UOL
Guilherme Palenzuela e Ricardo Perrone,
A diretoria do São Paulo fez cobrança pública ao elenco no último dia 8, após a derrota por 3 a 1 para o São Bernardo pelo Paulistão. Desde então, o time empatou com o River Plate, perdeu para o rival Palmeiras e empatou com o fraco Trujillanos na quarta-feira, resultado que deixou o clube em situação muito delicada na Copa Libertadores. Agora fala-se no Morumbi que se houver mudanças elas acontecerão no time, e não no comando técnico.
Os últimos três jogos desde a cobrança não mudam a percepção e a posição da diretoria. Pelo contrário, intensificam. Segundo apurou o UOL Esporte, aumentou muito na cúpula tricolor a insatisfação com os jogadores. A decepção é menos pelo desempenho dos atletas em campo e mais pelo que a diretoria acredita ser falta de comprometimento com o clube e comportamento pouco profissional.
Neste momento, a diretoria não vê culpa de Edgardo Bauza e da comissão técnica no mau rendimento do time. Bauza é elogiado pela maneira com que cobra interna e externamente os jogadores, pela maneira como treina o time e também pela forma como se posiciona nas entrevistas.
A paciência com os jogadores chegou ao limite. A conclusão é que eles reclamam demais, cobram demais e entregam de menos. Entende-se que alguns dos principais jogadores não entregam tudo o que podem para o clube e não estão comprometidos com objetivos coletivos, e por isso atrapalham o trabalho do treinador argentino.
É usado como exemplo de falta de comprometimento com o clube o episódio da saída do atacante Kieza, maior contratação do São Paulo para a temporada de 2016. Apresentado no meio de janeiro, o jogador de 29 anos fez dois jogos, não conseguiu brigar pela titularidade e pediu para ser negociado depois de menos de dois meses. Pior: segundo a diretoria, o atleta pediu para deixar a concentração.
Irritou muito à diretoria a postura do atacante Kieza na semana passada. Maior contratação do São Paulo para 2016, o jogador pediu – segundo a diretoria – para que fosse transferido para o Vitória por não estar jogando como titular e disse que não se sentia confortável para permanecer na concentração para o jogo contra o Palmeiras. Deixou o CT da Barra Funda às pressas. O comportamento uma semana depois da cobrança pública deu à cúpula são-paulina os primeiros indícios de que o elenco não consegue assimilar as cobranças por maior empenho profissional.
Há um consenso na diretoria de que a reformulação do elenco não aconteceu como era esperado. No fim de 2015 o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva fez pronunciamento após a histórica derrota por 6 a 1 para o Corinthians no qual disse que nem todos os jogadores do elenco tinham comprometimento para jogar pelo São Paulo. Desde então, houve poucas mudanças no plantel. O São Paulo alega que não conseguiu vender no mercado de início de ano todos os jogadores que gostaria.
Agora, como publicado pelo Blog do Perrone, o objetivo é identificar todos os jogadores que não têm atendido à exigência da diretoria e que estão insatisfeitos para negociá-los. Movimento que se intensifica a cada tropeço do time no campo.
O empate contra o Trujillanos na quarta-feira fez com que o São Paulo contabilizasse a pior campanha da história do clube na Copa Libertadores. Em 18 participações no torneio desde 1972 a equipe jamais havia passado as primeiras três rodadas sem uma vitória. Nesse momento a classificação às oitavas de final é improvável e o clube poderá ser eliminado na fase de grupos, o que não acontece desde 1982.