Vinícius Segalla*
Do UOL, em São Paulo
Leonardo Soares/UOL
A taxa média de ocupação do Morumbi ficou apenas em 30% no Brasileirão de 2015
Cobrar ingressos bem mais baratos do que os seus arquirrivais não foi o suficiente para o São Paulo atrair tanto público ao Morumbi como Corinthians e Palmeiras têm levado às suas novas arenas. É o que aponta estudo produzido pelo Banco Itaú BBA, que analisa números divulgados pelos clubes em seus balanços parciais em relação às atividades do Campeonato Brasileiro no ano passado.
Na comparação entre os times de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul com arenas com capacidade superior a 20 mil pessoas (Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Atlético-MG), a equipe do Morumbi foi a que teve a menor taxa de ocupação de sua arena (30% da capacidade), mesmo tendo cobrado o menor valor médio pelos ingressos (chamado tíquete médio), com R$ 26,77. A média do Campeonato Brasileiro foi de R$ 37,06.
A média de público são-paulina foi de 20.561, contra 34.149 do Corinthians e 29.733 do Palmeiras. E os dois arquirrivais cobraram ingressos a preços bem mais salgados: o torcedor alviverde pagou em média R$ 62,51 para ver jogo no Allianz Parque. Já o segundo ingresso mais caro do campeonato foi o do Corinthians: R$ 59,71.
Os principais rivais do São Paulo tiveram desempenho superior em ocupação e público. Com uma taxa de ocupação de 72%, o Corinthians foi o time que mais levou torcedores ao estádio no Brasileiro de 2015, seguido de perto pelo Flamengo (média de público de 30.962 pessoas e taxa de ocupação no Maracanã de 39%). Já o Palmeiras teve a terceira melhor média de público do Brasileirão e uma taxa de ocupação de 68% –o Morumbi, no entanto, tem uma capacidade maior do que as de seus rivais.
Em comparação aos clubes da Série A com grandes arenas, o São Paulo só teve médias de público e de renda superiores às do Internacional (veja tabela abaixo).
Para César Grafietti, superintendente de crédito do Itaú BBA., os números acima são em grande parte explicáveis pelo advento dos novos estádios no Brasil, construídos no contexto da Copa do Mundo de 2014. Isso não quer dizer, porém, que arenas modernas sejam sinônimo de arquibancadas lotadas.
“Estruturas modernas, que acolhem de forma mais segura e confortável os torcedores, esses estádios geram possibilidades interessantes de aumento de receita para os clubes. Menos pela exploração de Naming Rights, camarotes e instalações em geral, e mais pelo apelo natural que exerce sobre o torcedor, que quer visitar sua casa nova, e pela possibilidade de cobrar mais por isso”, aponta o estudo montado por Grafietti.
Clube vê falta de metrô como problema
Vice-presidente do São Paulo, Roberto Natel entende que o público baixo no passado se deve às turbulências fora de campo vivenciadas pel clube (como a queda do ex-presidente Carlos Miguel Aidar). O dirigente afirma que a idade avançada do estádio são-paulino não é problema, mas que a falta de metrô na região atrapalha a vida do torcedor.
“O ano passado foi muito conturbado, a gente teve aquele problema político interno e o torcedor ficou chateado, ali o torcedor desanimou. No ano retrasado, nós fomos a segunda maior torcida em público”, declarou. “Com relação ao metrô, sem dúvida nenhuma, na hora que a estação, a 900 metros do estádio, eu acredito que isso aumentará em torno de 7 a 8 mil pessoas por jogo. Com relação ao estádio do Morumbi, falam que a estrutura é ultrapassada, mas eu não acredito nisso. O estádio está bem cuidado é bonito, então eu acredito no seguinte: houve entre Corinthians e Palmeiras aquele momento de conhecer o estádio, a coisa nova entende? Já no São Paulo é o problema do metrô. Isso sim influencia bastante”, completou.
*Colaborou Vanderlei Lima