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Alexandre Lozetti
Diretoria investe em departamento de análise e arquiva imagens de todos os treinos. Placas de vídeo com software e GPS também serão utilizados nas próximas semanas
Um novo elemento tem chamado atenção nos treinos do São Paulo no CT da Barra Funda. Não é nenhum reforço tampouco um garoto promovido das categorias de base. Trata-se de um tripé, auxílio ao trabalho da comissão técnica e do departamento de análise de desempenho.
O equipamento custou cerca de 5 mil dólares (R$ 18 mil) tem alcance entre 9,5 e 10 metros de altura. Uma câmera presa à sua extremidade capta imagens de todos os treinos da equipe. Elas são arquivadas e utilizadas para análises.
Na última terça-feira, por exemplo, o tripé foi “espectador” da atividade comandada por Edgardo Bauza para aprimorar seu sistema defensivo em preparação para o jogo diante do The Strongest, quinta-feira, em La Paz. Além de uma câmera tradicional, outra de alcance mais aberto auxiliou no trabalho. Como o treino foi realizado em metade do campo, o responsável pela captação das imagens, Romildo Lopes, nem precisou erguer o tripé em sua altura máxima.
A intenção de Bauza era preencher o meio-campo para travar a criação ofensiva do rival. Tudo feito com muita sincronia entre as linhas defensiva e de meio-campo. A saída de bola dos titulares tinha que ser rápida e pelas laterais. Com as imagens aéreas, além de poder constatar o êxito da movimentação, a comissão técnica consegue detectar se o jogador que não está participando diretamente da disputa de bola está fazendo a movimentação correta, ou parado.
– As imagens ficam à disposição do Bauza. Se ele quiser rever determinada movimentação tática, se atingiu o objetivo, pode mostrar para o atleta individual ou coletivamente para corrigir alguma coisa. Será usado com muita frequência, em todos os treinos que acharem conveniente – explicou o diretor executivo de futebol Gustavo Vieira de Oliveira.
Antes, o São Paulo só conseguia ter imagens mais abertas quando treinava no Campo 1 do CT, pois usava a pequena arquibancada ao lado para filmar. Ainda assim, com mais limitações.
Nesta quarta, em atividade fechada, Bauza deverá recorrer novamente ao auxílio tecnológico para definir a equipe que entrará em campo contra o The Strongest. O São Paulo precisa de uma vitória ou um empate para conseguir a classificação na Libertadores.
A tecnologia é uma tendência no São Paulo. Uma obsessão dessa diretoria, que finalmente tem conseguido reaproximar o departamento de futebol, pelo menos em termos de aparelhamento, dos mais modernos do país.
Além do tripé, a comissão técnica tem usado o SportsCode, software que a alimenta de estatísticas em tempo real durante os jogos. Placas de vídeo para associar esses números a imagens foram adquiridas recentemente. Ainda nem chegaram.
– Poderemos ver qualitativamente as iniciativas de cada item. Se eu quiser ver todas as finalizações, os princípios de contra-ataque, as transições. É mais que o número frio estatístico – explicou Gustavo Oliveira.
Outra aquisição recente, que chegou na última terça-feira ao clube, é aquela espécie de “top” que jogadores de clubes como Palmeiras e Flamengo, entre outros, usam por baixo da camisa. Trata-se de um GPS relacionado ao deslocamento dos atletas pelo campo de jogo.
– Ele funciona por satélite e tem precisão muito grande, nos dá informações de atividades físicas com alta e baixa intensidade. Você pode desdobrar esses dados para velocidade, intensidade, impacto físico, e cruzar as informações. Ele tem um acelerômetro que também detecta o salto vertical, movimento que gera um desgaste grande – disse o executivo.
O São Paulo tem convicção de que modernizar seu departamento de futebol será importante para retomar o caminho das vitórias. Um dos próximos passos deverá ser rechear o departamento, que hoje conta com o analista de desempenho Felipe Batista, além de Romildo Lopes, que opera e capta as imagens, ambos ligados a Gustavo Oliveira e ao coordenador técnico Rene Weber.