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Perrone
Alexandre Bourgeois, ex-CEO do São Paulo e que é visto no Morumbi como homem de confiança de Abilio Diniz, decidiu acionar o clube na Justiça do Trabalho. O blog apurou que ele alega existir dívida de aproximadamente R$ 1,3 milhão, constituída basicamente por multa rescisória não paga.
Procurado, ele disse que não comentaria o assunto, mas após a publicação da primeira versão do post resolveu se manifestar e confirmou a existência da ação. Já o São Paulo, por meio do departamento de comunicação, disse que não foi notificado sobre o processo, porém, tem informações de que o ex-funcionário acredita ter essa quantia a receber e que vai à Justiça.
Bourgeois teve duas passagens pelo clube em 2015. Na primeira, ficou cerca de três meses, e foi demitido pelo então ex-presidente Carlos Miguel Aidar após o dirigente entrar em atrito com Diniz, que é consultor do Conselho Consultivo são-paulino.
“Quando entrei no São Paulo, assinei um contrato. Quando me mandaram embora, não me pagaram nada. Tanto na primeira quanto na segunda vez. Meu contrato é com o São Paulo Futebol Clube, tanto faz quem é o presidente. Tenho o direito, como qualquer pessoa, de receber o que está previsto no meu contrato. Tentei negociar, com o Aidar, mas ele nem respondeu. Depois, o Leco não quis negociar. Então, entrei na Justiça”, disse Bourgeois, que afirma que seu contrato iria até abril 2017.
Mesmo fora do São Paulo, ele participou do processo que culminou com a renúncia de Aidar e a eleição de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O atual presidente recontratou o ex-CEO, mas decidiu demitir o profissional três semanas depois, quando já estava em rota de colisão com Diniz, hoje seu ferrenho crítico.
Apesar de ele ter deixado o clube novamente, diretores do São Paulo afirmam que o amigo de Diniz tenta interferir na política são-paulina. Dois aliados de Leco declararam ao blog que o ex-CEO atua para minar a administração. Contam que ele procurou dois dirigentes e sugeriu que deixassem a direção, após criticar o presidente.
Bourgeois negou que tente enfraquecer a diretoria e convencer diretores a abandonarem o barco. Porém, ele se reuniu recentemente com José Francisco Cirino Manssur, vice-presidente de comunicação e marketing. Entre outros assuntos, criticou Leco.
“Eu me reuni mesmo com Manssur, que lançou um livro sobre profissionalização no futebol. Eu me encontro com ele faz muito tempo porque militamos pela profissionalização no futebol. A reunião foi para falar sobre isso. Agora, critico o Leco por não implantar a profissionalização, está no plano de governo dele”, afirmou o ex-funcionário são-paulino.
Diretores também reclamam de ele ter prestado depoimento ao Ministério Público levantando suspeitas contra Ataide Gil Guerreiro, ex-vice de futebol e atualmente diretor de relações institucionais. Pessoas ligadas a Ataide asseguram que o cartola processará Bourgeois.
“Fui chamado pelo MP, tive que ir. Lá me fizeram uma série de perguntas. Como qualquer cidadão brasileiro, respondi. Só isso”, declarou Bourgeois. O Ministério Público investiga várias denúncias feitas por conselheiros sobre supostas irregularidades no clube, principalmente na gestão de Aidar.
Outro argumento de membros da atual gestão contra o ex-CEO é de que por ser flamenguista ele não pode nem alegar que dá palpites sobre o São Paulo sob o pretexto de defender seu time de coração. “Faz tempo que deixei de ser torcedor de um clube. Torço pelo futebol brasileiro e defendo a profissionalização geral. Converso sobre a profissionalização de qualquer clube, não tenho preconceito”, rebateu Bourgeois.