carmelitas simpatizantes do Clube dos 13 numa quermesse beneficente na Paróquia São Miguel. Monges budistas atrelados às federações tentaram apartar mas acabaram saindo no tapa com grupo da Terceira Idade do CND… [Esta mentira é só para descontrair. E lamentar que possivelmente o fato fosse verdade pelo nível abissal das discussões e querelas que infelicitaram o futebol brasileiro por aqueles anos]  

* 13/12/87 – Sport decide final do Módulo Amarelo contra o Guarani, no jogo de volta em Recife. Clube estava irritado com CBF também pela correção (não mudança) no regulamento. Pelo texto anterior, qualquer vitória por qualquer placar daria o título do Módulo Amarelo ao Sport. Flamengo e Internacional se acertaram melhor quanto a mais um erro da CBF e do C13 na confecção do regulamento. O Sport pretendia manter o erro que poderia favorecê-lo.

No tempo normal da decisão, 3 x 0 Sport contra o Guarani. Na prorrogação, empate sem gols. Na disputa de pênaltis, as equipes chegaram ao absurdo empate por 11 x 11. As direções dos clubes então resolveram suspender a série de cobranças. Não houve um vencedor. Pela primeira uma disputa de pênaltis termiava EMPATADA (!?). Praticamente dividindo na marra o título do Módulo Amarelo. Quase que um artifício para indicar que Sport e Guarani não se importavam tanto com aquele título. Aguardavam, de fato, o que estava previsto no regulamento, para o bem ou para o mal: o cruzamento dos módulos num quadrangular em janeiro de 1988.

O árbitro Josenil Souza aguardou por 15 minutos as duas equipes que foram ao vestiário da Ilha do Retiro e não voltaram. Ele encerrou a disputa.

 

VEJA: A disputa sem fim de pênaltis entre Sport x Guarani, em 1987

 

Betão, Estevam, Flávio, Rogério, Marco Antonio e Zé Carlos Macaé; Robertinho, Ribamar, Nando, Zico e Neco. O Sport de Emerson Leão, finalista do Módulo Verde (seria declarado posteriormente campeão, por ter campanha melhor que o Guarani)

 


No Maracanã, na mesma tarde de domingo, o Flamengo venceu o Inter por 1 a 0 e ganhou o Módulo Verde, com um gol de Bebeto. A festa não foi pelo título do Módulo. Foi festa de campeão brasileiro de 1987. Da Copa União. De tetracampeão, como quase toda a imprensa publicou na segunda-feira seguinte.

VEJA: A decisão do BR-87. Flamengo 1 x 0 Internacional

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Como os cartolas do C13 também  imaginavam. Até porque trabalhavam com o fato de que, por terem maioria no voto qualitativo no Conselho Arbitral que se reuniria em breve, seria deliberado que não haveria o cruzamento dos Módulos, em janeiro de 1988. A questão seria votada, e a maioria acabaria definindo que o cruzamento não aconteceria, que o Flamengo era o campeão. O tetra, como todos os membros do C13 entendiam.

Carlos Miguel Aidar, em entrevista a “Folha de S.Paulo”, deu o mote do C13 e do pensamento dos pares:

 Não podemos por em risco um título contra um Sport Recife da vida, um Guarani da vida.

O campeão de 1987: Leandro, Zé Carlos, Andrade, Edinho, Leonardo e Jorginho; Bebeto, Aílton, Renato Portaluppi, Zico e Zinho, O timaço dirigido por Carlinhos. Quatro campeões mundiais (e mais o reserva Aldair) pelo Brasil. Mais quatro que mereciam ter sido (incluindo Andrade, não chamado em 1982). Renato Gaúcho que foi campeão mundial pelo Grêmio, em 1983, Zinho e Andrade, megacampeões nacionais. Aílton, sempre um cara decisivo em jogos finais. Zé Carlos, uma Copa como terceiro goleiro. Um time espetacular em nomes, e que engrenou na reta de chegada do BR-87

* 14/12/87 – Leonel Martins de Oliveira, presidente do Guarani, diz que abre mão do título do Módulo Amarelo em favor do Sport, depois do empate nos pênaltis por 11 x 11. Mais um modo de minimizar a importância da decisão do Módulo e forçar a realização do quadrangular final, em janeiro de 1988, cruzando os dois módulos.

Nabi Abi Chedid insiste em cumprir o regulamento acordado depois de a bola rolar no BR-87:

O Flamengo foi campeão da primeira fase do Campeonato Brasileiro e mais nada. Vai ter de disputar o cruzamento dos Módulos num quadrangular em janeiro.

