GloboEsporte.com
Alexandre Lozetti
Dirigentes dão apoio total ao técnico argentino antes de confronto decisivo pela Libertadores, e esperam resposta dos jogadores em partidas mais importantes.
Depois da derrota para o Palmeiras, em resposta a um jornalista, Ataíde Gil Guerreiro fez questão de dizer que Edgardo Bauza vai cumprir seu contrato até o fim, dezembro deste ano. A pergunta nem tratava desse assunto e tampouco questionava o emprego do técnico, mas o vice-presidente de futebol do São Paulo aproveitou para deixar claro o apoio ao argentino.
Diante da irregularidade da equipe, que ainda fracassa diante dos maiores desafios, e nesta quarta-feira enfrentará o Trujillanos para tentar se manter viva na Libertadores, a diretoria decidiu abraçar a comissão técnica e cobrar os jogadores, como ficou claro na semana passada, quando o diretor executivo Gustavo Vieira de Oliveira admitiu insatisfação com os resultados e, principalmente, com a postura dos jogadores, sem citar nomes.
Independentemente de concordar com as decisões de campo do Patón, há uma cumplicidade grande entre a diretoria e ele, inclusive no objetivo de mudar o perfil do elenco e torná-lo mais aguerrido.
Por dificuldades financeiras, a reformulação do ano passado para este foi menor do que pretendia, por exemplo, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, conforme ele mesmo admitiu depois de perder por 6 a 1 para o Corinthians. Quando recebeu e aceitou a proposta, Bauza sabia que encontraria um grupo cheio de vontades, mimado e que, por muito tempo, teve suas estrelas com vagas cativas entre os titulares.
Na semana passada, Patón disse ao departamento de futebol que gostaria de ter três reforços no meio do ano, para que pudesse ter em mãos um grupo totalmente do seu agrado, que possa lutar pelos títulos no mesmo nível dos principais adversários. A diretoria se mostrou receptiva e afirmou que irá em busca dos jogadores, sempre ressaltando o buraco financeiro em que o clube se enfiou nas últimas temporadas.
Bauza lamenta falta de tempo para tentar melhorar ataque do São Paulo
Enquanto isso não acontece, Bauza e os dirigentes tentam extrair o futebol e a disposição que a atual equipe mostra eventualmente. A última atuação exemplar aconteceu na semana passada, no empate por 1 a 1 contra o River Plate, na Argentina. Antes desse jogo, Gustavo Oliveira teve conversas individuais com atletas. Alguns papos foram duros, embora Leco, o presidente, tenha ressaltado o respeito nos diálogos.
A missão é fazer com que esse tipo de desempenho se repita com mais frequência, e que o São Paulo não fique refém da disposição dos jogadores.
– Não podemos mexer no elenco e nem vamos mexer, nem no técnico, que ficará até o fim do ano. Agora, o elenco tem que engrenar rapidamente, e vai engrenar – disse Ataíde.
Respaldado, Bauza se encarrega de cumprir a orientação de comandar o grupo com pulso mais firme. Colocou Kieza para treinar junto aos garotos da base quando notou a falta de empenho do atacante, repetiu que vai escalar Rogério onde ele pensa ser correto, e não onde o jogador gosta, não se importa em deixar no banco líderes do grupo como Rodrigo Caio e Alan Kardec, tirou a faixa de capitão de Michel Bastos e deu a Denis, entre outros pequenos gestos que mostram: comissão técnica e diretoria estão dispostos a, juntos, exigirem cada vez mais dos jogadores.
O São Paulo só manterá chances de classificação na Libertadores, nas palavras de seus próprios jogadores, se vencer o Trujillanos, em Valera, na quarta-feira.
Estamos assistindo um show de incompetência no Tricolor há muito tempo. Somente uma mudança de gestão irá salvar-nos.