Mauro Beting
O “pior São Paulo que eu vi”, depois do empate na Venezuela contra o Trujillanos, enfrenta no Morumbi o bom time do Toluca, desfalcado de meia equipe.
Ainda assim pintava como favorito. Meu palpite era 1 a 0. Gol de Centurión. A opção que restava para Bauza sem o goleador Calleri (suspenso) e sem Alan Kardec (baleado).
Confesso que meu palpite era na base daquelas coisas que sempre costumam dar certo para o São Paulo. Não tinha muita lógica. Era apenas sensação. E respeito pela história tricolor. Sobretudo na Libertadores.
Imaginava até uma boa partida. Boa vitória. E a classificação no México, na volta, pelo fato de o Toluca estar mais voltado para o torneio deles.
Confiava naquelas coisas que costumam dar certo para o São Paulo. Os 3 a 2 no Milan, no bi mundial, quando o Tricolor teve duas chances e marcou três gols – o terceiro foi doado pelo goleiro Rossi; o 1 a 0 no Liverpool, no tri, quando Mineiro marcou na única chance paulista, e o time inglês não fez nas 10 chances que teve – e Rogério Ceni não deixou.
Mas ainda assim não confiava nas laterais instáveis, que pouco concederam espaço aos mexicanos. A zaga pouca bola deu ao rival desfalcado de Triverio, depois de tantos erros recentes.
Hudson mais uma vez correu por todos, e parecia o mais limitado dos titulares do meio. Thiago Mendes enfim jogou como em 2015. E fez um golaço, o terceiro, em bela combinação com Ganso. O São Paulo pressionou no primeiro tempo impecável. Triangulou com categoria. Jogou e não deixou jogar.
Kelvin correu e driblou, mas menos que em outros jogos. Michel Bastos fez o primeiro, e reconquistou em 90 minutos o que perdera em muitos jogos.
Ganso deu toques passes dribles lençóis assistências fintas gols gosto. Sem vírgulas. Muito menos as tantas reticências recentes na melhor temporada de Ganso no Morumbi.
O 10 foi o São Paulo. Um show.
E Centurión… E Centurión…
Um golaço. O segundo. O primeiro dele em 2016. E mais um gol. O quarto. Típico do centroavante que ele não é. Nada normal para o jogador pavoroso de 2016.
Esse é o futebol. Centurión recuperado. São Paulo redivivo.
Ou melhor: o São Paulo FC de sempre.
Vitória espetacular. Impressionante para o time que estava pressionado e quase nada jogava.
Normal para o São Paulo que faz do Morumbi uma casa de espetáculos sul-americanos.
Natural para um clube que tem errado demais fora e também dentro de campo. Mas quando outras equipes lutariam para não cair de divisão com tantas pisadas na bola, o São Paulo pode sonhar em pintar mais uma estrela com a bola tão cheia.
É pra quem tem estrelas.
É pra quem é São Paulo.
Belo texto.