Ao MP, Maidana diz que fechou com SPFC antes de passar por ‘clube ponte’

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UOL

Perrone

Em depoimento ao Ministério Público, Iago Maidana contou que acertou sua ida para o São Paulo antes mesmo de se transferir do Criciúma para o Monte Cristo, de Goiás. Isso significa que o clube do Morumbi poderia ter contratado o jogador diretamente da equipe catarinense, por um valor mais baixo. Essa versão também indica que a direção são-paulina, na ocasião comandada por Carlos Miguel Aidar, usou um ‘clube ponte’ para trazer o jogador, o que é coibido pela Fifa.

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Porém, é outro aspecto da transferência que mais interessa ao MP. “Nossa prioridade é saber a origem do dinheiro usado pelo Monte Cristo para pagar o Criciúma. Queremos saber se a origem é criminosa. Se for, houve lavagem de dinheiro. Estamos investigando”, disse ao blog o promotor Arthur Pinto de Lemos Júnior, do GEDEC (Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos).

O caso foi parar na promotoria após denúncias de conselheiros, entre eles o ex-candidato à presidência do clube Newton Luiz Ferreira, sobre supostas irregularidades durante a gestão de Carlos Miguel Aidar.

Ao depor, Maidana contou que, em maio de 2015, o empresário Edvaldo Pires o levou para conversar com Júnior Chávare, que cuidava das categorias de base do São Paulo. Mas o jogador recusou a oferta para atuar no time tricolor júnior, pois queria jogar na equipe principal.

Em agosto do mesmo ano, houve nova reunião no São Paulo também marcada por Edvaldo. Desse encontro, participou José Eduardo Chimello, que era gerente de futebol são-paulino.

Ainda conforme o depoimento de Maidana, dessa vez, ficou acertado que ele receberia R$ 15 mil mensais, incluindo direito de imagem, para defender a equipe principal tricolor. E foi definido também que ele “deveria comparecer no Criciúma para assinar a rescisão do contrato, que foi resolvida por Edvaldo”, segundo está escrito na transcrição do depoimento.

No mesmo documento, está registrado que, segundo Maidana, Edvaldo disse que, como ele ficaria sem clube a partir da rescisão com o Criciúma, haveria a necessidade de assinar contrato com o Monte Cristo. Logo em seguida, seria contratado pelo São Paulo.

Acontece que o time de Goiás, supostamente por meio da empresa Itaquerão Soccer, pagou R$ 400 mil ou R$ 800 mil (o valor correto ainda está sendo apurado) e revendeu o atleta ao São Paulo por R$ 2 milhões.

Uma das perguntas que ficam no ar é por que a direção são-paulina da época topou pagar mais, se quando negociou com o jogador não existia vínculo com o Monte Cristo e ele estava com sua rescisão de contrato com o clube catarinense solucionada?

Maidana também admitiu que fez um contrato de trabalho com o Monte Cristo, “mas sequer chegou a ir até o clube”. Em seguida, ele foi colocado num contrato entre o time de Goiás e o São Paulo como jogador negociado.

O atleta contou que fez um acerto verbal para receber 50% do valor que o Monte Cristo arrecadasse com sua transferência. Foram depositados em sua conta R$ 200 mil, apesar de o contrato entre o time goiano e o paulista registrar a venda por R$ 2 milhões. Ele declarou ainda não saber de vínculo do dinheiro envolvido com operações ilícitas e que se soubesse não aceitara.

Procurado por meio da assessoria de imprensa do São Paulo, Maidana disse que não se pronunciaria sobre o assunto. Carlos Miguel Aidar, que era o presidente do clube na ocasião, não atendeu ao celular e nem respondeu à mensagem de texto sobre o assunto. Edvaldo também não atende ligação.

Veja abaixo, trechos do registro do depoimento de Maidana.

Reprodução

 

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