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De Vitor Birner
Essas virtudes proporcionaram ao time do Morumbi a classificação épica, difícil contra o The Strongest e a altitude.
Tal qual aconteceu diante do River Plate, os jogadores mostraram frieza incomum às agremiações daqui quando enfrentam as de outros países no continente. Irritaram os limitados oponentes e, apesar da proposta defensiva, tiveram mais oportunidades de gol.
Quebro o padrão no post. Destaco alguns personagens para comentar sobre a parte coletiva e a heroica classificação.
Fundamental; Edgardo Bauza
Quase todos os treinadores que labutam em clubes brasileiros não teriam peito de iniciar com Ganso no banco, inclusive se tivessem a mesma conclusão do bicampeão da Libertadores sobre qual estratégia aumentaria a possibilidade de o time seguir no torneio.
O meia tem mostrado futebol de qualidade. É dono da posição e a principal referência técnica, por isso a escolha gerou reclamações desprovidas da raciocínio realista sobre o que especificamente esse jogo exigia.
Era óbvio que o time não teria condição física para suportar o jogo; e que, no segundo tempo, tal dificuldade seria maior.
Optou por Wesley e sequer orientou alguém a cumprir a função ou ocupar a posição do Ganso.
Colocou Hudson centralizado em frente aos zagueiros Maicon e Rodrigo Caio. Thiago Mendes na direita e Wesley na esquerda completaram o trio de volantes. Em muitos momentos esses dois atuaram adiante do colega e formaram o quarteto com Kelvin e Michel Bastos, que na prática foram alas.
As flutuações táticas, sempre priorizando os desarmes, tiveram o 4-2-3-1, 4-1-4-1 ou 4-5-1 baseados em qual região do gramado a dupla de reservas teve que ocupar.
Era imprescindível evitar a necessidade de os atletas recomporem constantemente o sistema de marcação porque perdem a bola na frente. Sabia que os bolivianos, como sempre, investiriam em lançamentos longos e forçariam que os oponentes corressem muito, pois sabiam como reage quem não se adaptou à falta de oxigênio no ar.
As alterações, durante o jogo, foram precisas como o planejamento do técnico.
Aguardou quanto pôde. Necessitava saber quem teria prejudicadas a oxigenação no sangue e o fôlego e obviamente quais atletas poderiam permanecer no gramado.
Bruno pediu para sair e o treinador optou por Caramelo. Em seguida, colocou Ganso e tirou o Michel Bastos; Por último substituiu Calleri por Allan Kardec.
Precisava recompor o sistema de marcação na esquerda e o centroavante, ex Palmeiras, fez tal função para Ganso jogar à frente do quinteto do meio de campo, dentro do próprio setor.
Posicionou os jogadores ‘compactados’ em poucos metros fora da área.
Em suma, o ‘hermano’ fez tudo que lhe cabia e não fez média com a opinião pública e torcedores.
Aliás, o time, lentamente, adquire a personalidade das agremiações que dirigiu.
Acertando ou se equivocando, escala de acordo com que acha melhor, e não para manter o emprego ou encerrar a possibilidade de ser o principal foco da eliminação.
Não custa lembrar que o Wesley teve a melhor atuação no São Paulo. Contribui muito para o time conseguir o ponto e seguir no torneio mais importante do continente.
Denis; o único que destoou
Não é possível criticar a postura do goleiro. A questão foi a qualidade.
Quase acabou com o planejamento de Bauza ao se equivocar de novo na interceptação do cruzamento. Mesmo se houve o toque do Alonso – é difícil afirmar – e consequentemente o impedimento de Cristaldo, o autor do gol, ele mostrou a dificuldade técnica que redundou em ambos feitos pelo River Plate nos jogos de Nuñez e do Morumbi.
Ele reclamou, mas mereceu a exclusão. Demorar para cobrar tiros de meta era algo indispensável para os colegas descansarem, esfriar a partida, e irritar quem precisava ganhar. Tomou o amarelo aos 25 e quase no final o vermelho por tentar repor a bola do lado oposto em que saiu e gerou o tiro de meta.
Maicon foi para o gol nos acréscimos.
Calleri; poucas palavras e muita atitude
O centroavante, de novo com a malandragem que o jogo pedia, igualou o resultado de cabeça após segurar o zagueiro, que fez o mesmo.
Não é de anunciar que marcará gols e será artilheiro. Na entrevista antes de enfrentar o River Plate, falou que pretendia ganhar e não havia nada especial por enfrentar a equipe com a qual tem maior rivalidade.
O jogo negou o que havia afirmado; sobrou raça. Irritou os oponentes como fez diante do The Strongest. e apesar de ficar isolado na frente conseguiu o lance crucial para a classificação do time do Morumbi.
Foi expulso nos acréscimos e não há imagem de ele sequer reagindo à violência do The Strongest.
Tomou beliscão na nuca, chute, soco, e não reagiu ou alterou a expressão facial; é realmente muito competitivo e mostra o respeito pelo manto sagrado tricampeão da Libertadores.
Maicon: o gigante
O zagueiro se equivocou em uma inversão de bola que realizou. No mais a atuação dele foi digna de ser reverenciada pelos torcedores da agremiação do Morumbi.
Ganhou todas, tanto por cima quanto com os pés, no monte de cruzamentos e lançamentos feitos pelo The Strongest.
De quebra foi o goleiro após a exclusão do Denis. Teve que intervir nos cruzamentos e manteve a firmeza. Além de raça, mostrou técnica e liderança.
Foi o melhor na difícil classificação.
O peso dos mantos sagrados
Camisa não ganha os jogos. É preciso acima de tudo mostrar futebol.
Mas quando há ‘igualdade’ dentro do gramado, a mais rica em conquistas quase sempre prevalece, tal qual nesse jogo.
Hudson; duas grandes atuações
Critiquei o volante porque o time sofreu gols do lado em que joga. Não conseguia recompor o sistema de marcação na velocidade necessária e a chegada na frente era pouco produtiva.
Diante do River Plate e do The Strongest, ao contrário, foi gigante na parte defensiva.
Por isso o destaquei no post. Quando critico equívocos de qualquer atleta e eles cessam em partidas importantes como essas, faço questão de ressaltar. A melhora exige esforço do profissional e deve ser valorizado.
Necessita manter o padrão e aumentar a quantidade de acertos na criação e finalização.
Ganhou crédito com os torcedores. Merece o respeito pelo que realizou no returno da Libertadores.