Gilberto Medeiros, presidente do Internacional, fecha questão com seus 12 “coirmãos”:

O MUNDO INTEIRO SABE QUE O FLAMENGO FOI O CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1987. MESMO SE NÓS TIVÉSSEMOS SIDO OS CAMPEÕES, NÃO DISPUTARÍAMOS O QUADRANGULAR COM O MÓDULO AMARELO.

* 16/12/87 – Em reunião oficial, C13 insiste no fato de que regulamento foi alterado depois do início da Copa União. Presidente da entidade e do São Paulo diz a frase que todo flamenguista quer ouvir quando os mesmos dirigentes tricolores de então esquecem em 2011 o que disseram e pensaram. Quando, agora, defendem empedernidamente a posse da Taça das Bolinhas:

NINGUÉM TIRA O TETRA DO FLAMENGO.

Palavras de Carlos Miguel Aidar. Presidente do São Paulo, cujo diretor de futebol era Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo desde 2006.

[Aqui, um teletransporte para 2011, quando escrevi este texto que atualizo agora em 2016: O são-paulino tem mais é de se orgulhar por tudo que conquistou no Brasil, na América e no mundo desde a década de 1980. Muito pelo que plantaram e semearam Carlos Aidar e Juvenal Juvêncio, a partir de 1984. MAS AS ÚNICAS PESSOAS FÍSICAS QUE JAMAIS  PODERIAM RECEBER A TAÇA DAS BOLINHAS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL FORAM OS QUE LÁ ESTIVERAM EM FEVEREIRO DE 2011. JUVENAL E AIDAR. Porque como cartolas tricolores em 1987, e como membros atuantes do Clube dos 13, eles sabiam que não foram Flamengo e Internacional que tiraram os times de campo no quadrangular decisivo de janeiro de 1988. FOI O CLUBE DOS 13 QUE DECIDIU NÃO PARTICIPAR DO CRUZAMENTO DOS MÓDULOS. Se fossem Vasco e Corinthians, seria o mesmo. Cruzeiro e Grêmio, a mesma coisa. FOI UMA DECISÃO CONJUNTA. MAIS UMA DISCUTÍVEL. Melhor seria decidir tudo no campo de jogo. Mas não foi assim que se decidiu. AO MENOS NISSO OS COIRMÃOS ESTIVERAM JUNTOS EM 1987. Mas só em 1987.


 

Voltando a 1987…

Aidar ainda defende 20 clubes no BR-88. Os 16 do Módulo Verde doBR-87 e mais os quatro melhores do Módulo Amarelo de 87: Sport, Guarani, Bangu e Atlético Paranaense.

Pesquisa do Ibope aponta que 95% dos torcedores brasileiros querem estaduais – diferentemente do C13.

Mais da pesquisa do Ibope: 72% dos torcedores viram jogos da Copa União pela TV.

60% não vão aos estádios.

Carlos Miguel Aidar acabou sendo reeleito presidente do C13, com reforma nos estatutos.

 Cruzeiro e Corinthians foram oposição. Corinthians votou em branco, porque não gostou do acordo com a Coca-Cola.

* 18/12/87 – Cada um dos membros do C13 ganhou 20 milhões de cruzados  na Copa União.  O dobro de Santa Cruz, Goiás e Coritiba. Quantia é boa, mas menor do que esperavam em setembro. TV Globo admite lucro com evento.

* 21/12/87 – OCTAVIO CONFIRMA QUADRANGULAR DECISIVO EM JANEIRO DE 1988. E não dá bola ao jogo sem fim nos pênaltis na decisão do Módulo Amarelo:

O que realmente importa é o cruzamento dos Módulos. 

* 23/12/87 – AIDAR REAFIRMA QUE NÃO HAVERÁ CRUZAMENTO PARA DECIDIR CAMPEAO BRASILEIRO DE 87.

* 26/12/87 – CBF não sabe para quem dar o Troféu Roberto Gomes Pedrosa, que deveria ficar com o campeão do Módulo Amarelo. Pensam até em sorteio!?

* 04/01/88 – Eduardo Farah assume a FPF.

* 07/01/88 – Aidar não quer saber de conversa:

O Flamengo é o legítimo campeão brasileiro de 1987. Não há discussão no Clube dos 13. Nem haverá cruzamento com o Módulo Amarelo.

