Conselheiros ainda pressionam e querem explicações de ‘caso Jack’ mesmo após distrato

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ESPN.com.br
Diego Garcia e Rafael Valente
Polêmico contrato com a Far East foi assinado durante gestão do ex-presidente Aidar'
Polêmico contrato com a Far East foi assinado durante gestão do ex-presidente Aidar’

O São Paulo assinou nesta terça-feira o distrato do contrato de comissão no valor de R$ 18 milhões com a Far East, que supostamente havia intermediado a vinda da Under Armour, em uma das polêmicas recentes da história do clube. Mesmo assim, há quem diga que continuará em cima para que a verdade venha à tona.

O conselheiro Edson Lapolla, tradicional figura de oposição nos bastidores do time do Morumbi e um dos líderes da comissão que se formou em cima do caso, conversou com a reportagem do ESPN.com.br e prometeu seguir em busca da investigação envolvendo a comissão, mesmo após a assinatura do distrato.

“Desde o início me posicionei contra a necessidade de ter a comissão para conseguir material esportivo. O São Paulo não precisa disso e pedi para o Conselho fazer uma comissão para analisar esse contrato. O negócio do distrato é o que menos me incomoda. O que incomoda a mim, e quase à totalidade dos conselheiros, é qual o motivo de se tentar fazer um contrato desses. Só quero que respondam isso, se alguém teve a iniciativa de falar com a Under Armour sobre se alguma vez na vida eles precisavam desse ‘Jack'”, disse Lapolla.

“O agravante é que o São Paulo tinha um contrato na época com a namorada do presidente do clube (Cinira Maturana), ficamos de setembro a janeiro com dois contratos, qual o motivo disso? Ninguém vai discutir isso? Nada contra o Douglas (Schwartzmann, ex-dirigente de marketing do clube) ser o representante da empresa, pois as pessoas têm que trabalhar. Mas por que fazer contrato com um representante da empresa por algo que não fez? A culpa é do sistema, pois não remunera os diretores de futebol e deveria”, continuou.

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Lapolla promete continuar com sua posição firme ao lado de outros conselheiros para esclarecer a verdade sobre o caso.

“Não quero saber de distrato. Realmente é importante, mas vamos voltar à origem do negócio, porque fez contrato se já tinha outro de comissão?”, continuou o conselheiro.

“O que conselheiros, sócios e torcedores do São Paulo querem que fique bem esclarecido são quatro pontos. Primeiro: a Far East, tem ‘expertise’ para atender o objeto do contrato com o clube, ou seja, captação de recursos? Segundo: por que assinar contrato com tal empresa se o São Paulo já tinha em andamento um contrato com a empresa TML Foco Consultoria e Assessoria Empresarial para tal objeto? Seria porque a oposição descobriu que TML era uma empresa da namorada do Carlos Miguel? A assinatura do contrato com a TML é 6 de maio de 2014, um mês após a eleição do Aidar, a carda da Cinira (namorada do ex-presidente) desistindo do contrato é 5 de janeiro de 2015 e a assinatura do contrato com a Far East é 20 de setembro de 2014, portanto com o contrato da Cinira em vigência. Terceiro: comprovação da estada do Jack Banafshesa aqui no Brasil, nas datas citadas pelo Carlos Miguel e pelo Douglas Schartzmann. E por fim e mais importante: a Under Armour precisou em algum momento da Far East para negociar com o São Paulo? Essas são portanto as respostas que precisamos”, explicou Edson Lapolla.

Pelo que foi assinado, o São Paulo teria de pagar uma comissão de R$ 18 milhões a empresa, cuja sede fica em Hong Kong. O valor era equivalente a 15% de todo o montante que a fornecedora pagará ao clube. Nesta terça-feira, 175 dias após a renúncia de Aidar, o time tricolor finalmente assinou o distrato do polêmico acordo com a Far East.