Aidar diz que renunciou por ‘mentiras’ de Ataíde e entra com queixa-crime na Justiça

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ESPN.com.br

Diego Garcia e Rafael Valente

Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar foram expulsos do São Paulo
Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar foram expulsos do São Paulo

O ex-presidente Carlos Miguel Aidar ingressou no fim do mês passado com uma queixa-crime contra o diretor institucional Ataíde Gil Guerreiro, que foi seu vice na sua gestão do São Paulo. A ação corre na 1ª Vara Criminal do Foro Regional II de Santo Amaro, São Paulo.

Na ação, Aidar diz que teve que renunciar à presidência do São Paulo “por causa das mentiras criadas por Ataíde”.

Conforme apurou o ESPN.com.br, o promotor Renato Fernando Casemiro já analisou a denúncia e designou uma audiência de conciliação. A juíza Ana Lucia Siqueira de Figueiredo marcou o encontro para o dia 18 de agosto, às 13h30. Ataíde ainda não foi citado.

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Agora, o que deve ocorrer é que, ou as partes entram em uma composição, ou Gil Guerreiro aceita a proposta de transação penal que será oferecida pelo promotor em audiência. Caso nada disso ocorra, pode ocorrer o oferecimento da denúncia pelo promotor de Yustiça, que pode ser recebida ou não pelo juiz.

A ESPN teve acesso à denúncia.

Aidar diz na queixa-crime que “passou a ser injustamente ofendido publicamente pelo ex-vice, após este ter sido demitido do cargo pelo próprio Carlos Miguel, em 5 de outubro de 2015, por tê-lo agredido naquela data em uma reunião da diretoria do São Paulo”.

Para o ex-presidente, Ataíde “criou mentiras” a seu respeito, que “atingiram duramente sua honra e imagem pública”, fazendo com que tivesse que renunciar da presidência do clube para “preservar a sua família”.

“As imputações ofensivas a Carlos Miguel Aidar não refletem a realidade (…) e consistem em uma busca desenfreada de Ataíde em prejudicá-lo, dilapidando a sua reputação e dignidade construídas ao longo da sua vida pública”.

O ex-presidente do São Paulo anexa os e-mails enviados por Ataíde ao Conselho Deliberativo do time tricolor e também à imprensa, onde o ex-vice imputa “diversas ofensas a Carlos Miguel”, além de “conter inúmeras inverdades e xingamentos”.

Assim, Aidar pede que Gil Guerreiro responda criminalmente pelos crimes que cometeu.

O ex-presidente cita que Ataíde o acusou “por duas vezes de oferecer repartir comissões desonestas, assim como de ter criado um fato mentiroso para prejudicar seu nome”.

Em seguida, Aidar cita que Ataíde o acusou de: tentar repartir comissão indevida em cima de um atleta que seria gratuito; asseverar que sua namorada, Cinira Maturana, se favoreceu durante a gestão de Carlos Miguel com suposta comissão com a vinda da Under Armour; imputar ao ex-presidente quanto à Far East e à Smart Food o fato de ter nomeado supostos “aliados” por supostas “ilicitudes” e comissões; atribuiu ao cartola vantagem financeira indevida na contratação de Iago Maidana; e também o fato de mentir sobre ele (Ataíde) e efetuar escândalos, podendo acabar com a reputação do escritório de advocacia ao qual Aidar era sócio.

“Nas declarações feitas por Ataíde Gil Guerreiro não há um fato sequer capaz de dar substância às acusações propaladas (…) e imputou dolosamente fatos extremamente ofensivos e falsos”, alega Aidar, na queixa-crime.

O ex-presidente ainda lista uma série de injúrias ditas pelo desafeto, tais como canalha, burro, desqualificado, sem caráter, covarde, cafajeste, “eu não sou da sua laia”, podre, ganancioso e sem escrúpulos.

Por fim, Aidar diz que por causa das ofensivas de Ataíde acabou tendo danos graves à sua imagem, tendo que deixar a presidência do São Paulo, sair da sociedade de seu escritório de advocacia e ainda tentar reiniciar a sua vida já com quase 70 anos de idade.

O pedido de Aidar era que Ataíde fosse condenado por condutas delituosas nos artigos 139 do Código Civil, mas com pena multiplicada por 15 vezes, e nos artigos 69 e 141, esses por outras 14 vezes.

O promotor que analisou o caso solicitou conciliação entre as partes para eventual transação penal, pois “o comportamento do querelado (Ataíde) traduziu-se em conduta única, e as penas cominadas e somadas, mesmo com o aumento do artigo 141, inc. III, do Código Penal, não ultrapassam dois anos de detenção”.

Aidar deixou a presidência do São Paulo no dia 13 de outubro de 2015. Oito dias antes, foi agredido por Ataíde em reunião no Hotel Radisson. A dupla foi expulsa do Conselho Deliberativo do São Paulo após votação no último dia 25 de abril. Mesmo assim, o ex-vice foi mantido como diretor institucional.

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Aidar ingressou com queixa-crime contra Ataíde
Aidar ingressou com queixa-crime contra Ataíde