Fifa multa CBF em 10 mil francos suíços pela inscrição de Coca-Cola no centro do gramado…

* 08/01/88– Pedro Lopes, diretor de futebol da CBF, que cuidava mais da Seleção, se demite. Não tinha apoio de Nabi e de Octavio, e havia se cansado da bagunça na entidade.

* 14/01/88– Em reunião no Rio, C13 reitera que não participa do quadrangular em janeiro, e que Flamengo e Inter até abrem mão da Libertadores-88. Márcio Braga dá motivos:

Ganho mais dinheiro com o Flamengo fazendo amistosos. A Libertadores tem despesas altas  e só dá prejuízo. É um jogo de ladrões.

* 15/01/88 – Conselho arbitral dos Módulos Verde e Amarelo enfim se reúne na CBF. Decide, por 375 votos contra 104, QUE NÃO HAVERÁ CRUZAMENTO ENTRE OS MÓDULOS PARA DEFINIR O CAMPEÃO DO BR-87 QUE, PARA ELES, É O VENCEDOR DA COPA UNIÃO: O FLAMENGO.

29 DOS 32 CLUBES VOTARAM NO CONSELHO ARBITRAL DA CBF. VOTO QUALITATIVO DO MÓDULO VERDE DEFINIU PARADA A FAVOR DO CLUBE DOS 13. Vasco, Fluminense, Sport e Náutico foram contrários.

Sport foi à reunião do Conselho com liminar obrigando UNANIMIDADE para mudar regulamento. DE FATO, PARA MUDAR UM REGULAMENTO COM A BOLA ROLANDO, CERTO OU ERRADO, MAIS CORRETO SERIA 100% DOS VOTOS. MAS COMO, DESDE O INÍCIO, ESTAVA TUDO MUITO ERRADO…

C13 não quis saber da unanimidade, e abusou do fato de não ter havido decisão no Módulo amarelo, com disputa de pênaltis sem vencedor entre Sport e Guarani. Para a tropa da elite, era prova de que era um torneio menor…

* 21/01/88 – CBF ignora Conselho Arbitral e marca primeira rodada do quadrangular em turno e returno: Guarani x Flamengo no Brinco de Ouro, Sport x Internacional na Ilha do Retiro. Márcio Braga diz que CBF não tem o que fazer:

Uma liminar diz que precisava ter havido unanimidade no Conselho Arbitral para mudar o regulamento do BR-87… Outra que precisa ter o cruzamento dos Módulos na justiça de Pernambuco…

* 22/01/88 – Flamengo consegue liminar na Justiça do Rio e não joga contra Guarani, em Campinas. Clube defende tese de que Conselho Arbitral definiu que não haveria cruzamento, e que também não foi definido o campeão do Módulo Amarelo, um campeonato que estaria em aberto. MAS CBF CONTRA-ATACA E DEFINE SPORT COMO CAMPEÃO DO MÓDULO AMARELO, POR TER FEITO MAIS PONTOS QUE GUARANI…

Sport denuncia que teria sido cooptado pelo C13 para entrar no clube em troco de não haver cruzamento dos Módulos. Direção do C13 nega.

* 24/01/88 – Flamengo, na hora em que deveria estrear no quadrangular contra o Guarani, em Campinas, no domingo, vence Costa do Marfim, no amistoso das faixas, na Gávea. No Brinco de Ouro, cerca de 20 pessoas viram o árbitro Renato Marsiglia, às 17h30, ENCERRAR O JOGO, sob chuva. O Guarani de Carbone ficou treinando escanteios. Sérgio Neri; Giba, Luciano, Nei e Baiano; Júnior, Boiadeiro e Serginho; Catatau, Mário e Carlinhos era a equipe bugrina para enfrentar o Flamengo que não apareceu em Campinas.

O SPORT APROVEITOU o W.O. do Inter na Ilha PARA TAMBÉM FAZER FESTA PELO TÍTULO DO MÓDULO AMARELO.

* 25/01/88 – Márcio Braga acusa Ricardo Teixeira de corrupção em eleições das federações estaduais. O genro de João Havelange  admitiu ter dado dinheiro a alguns candidatos.

* 26/01/88 – Nabi diz que deixa CBF se anarquia persistir e se Octávio não punir Flamengo e Intrnacional pelo W.O. na primeira rodada do quadrangular do BR-87. Torcedores do Flamengo fazem manifestação à frente da Rua da Alfândega, sede da CBF,  pedindo FORA NABI.

* 27/01/88 – João Havelange, presidente da FIFA, diz que Brasil pode ficar fora da Copa-90 se continuar a enxurrada de liminares na Justiça comum, praga e prática que deu o ar da desgraça em definitivo desde o BR-86.

