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A aposentadoria de Rogério Ceni desencadeou incansáveis debates sobre quem assumiria o posto de líder no São Paulo. Mas pouco se falou no início dessa temporada sobre a necessidade de encontrar um cobrador de pênaltis à altura do ídolo, autor de 69 gols em infrações desse tipo – 131 no total. Na vitória por 6 a 0 sobre o Trujillanos, na terça-feira, o atacante argentino Calleri aproveitou duas penalidades para marcar gols para o Tricolor. Mas o fato de um dos tentos ter saído de um rebote do goleiro manteve a dor de cabeça do técnico Edgardo Bauza.
Até o duelo com o Trujillanos, o São Paulo havia perdido cinco dos seis pênaltis que teve a seu favor na temporada. O último foi desperdiçado pelo zagueiro Maicon na vitória por 2 a 1 sobre o Oeste, no Morumbi. A sina foi quebrada aos cinco minutos do segundo tempo do jogo contra os venezuelanos, quando Calleri aproveitou a inexperiência do goleiro Pérez e chutou no canto direito para converter a penalidade. Aos 35, o argentino teve outra infração máxima a seu favor. Com novo chute à direita do arqueiro, Calleri parou nas mãos de Pérez, mas concluiu para as redes no rebote.
Apesar de terem resultado em gols, as cobranças não foram bem executadas pelo centroavante. A avaliação é do próprio Bauza, responsável pela escolha de Calleri como o batedor de pênaltis do confronto. “Eu estava preocupado. Para mim, ele bateu mal os dois pênaltis. Mas os dois foram gol, isso é o que importa. Designei o Calleri hoje e, se ele não estivesse em campo, bateria o Ganso. Por sorte ele fez os dois e quebrou essa sequência. Não dá para perder cinco pênaltis em sequência, isso era um recorde”, afirmou o Patón.
A única penalidade convertida até então pelo São Paulo havia sido cobrada por Michel Bastos na vitória por 2 a 0 sobre o Novorizontino, no dia 24 de fevereiro. Além de Maicon, desperdiçaram pênaltis nesse ano o próprio Michel Bastos, duas vezes, Ganso e Calleri. “Todo o time sabia que tinha que caprichar um pouco mais nos pênaltis. Não importa se o Calleri bateu bem ou não. O importante é a bola entrar”, disse o zagueiro Rodrigo Caio, ao comentar sobre a polêmica envolvendo as cobranças.
Os pênaltis, inclusive, alimentaram pequenos desentendimentos entre os jogadores. Após a vitória contra o Oeste, Ganso deixou o Morumbi reclamando que Maicon havia “furado a fila” dos batedores. Contra o Trujillanos, Calleri impediu Michel Bastos de cobrar o segundo pênalti. Bastos, que tenta recuperar a sua imagem no São Paulo depois de sofrer com duras críticas da torcida, disse que não ficou chateado com a decisão do argentino. O meia, no entanto, avisou que quer voltar para a lista de batedores.
“O cara fez quatro gols, está muito bom. Ele é o nosso atacante, estava precisando ganhar confiança. Eu tentei a sorte, vai que ele me deixava cobrar o pênalti. Mas ele estava confiante para bater. Pediu a bola porque estava precisando [dos gols]. Graças a Deus deu tudo certo”, afirmou Michel Bastos, antes de enviar o recado a Bauza. “Foi o treinador que nomeou os batedores. Mas, sinceramente, estou aí e estou querendo bater”.
Denis – Corre por fora na disputa pelos pênaltis o goleiro Denis. Dono da faixa de capitão, o camisa 1 tem trabalhado diariamente as cobranças de falta e penalidades nos treinos. Mas, a fim de evitar comparações com o ídolo Rogério Ceni, o arqueiro diz que só entrará na fila dos batedores se Bauza lhe pedir. O técnico ainda não se manifestou sobre essa possibilidade.