João Havelange presidiu a Fifa de 1974 a 1998

 

CBF DETERMINA que Flamengo e Internacional perderam por WO. 1 x 0 na primeira rodada do quadrangular. Porém, o Flamengo ainda tinha liminar. O Inter, nem isso. Pode ser punido e ficar um ano fora das competições.

Pedro Paulo Zachia, presidente do Inter:

 Não temo ser rebaixado junto com o Flamengo. Se isso acontecer, os outros 11 do C13 VEM COM A GENTE PARA A SEGUNDA DIVISÃO. ESTAMOS UNIDOS.

* 28/01/88 – Internacional obtém liminar na Justiça do Rio contra a homologação do título brasileiro para o vencedor do cruzamento dos Módulos – ou Sport ou Guarani.

* 29/01/88 –Federações estaduais não aprovam contas da CBF. Pela primeira vez o presidente da entidade não esteve numa assembléia ordinária. Federações estaduais reiteram que o cruzamento dos Módulos precisa acontecer.

C13 protesta por intermédio de seu presidente. Aidar fala:

SE A CBF PUNIR FLAMENGO E INTERNACIONAL, OS DEMAIS 11 MEMBROS DO C13 SE SENTIRÃO PUNIDOS E NÃO PARTICIPARÃO DO BR-88.

* 30/01/88 – Guarani x Sport se enfrentam no Brinco. Empate por 1 a 1. No mesmo horário deveriam jogar no Beira-Rio Inter x Flamengo, mas, na mesma hora, Flamengo estreava na Taça Guanabara, contra o Vasco, no Maracanã. O presidente da federação fluminense, Eduardo Vianna, o Caixa D’Água, era outro que não estava nem aí com o cruzamento dos módulos.

 

 

Eduardo Vianna, o Caixa D’Água, talvez o pior cartola da história da humanidade

 

* 06/02/88 – Jogo de volta decisivo do quadrangular do BR-87. Ilha do Retiro. SBT transmitiu. Marco Antonio de cabeça aproveitou de cabeça um cruzamento do lateral  Betão. 1 x 0 Sport. Campeão do quadrangular decisivo do BR-87. Campeão de direito do BR-87.

 

VEJA: Sport 1 x 0 Guarani – Final do quadrangular

 

O time dirigido por Jair Picerni, que substituíra Emerson Leão, que deixara o clube em dezembro: Flávio; Betão, Estevam, Marco Antonio e Zé Carlos Macaé; Rogério, Ribamar e Zico; Robertinho, Nando e Neco.

O Guarani vice-campeão de direito: Sérgio Neri; Baiano (o titular Giba estava machucado), Luciano, Ricardo Rocha e Albéris; Nei, Paulo Isidoro e Marco Antonio Boiadeiro; Catatau, Evair (com hérnia de disco, atuou no sacrifício) e João Paulo.

* 07/02/88 – C13 ganha apoio de Manuel Tubino, presidente do CND, contra título outorgado ao Sport pela CBF.

Manuel Tubino, presidente do CND

 

* 09/02/88 – Ponte Preta e Bandeirante de Birigui devem entrar na Justiça comum para evitar rebaixamento no SP-87… Nunca trabalharam tanto os advogados de porta de vestiário.

* 12/02/88 – Octávio Poncio Pilatos Guimarães passa a bola para o jurídico da entidade definir quem é o campeão do BR-87…

* 13/02/88 – Resolução 16/81 DO CND OBRIGA QUE CAMPEONATOS COMECEM E TERMINEM NO MESMO ANO. EXCEÇÕES SÓ QUANDO NOTIFICADAS PELAS FEDERAÇÕES, O QUE NÃO TERIA FEITO A CBF AO ESTENDER O BR-87 ATÉ JANEIRO DE 1988… Mas Nabi apareceu no dia seguinte mostrando documento de que teria notificado o CND….

CND também não permite Brasileirão disputado ao mesmo tempo com os torneios estaduais, e alguns deles já háviam começado em 1988 durante o CRUZAMENTO dos módulos…

Confederação Sul-Americana avisa que espera apenas até o final de fevereiro para que a CBF determine os clubes brasileiros na competição. Pela CBF, por ora, são Sport e Guarani. Mas Conmebol, pelo imbróglio, pensa em se decidir pelos representantes do ano anterior, São Paulo (campeão brasileiro de 1986) e Guarani (vice).

* 23/02/88 – Liminares no Rio, Pernambuco e Distrito Federal sobre os mais variados assuntos quase paralisam tudo no futebol brasileiro.

* 24/02/88 – Várias medidas na Justiça impedem CBF de homologar campeão do BR-87.

* 20/06/88 – Reunião na CBF entre cartolas da entidade e do C13 definem que SPORT E GUARANI são os representantes brasileiros na Libertadores. Telex da Conmebol para a CBF avisava que a confederação sul-americana não aceitaria outros clubes no lugar de SPORT e GUARANI. C13 pensa em boicotar próximas convocações da Seleção.

* 24/06/88 – C13 decide liberar jogadores convocados para a Seleção.

* 29/06/88 – Em Minas, 20 presidentes de federações estaduais lançam candidatura do genro de João Havelange à presidência a CBF. Ricardo Teixeira também ganhou o apoio de cartolas ligados a clubes. No manifesto, dirigentes estaduais dizem que CBF está sem credibilidade.

* 02/07/88 – Sport e Guarani estreiam na Libertadores da América de 1988.


 

LIBERTADORES-88 – Campeão e vice do quadrangular final do BR-87 (Copa União), Sport e Guarani foram os representantes brasileiros na Libertadores, que começou em julho.

COPA UNIÃO II ou BR-88 – Além dos 16 do Módulo Verde de 1987, os sete primeiros do Módulo Amarelo de 1987 (Sport, Guarani, Bangu, Atlético-PR, Criciúma, Vitória e Portuguesa) e mais o América carioca, convidado pela CBF, mesmo depois de ter desistido de participar do Módulo Amarelo em 1987, foram os 24 clubes do novamente inchado Brasileirão. O torneio começou em setembo e só terminou em janeiro de 1989, com vitória do Bahia. Bangu, Santa Cruz, Criciúma e América do Rio foram rebaixados.


 

NO FRIGIR DA TAÇA DAS BOLINHAS:

 

CBF – Incompetente em todas as acepções e planos, deixou os clubes tomarem conta de tudo. Mostrou força do modo errado e no timing incerto. Só acertou ao apelar – em todas as acepções – pela legalidade.  A mais bandida no enredo sem mocinhos. 

CLUBE DOS 13 – Ideias inovadoras e arrojadas. Não sairia campeonato sem ele. Não entraria tanto dinheiro. Mas criou um campeonato iniciado sem regulamento.  Tentou forçar tudo goela  abaixo. Quis mandar na Fifa  e na regra do jogo. Prepotente e arrogante, em vez de só atacar a CBF, não deu pelota aos clubes de menor torcida e investimento.

FLAMENGO E INTERNACIONAL – Fizeram no quadrangular de cruzamento dos módulos o que foi acordado pelo Clube dos 13: nenhum membro do C13 participaria do quadrangular em janeiro de 1988, perderia os jogos por W.O. Acordo de cavaleiros nem sempre respeitado… Como campeão de 1987, o Flamengo está no jogo dele de brigar até o fim pelo título, embora, muitas vezes, sem querer o diálogo e o respeito necessário ao Sport.

SPORT – Fez de tudo pelos direitos dele. Até o que não deveria – Justiça fora da Esportiva. Foi esperto, junto com o Guarani, ao empatar os pênaltis na decisão do Módulo Amarelo, demonstrando que o que interessava mesmo era o cruzamento dos módulos, em já neiro de 1988. Para entrar no C13, em 1997, quase negociou o título dividido. Segue na luta.

SÃO PAULO – Lamentável Juvenal Juvêncio (diretor do C13 em 1987) e Carlos Miguel Aidar (presidente do clube e do C13 em 1987) esquecerem o acordo de cavaleiros de 1987 e saírem com a camiseta “penta único”, com a conquista do BR-07 pelo São Paulo. Deplorável os dois receberem de CEF a Taça das Bolinhas, em 2011. O São Paulo até poderia receber, e com imenso orgulho. Mas os dois dirigentes deveriam ser o primeiros a não aceitar o troféu, por terem declarado publicamente e ainda assinado documentos de que o campeão de 1987 era o Flamengo que eles esqueceriam em 2007 e, depois, em 2011.

TAÇA DAS BOLINHAS – O ideal seria entregá-la em definitivo ao Flamengo, por ter sido um dos campeões de 1987, e penta, por tabela, em 1992.

 CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1987 – Como todas as partes erraram (ou se aproveitaram dos erros, desacertos, incertezas, omissões, ações, tudo isso e menos um poco), o melhor seria declarar Flamengo e Sport como campeões brasileiros de 1987. E reticências… Isso jamais vai ter um ponto final).